Não
é para sermos pessimistas — nós dizemos —, mas otimistas, que pensamos na
morte. (...)
Quanto
mais se valoriza e mais se conhece a dor, mais compreendemos que a morte é a
nossa última oferta como “sacerdotes régios”, aqui na terra, portanto o vértice
da nossa vida.[1]
Pensamos
na morte também com alegria. Por vezes no Movimento ela é vista como São
Francisco a vê: irmã morte.
A
morte significará — está escrito —, se a misericórdia de Deus isso nos conceder
ver Maria, ver Jesus. Como então enlutar esta passagem, embora (...) aconteça
na crua realidade de uma longa ou breve agonia ou. seja como for na
decomposição da nossa estrutura humana? (...)
Que
o Senhor mantenha viva em nós esta visão interior e aumente a nossa alegria.
Nada mais nos poderá amedrontar Aliás, a morte será esperada como uma querida
amiga.[2]
E ainda: pensamos que vê a morte sobretudo quem está
ao lado de quem morre. Porém, quem morre tem a felicidade de ver a vida, porque
a morte é o encontro com Cristo.
A
fé nos diz que veremos imediatamente Jesus. Essa verdade nos dá uma consolação
imensa. São Paulo fala do seu «desejo de ser liberto do corpo para estar com
Cristo» (Fil 1,23).
Portanto,
fala de uma existência com Cristo que se segue imediatamente à morte sem
esperar a ressurreição final (cf. 2Cor 5,8). Portanto, é verdade que — de certo
modo — a morte não existe: ela é o encontro com o Senhor.
É
preciso preparar-se previamente para morrer.
Fazer
como Jesus, que viveu para a sua “hora”.
Cada
um de nós também tem a sua “hora”.
É
preciso colocá-la acima dos nossos pensamentos, pois é o momento mais
importante da nossa existência terrena.
Rezar
por este momento, na Ave Maria, por exemplo, onde se diz sempre: «Rogai por nós
pecadores agora e na hora da nossa morte».
Portanto,
enquanto ainda tivermos saúde, devemos viver na sua expectativa, escolhendo
desde já o estado de espírito mais adequado: «Es tu, Senhor, o meu único bem!».
E oferecer esta “hora” pelos objetivos que Jesus nos
confiou. Se fizermos assim, nada mais nos surpreendera.
Então,
todos devemos morrer assim.
[1]
Chiara Lubich. «Pensamentos de ouro». Em: Escritos Espirituais 2.
São Paulo: ed. Cidade Nova. 1983, p. 171:
[2]
Diário 14.6.1968:
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