20 maio 2016

Como se tornar santo


 Sucede, freqüentemente, que as almas sejam atraídas pela idéia da santidade. E 
talvez seja mesmo a graça de Deus que nela opera, suscitando este desejo. 
 A consideração da preciosidade de um santo, a influência de sua personalidade em 
sua época, a revolução ampla e continua que ele traz ao mundo, são amiúde os primeiros 
combustíveis para alimentar a chama de semelhante desejo.  
 Mas, por vezes, a alma, que deste modo se sente tão docemente atormentada, 
encontra-se diante dos santos como diante de uma vala intransponível, ou de uma muralha 
“O que fazer para ser santo? “ – pergunta-se.  
“Qual a medida, o sistema, os meios, o caminho?” 
 “Se eu soubesse que basta a penitência, flagelar-me-ia de manhã à noite. Se viesse a 
saber que é preciso a oração, dia e noite rezaria. Se fosse suficiente a pregação, percorreria 
cidades e aldeias, sem dar-me trégua, anunciando a todos a palavra de Deus... Mas não sei, 
Cada santo tem sua fisionomia e distinguem-se uns dos outros, como as mais 
Todavia, talvez haja um caminho válido para todos. Talvez não seja preciso ir em 
busca da própria vocação, nem traçar um plano, ou sonhar programas, mas abismar-nos no 
momento que passa para cumprir naquele instante a vontade de Quem se disse “Caminho” 
por excelência. O momento passado já não existe; o momento futuro talvez jamais o 
tenhamos em nossas mãos. O certo é que podemos amar a Deus no momento presente que 
A santidade constrói-se no tempo. Ninguém conhece a própria santidade, nem muitas 
vezes a dos outros, enquanto estiver em vida. Somente quando a alma completou o seu 
percurso é que revela ao mundo o desígnio que Deus tinha sobre ela. 
A nós não resta senão construí-la, momento por momento, correspondendo com todo 
o coração, com toda a alma, com todas as forças, ao amor pessoal que Deus tem para 
conosco, como Pai celeste, amor pleno, como a grandeza da caridade de um Deus. 


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