Castelgandolfo, 1º de setembro de 1999
A manifestação de uma doença pode ser um momento salutar?[...]
Quando se manifesta uma doença qualquer, somos convidados a acreditar e a dizer que tudo é
amor, amor de Deus, lembrando Santa Teresa do Menino Jesus que, no momento em que teve a primeira
golfada de sangue, não falou de doença, mas disse: «Chegou o Esposo!» […]
Quem sofre está na linha de frente.
No Movimento, temos uma ideia própria do doente, dos doentes.
Em outro diário de abril de 1968, escrevi:
«No trabalho, nos triunfos […] que esta Obra exuberante e florescente exibe, nós, às vezes, somos
tentados a ver, nas pessoas que sofrem, casos marginais que devem ser cuidados, visitados, e,
possivelmente, ajudados para que retornem logo à atividade, como se essa fosse a nossa primeira
obrigação, o centro da nossa vida. No entanto, não é assim. Aquelas pessoas que, entre nós, sofrem, que
jazem doentes, que estão morrendo são as eleitas. Elas estão no centro da hierarquia de amor do
Movimento. São aquelas que mais fazem, que mais realizam».1
Em outro momento, escrevi:
«Devemos considerar os doentes como hóstias vivas que unem seu sofrimento ao de Cristo, dando
assim a melhor contribuição para o desenvolvimento da Obra e da Igreja» (Estatutos Gerais da Obra de
Maria, art. 52).
Também o Papa João XXIII partilhava essa ideia. Ele escreveu a um bispo emérito: «Agora a sua
tarefa mudou (com relação à Igreja): você deve rezar por ela. E isso não é menos importante do que a
ação».
A doença na visão de alguns santos
É bonito e interessante, a esta altura, estabelecer uma relação com alguma regra de vida de
famílias religiosas, para ver como o Espírito Santo é constante ao sugerir aos diversos fundadores normas
semelhantes às nossas.
Na Regra de são Bento, por exemplo, lemos no capítulo 36:
«Antes de tudo e acima de tudo se deve tratar dos enfermos [...]».
Numa das primeiras Regras de São Francisco está escrito:
«E peço ao irmão enfermo que por tudo dê graças ao Criador, e seu próprio desejo seja de ser
assim como Deus quiser, são ou doente; pois todos os que Deus predestinou para a vida eterna, disciplinaos
por estímulos [...], conforme diz o Senhor: "Eu repreendo e corrijo todos os que amo"» (Cap. X).
Portanto, a doença é amor, é tudo amor aquilo que faz sofrer, tanto para são Francisco como para
nós.
As doenças: provações para a provação final
Além disso, no Movimento vemos as doenças, com sia carga de sofrimento, como provações de
Deus para a provação final: a passagem para a Outra vida.
Nos anos sessenta, escrevi:
1 Diário, 11.04.1968
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