04 maio 2016

Lançados ao infinito


      Os santos são portentos

      que, vista no Senhor a grandeza deles,

      por Deus jogam, quais filhos seus,

      tudo de seu.

      Dão sem pedir em troca.

      Dão a vida, a alma, a alegria,

      todo liame terreno, toda riqueza.

      Livres e sós,

      lançados no infinito,

      anseiam que o Amor os introduza

      nos Reinos eternos. Mas já nesta vida

      sentem encher-se-lhes o coração de amor,

      do verdadeiro amor, do único amor,

      que sacia, que consola,

      daquele amor que fere

      as pálpebras da alma e doa

      lágrimas novas.

      Ah! Homem algum sabe o que é um santo.

      Deu e ora recebe;

      e um fluxo incessante

      passa entre Céu e terra,

      liga a terra ao Céu,

      e verte dos abismos

      enlevo raro, linfa celeste,

      que não para no santo,

      mas passa sobre os cansados, sobre os mortais,

      sobre os cegos e paralíticos na alma,

      e irrompe, e orvalha,

      e soleva, e seduz, e salva.

      Se queres saber do amor, indaga ao santo.

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