Rocca di Papa, 28/01/88.
Caros amigos,
O
mês de fevereiro será iluminado pela Palavra de Vida: ‑Quando orares, entra no
teu quarto e, fechando a porta, ora ao teu Pai ocultamente (Mt 6,6). É uma oportunidade de darmos uma
olhada em nossa oração, no nosso modo de rezar e, possivelmente, de nos
propormos a melhorá‑lo.
Mas vejamos qual é, de modo geral, o significado da
oração para muitos cristãos. Muitas vezes rezamos quase que exclusivamente para
pedir graças. Em momentos de preocupação, de angústia, de necessidade,
dirigimo-nos a Deus com orações e súplicas ou, para chegar a Ele, invocamos
Nossa Senhora e os santos. Esta oração é válida? Ela, sem dúvida, não esgota o
dever que os cristãos têm de rezar. Por isso, se for esta a única forma de
oração praticada, ela deve ser considerada demasiado interesseira.
A vida cristã não consiste somente em pedir, mas
principalmente em dar. Com a ajuda de Deus, devemos dar também a Ele. Devemos
amar a Deus. E, por isso, quem conhece apenas a oração de súplica, não é
autêntico discípulo de Cristo e nem filho genuíno da Igreja. Se, no entanto,
esta oração de súplica é feita dentro do contexto de uma vida cristã coerente,
ela corresponde ao desejo preciso de Jesus que diz: ((Pedi e vos será dado, buscai
e achareis, batei e vos será aberto (cf. Mt 7,7).
Trata‑se, portanto, de uma oração que estamos autorizados a fazer e que,
efetivamente, fazemos muitas vezes. Além do mais, por meio dela declaramos a
nossa impotência e afirmamos a confiança na onipotência de Deus.
Depois, existem as orações que recitamos cada dia pela
manhã, à noite ou antes das refeições; durante a missa; temos ainda a visita ao
Santíssimo Sacramento em uma igreja, e terço. São orações de louvor, de
adoração, de ação de graças, que manifestam o nosso amor e que são feitas para
dar glória a Deus. São orações indicadas nos nossos Estatutos e Regulamentos.
São as chamadas orações vocais, que a Igreja aconselha.
Às vezes não são tão valorizadas quanto mereceriam, pois podem tornar‑se mecânicas
e perder em parte o seu sentido. Cabe a nós preenchê‑las com a mente e com o
coração, pensando no que estamos dizendo e amando Aquele com quem estamos
falando.
Estas orações, repetidas todos os dias, mantêm vivos e
presentes os mistérios divinos em que, na condição cristãos, estamos
mergulhados: a Encarnação, a Redenção, a Santíssima Trindade, as maravilhas
realizadas por Deus em Maria etc. Muitas vezes, o fato de recitá‑las abre para
nós espaços para a união com Deus.
Finalmente, existe a oração mental. É chamada ‑assim a
oração na qual Deus atrai a alma à comunhão consigo. Nós a experimentamos
sobretudo no momento da meditação, mas também no decorrer do dia. Os mestres e
mestras espirituais aconselham a interromper a oração vocal, se esta não for obrigatória,
e nos deixar penetrar na oração mental, quando esta comunhão com Deus se fizer
presente.
Penso
que todos nós tenhamos alguma experiência deste tipo de oração, muito agradável
a Deus. Também conhecemos as maneiras de nos enriquecer dela. É amando
radicalmente o irmão que experimentamos, em seguida, no nosso coração, a união
com Deus. É abraçando as cruzes com generosidade que aprofundamos esta
comunhão.
No
mês de fevereiro, esforcemo‑nos por melhorar todas estas formas de oração.
Assim nutriremos nosso espírito. Catarina de Sena diz que a oração é como a mãe
que nutre a alma, pois é na oração que experimentamos mais fortemente o
sofrimento pelos nossos pecados; daí nasce a contrição. É na oração que fazemos
os bons propósitos que orientam a nossa vida de modo cristão e ideal. É nela
que decidimos abraçar a cruz.
Devemos
melhorar a oração como cristãos e, de modo especial, como membros do nosso
Movimento. Ela tem grande importância na nossa espiritualidade.
É definida como "elevação da alma a Deus",
destinada a estabelecer um relacionamento; uma comunhão com Ele.
Está, assim, em função da unidade; e a nossa espiritualidade é a
espiritualidade da unidade.
Amemos
então a oração, praticando‑a. Junto com o amor ao irmão e com o amor à cruz,
ela se manifestará como outra possibilidade de união mais profunda com Deus. E
o que de melhor podemos desejar? Nada mais doce e consolador que sentir no
nosso coração a presença amorosa de Deus. Nada nos toma mais fortes que o fato
de nos sentirmos amados por Ele. E é disso que precisamos para fazer deste ano
um "ano de fogo"!
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