Existe
um escrito muito antigo num dos nossos livros de espiritualidade que explica
também o conceito que no Movimento se tem da velhice.
Mas, aos olhos de Deus, o que será mais bonito? A criança que te fita com olhinhos
inocentes, tão semelhantes à límpida natureza e tão vivos, ou a jovem que
resplandece como o viço de uma flor recém-desabrochada, ou o ancião (...) quase
inapto a tudo, talvez tão-somente à espera da morte? O grão de trigo, tênue
mais do que um fio de erva, agarrado aos grãos irmãos que compõem a espiga, à
espera de amadurecer e de desvíncular-se, só e independente (...), é belo e
cheio de esperança!
Mas
é igualmente belo quando, já maduro, é escolhido entre os outros por ser
melhor, para, enterrado, dar vida a outras espigas. (..) É belo, é o eleito
para as futuras gerações das messes. Mas, quando enterrado, emurchecendo, reduz o seu ser a pouca coisa, mais
concentrada, e lentamente morre apodrecendo, para dar vida a uma plantinha,
diferente dele. mas que a ele deve a vida, talvez seja ainda mais belo.
Belezas
diversas. Contudo, uma mais bela do que a outra.
E
a última, a mais bela.
Deus
verá assim as coisas?
Aquelas
rugas que sulcam a fronte da velhinha; aquele caminhar recurvo e tremulante,
aquelas palavras curtas, densas de experiência e sabedoria; aquele olhar doce
de menina e mulher ao mesmo tempo, porém mais bondoso que de uma e de outra, é
uma beleza que nós não conhecemos. (...)
Penso
que Deus veja assim as coisas, e que o avizinhar-se do Céu seja de longe mais
atraente do que as várias etapas do longo caminho da vida que, no fundo, só
serve para abrir aquela porta.[1]
Sobre a
velhice nós pensamos assim e ponto final.
[1]
Chiara Lubich. «Talvez ainda mais
belo”. Em: op. cit. p. 115-116:
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