Vi um homem numa enfermaria de hospital, engessado. Tinha o tórax e um braço, o direito, imobilizados. Com o esquerdo, defendia-se para fazer tudo… como podia. O gesso era uma tortura, mas o braço esquerdo, embora mais cansado à noite, fortalecia-se trabalhando por dois. Nós somos membros uns dos outros e o serviço recíproco é nosso dever. Jesus não só nos aconselhou isso, Ele mandou. Quando servimos alguém pela caridade, não pensemos que somos santos. Se o próximo está sem ação, devemos ajudá-lo, e ajudá-lo como ele mesmo se ajudaria, se pudesse. Do contrário, que cristãos somos nós? Se mais tarde, chegada a nossa vez, precisarmos da caridade do irmão, não nos sintamos humilhados. No dia do juízo final ouviremos Jesus repetir: “Estava doente e me visitaste” (Mt 25,36), estava preso, estava nu, estava com fome… Jesus gosta de se esconder justamente no sofredor, no necessitado. Portanto, sintamos também naquela hora a nossa dignidade e agradeçamos de todo o coração a quem nos ajuda; mas, reservemos o agradecimento mais profundo a Deus, que criou o coração humano caridoso; a Cristo que, proclamando com seu sangue a Boa Nova, sobretudo o “seu” mandamento, levou um número sem fim de corações a se desdobrarem em ajuda mútua. Com este mandamento, Jesus distinguiu os cristãos de todos os séculos daqueles que não entraram ainda em sua Igreja. Se nós, cristãos, não manifestamos essa característica, somos confundidos com o mundo e perdemos a honra de ser considerados “filhos de Deus”. E — como insensatos — deixamos de usar a arma, talvez mais forte, para testemunhar Deus em nosso ambiente, gélido em razão do ateísmo, paganizador, indiferente e supersticioso. Que o mundo, atônito, possa contemplar um espetáculo de concórdia fraterna e diga de nós — como dos que gloriosamente nos precederam: “Vede como se amam”.
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