25 maio 2018

PERGUNTAS E RESPOSTAS



Respondendo a um sacerdote em Riva dei Garda, Chiara disse que tem muito presente o encontro com Jesus, preparando-se oportunamente para aquele momento. Ultimamente passam na minha alma muitos pensamentos que me lembram a proximidade, quando Deus quiser, daquele encontro. Então, repito “Eis tu, Senhor, o meu único bem!”. Desse modo, vejo que as realidades e as preocupações do momento presente se diluem e perdem a dimensão de prioridade que pareciam ter Vejo também que o relacionamento com os outros popos do focolare se torna mais simples, fico mais paciente e menos absoluto nos meus pontos de vista. Compreendo que o mais importante é recomeçar ou continuara amar.

Freqüentemente penso na minha morte e todas as vezes que penso, lembro-me das palavras de são Paula onde ele diz que preferiria morrer para estar com Crista, mas que talvez fosse importante que ele permanecesse vivo para o bem dos cristãos que a sua pregação tinha feito nascer.
Não ouso fazer comparação da minha pequena atividade com a de são Paulo, mas acho que mesmo que a distância seja infinita, posso viver aquelas palavras.
(Pe. Foresi, aos responsáveis de focolare, 14 de abril de 1995)

Eu gostava muito de uma voluntária da minha cidade. Ela adoeceu e morreu. Fiquei muito preocupada pensando que também minha mãe poderia morrer um dia. O que é para você ver alguém que você ama muito morrer?

Devo dizer-lhe a verdade: quando eu era pequena como você, uma noite também pensei que um dia minha mãe iria morrer e chorei muito sob o travesseiro; até que, como era muito pequena, adormeci.
O que faço quando morre alguém que eu amo muito? Abraço a dor, isto é, Jesus Abandonado para ter sempre o Ressuscitado dentro de mim. Depois procuro rezar muito para que aquela pessoa vá imediatamente para o paraíso.
Lembro-me um dia, por exemplo, quando morreu um focolarino, Eletto. Ele morreu afogado num lago, fazendo um ato de caridade para uma criança. Recordo-me que disse: “Recitemos o terço para obter a indulgência plenária e assim ele vai logo para o paraíso”.
Naquela noite senti uma alegria imensa e sonhei - foi apenas um sonho -, que Eletto vinha ao meu encontro. A um certo ponto, quando ele chegou perto de mim e apertou minha mão, senti que estava com o terço nas mãos. Era como se quisesse me dizer: “Chiara, cheguei no paraíso graças ao terço....
Eu não acredito em sonhos, mas, de todo modo, é uma bela história...
(Aos internos, Buenos Aires, 12 de abril de 1998)

Você segue e acompanha os nossos doentes que estão “ás portas” da Mariápolis Celeste. Quase sempre eles vivem estes momentos em plena sintonia com eventos importantes na Obra. A morte, embora sendo uma realidade crua e dolorosa, para os membros da Obra, muitas vezes é um formidável testemunho de uma vida heróica, totalmente doada a Deus. Chiara, como você vive esses momentos?

No Movimento são feitas muitas obras concretas:
pelos drogados e por muitas outras coisas. Eu também queria fazer algo e pensei: “Vou acompanhar todos aqueles que estão partindo para a Mariápolis Celeste”. Muitas vezes faço isso com telefonemas; já aconteceu de estarem no ponto de morte e me telefonarem, como foi o caso de Renata, de Loppiano. Um pouco antes que morresse, conversamos por telefone e ela me respondeu.
Eu procuro segui-los, uma vez que estão vivendo o momento mais importante de suas vidas: estão diante da morte. Faço assim sobretudo com os que moram perto, em Roma.
Procuro partilhar com eles estes momentos, estar presente o mais possível, sempre que for necessário. Mas, procuro sobretudo repetir-lhes o que ensinei a Luminosa. Luminosa era a responsável do Movimento na Espanha; uma focolarina realmente especial, que se santificou. Lembro-me que, antes que morresse, fui visitá-la e disse-lhe: “Olhe, Luminosa, recorde-se de que São Luís foi interrogado quando ainda era muito jovem, e lhe perguntaram: ‘Se lhe dissessem que você vai morrer agora, o que faria?’; e ele respondeu: “Continuaria brincando”’.
Isso se tornou quase uma regra que é vivida por todos os nossos que partem. Nós queremos que brinquem até o fim, isto é, que vivam o Ideal, que se interessem pelo Movimento. Ainda mais porque no paraíso eles devem continuar a interceder por nós, a nos ajudar, a nos mandar graças...
Como também aconteceu com Donato, o último que foi para a Mariápolis Celeste. Dois dias antes que morresse, levei alguns slides da minha viagem na América para que ele desse uma olhada. Ele viu tudo no seu leito, é claro, e quando voltei pela última vez, ele me disse: “Belíssimos, Chiara!”. Era como se ele tivesse saboreado tudo como nenhum outro: “Belíssimos!”, disse. Tanto que levei a segunda parte dos slides, mas ele não conseguiu mais vê-los.
A minha função é esta: sustentá-los, para que não pensem em si mesmos, mas na Obra... A minha intenção é fazê-los “brincar” até o fim.
Depois, quando partem, permaneço unida a eles. O nosso amor é recíproco. Rezo para que eles obtenham logo as indulgências plenárias. Tenho uma intenção constante em todas as minhas missas: por todos os focolarinos e focolarinas que morreram, e por todos os nossos que partem, sempre. Eu os ajudo naquilo que posso:
as indulgências e as missas.
E eles o que me doam? Quando devo fazer alguma coisa, até mesmo antes de vir aqui com vocês, fizemos um consenserint para ter o Espírito Santo, pedindo a intercessão dos nossos mariapolitas celestes. Pedindo-lhes também que nos ajudem. Portanto, existe um relacionamento que nunca se acaba entre nós e eles; um belíssimo relacionamento.
Em prática, estamos sempre no Ideal, no reino de Deus, e sabemos que a nossa é uma família sempre à espera de reunir-se: com aqueles que estão lá e os que estão aqui.
(A Mariápolis de Montet, 17 de agosto de 1997)

24 maio 2018

Diário de Chiara


VERAO EM VALTOURNANCHE E A ALA DI STURA


19 de julho de 1964
No dia 12 morreu Eletto[1] O nosso coração petrificado pela dor não consegue ainda conceber este fato. Cada obra da Obra necessita de uma pedra angular, e Eletto é a primeira pedra de Loppiano[2]. Digo isso repetindo uma frase de muitas pessoas. Somente Deus sabe o verdadeiro sentido deste novo mistério que tocou primeiro a ele, e depois, a nós com toda a Obra. E verdade que é preciso acreditar no amor; qualquer outro raciocínio pode ser falso. Eletto era tão bom, tão sólido, tão humilde, que pertencia mais a Deus do que a nós, e Ele, talvez por isso mesmo, o tenha tomado para si. Agora está com Jesus, a quem amou, com Maria e com os nossos que — esperemos — estão no paraíso. De último de todos, como se sentia, tornou-se o primeiro, que todos observam.
Meu Deus, que abismo misterioso é esta vida e esta morte, que cada um de nós tem que enfrentar Concede-nos viver no amor para poder morrer no amor
Eletto fez, como último gesto, um ato de amor[3]. Tinha se acostumado a isto, pois nestes momentos, pelo contrário, não se pensa senão em si mesmo.
Eletto nosso, reze agora no céu por nós, que rezamos por você. Estamos certos de que Deus, amando-o, acolheu a você no melhor momento. Você o amou na sua vida, não tinha outra coisa senão Ele e Maria.
Agora você chegou onde também nós deveremos chegar Abre a estrada para nós, Eletto, junto com os outros focolarinos, e prepara para nós o lugar Seja nosso advogado junto à Maria e peça, insistentemente, a Ela que nos permita morrer antes de ofender a Jesus, mesmo se minimamente, e peça a Ela, que nos torne santos para sua glória.
E você, que vê do Céu aquilo que tem valor, como já se acostumou por aqui, ajude-nos a não sair da estrada e a nos mantermos na caridade, como você fez.
Dois sentimentos se alojaram em nós: um que não dá valor a nada do que fazemos pois... Eletto não está mais conosco! Um outro que nos leva a acreditar que também, neste gesto, Deus tenha sido Amor para ele e para nós, e que nos impulsiona a prosseguir pelo caminho do Ideal mais do que antes. O segundo é o correto. O primeiro paralisa e, portanto, não é verdadeiro.
Então, coragem! Partamos novamente deste túmulo azul[4], como se fosse diante de um outro apelo do Senhor:
“tudo desmoronava”. Não existe nada a não ser Deus e aqueles que já chegaram a Ele.
Também os meninos que Eletto acompanhava tiveram a sua grande cruz. Esperemos que desta dor nasça algo para eles, para a glória de Deus no seio da Obra, e para a beleza da Igreja. Além de tudo, Eletto não teria desejado nada melhor.

(Diário de viagem 1964-65, 1985, pp. 74-75)



1.             O focolarino Vincenzo Eletto Folonari, licenciado em teologia. morreu num
      acidente no lago de Bracciano, próximo a Roma;

2.             Em 1964 tiveram início, na localidade de Loppiano, em Incisa Valdarno (Florença), os 
      trabalhos para a construção da Mariápolis permanente. Trata-se de uma cidadezinha com 
      todas as vocações da Obra que demonstra continuamente o que os encontros Mariápolis
            que são temporários - constroem a cada vez;

3.             Antes de desaparecer no lago. por um repentino mal-estar, advertiu o rapaz que estava no
            passeio com ele e que tinha permanecido só no barco, para que se dirigisse rapidamente para
            a margem (isto sem sequer demonstrar a gravidade do que estava acontecendo com ele,
           como contou o próprio rapaz, que somente mais tarde percebeu o fato). Cf. Giordani, 1.
           Vincenzo Folonari. Roma: Cittá Nuova, I965;

 4.         Refere-se ao lago Bracciano, onde Eletto morreu.

23 maio 2018

Uma nova estação


(PENSAMENTOS DE IGINO GIORDANI)

29 de junho de 1948
O destino da árvore frutífera dá um pouco a imagem do homem que frutifica na sua estação fecunda. Até quando floresce, ao redor da árvore há cantos e trinos, zéfiro e sol;

e quando amadurece suas maças, a natureza inteira, orgiástica, envolve-a de calor. Depois, os agricultores retiram-se aos refeitórios, aos tinelos e aos celeiros e, após algumas palpitações de vida e cores no outono, penetra o frio silêncio, sob o céu cinzento, donde as folhas, como últimas lágrimas, caem na terra seca. E assim acontece ao homem quando superou a idade de maior rendimento. Desilusões e amizades caem, como as folhas, e o silêncio sobem de todos os lados, a paisagem se entristece e ele permanece sempre a contemplar, mudo espectador, o avanço de sua própria ruína.
Da mesma forma, como naquele frio e naquela solidão, a árvore prepara a nova primavera, concentra calor e seiva, assim o homem pode fazer daquele afastamento invernal de amigos e de forças a concentração de um vigor pleno de uma nova existência: utilizar aquele abandono dos homens para aderir a Deus, preencher aquela perda de humanidade com a graça divina. E então, dentro do silêncio agigantado pela ingratidão e avareza, sobre a velhice descamada e fria, pode encher-se do calor de Deus, ascender interiormente enquanto declina externamente: dar aos homens um fruto que não se conta na economia, mas se calcula na teologia. No inverno do homem começa a primavera de Deus.

21 de junho de 1965
O tronco torna-se sempre mais desfolhado, nu. Desaparecendo as flores, cortados os frutos (quem os comeu?...), caíram às folhas, romperam-se os ramos. Humanamente, haveria lugar para o desespero.
Divinamente, ao invés, podemos ter esperança poIs que esta diminuição é uma diminuição do homem a fim de que Deus nele cresça: sempre há compensação — há quase a teandria[1] — mas à parte de Deus cresce anelando fazer-se tudo, até que chegue o dia em que não existas mais; existe Ele, e te tomas parte d’Ele, e do nada te fazes tudo.


2 de janeiro de 1960
Com o passar dos anos, os velhos, em muitos casos, retornam á religião ou se tornam mais religiosos. Esta evolução é chamada involução, este progresso, regresso, senilidade. No entanto, é um aviso instintivo da aproximação de Deus, ou melhor, da casa.
Da árvore caem as folhas, o tronco abre os ramos para o céu; recebe água, é envolta pela névoa, ferida pelos raios; olha para o alto, não mais iludida com a folhagem, não mais iludida com aquilo que passa, já habituada, prelibando o que permanece. A minha pessoa morada de Maria, situada na sua vontade, recolhe-se, sempre mais, à morada do amor Eterno, cuja obra-prima é a Mãe.

24 de agosto de 1960
Aparece nos jornais, com freqüência, que algum velho — quase sempre aposentado — sobe ao sétimo andar e dali se jogam no vazio para pôr fim à vida. Ou, mais exatamente, à solidão que sofria, a doença dos velhos, criaturas arrancadas da massa para o isolamento, do rumor para o silêncio.
É uma solução lógica, embora errada.
A velhice é uma reviravolta critica, decisiva: a fase de preparação para o encontro com o Tudo, com o Eterno, com a Beleza: o encontro com o calor da juventude que não morre. É um período de evolução que chamam involução; de progresso que chamam regresso; de juventude do espírito que chamam senilidade.
O mal-estar físico e moral denota a inquietude diante da proximidade de Deus. Nessa idade avançada, a existência humana aparece como uma árvore no inverno. Ao cair das folhas, o tronco abre os ramos nus e secos para o céu e recebe água, nuvens e raios sem nenhum amparo. Mas, livre do ornamento do verde, olha direto para o alto, não mais iludido pela folhagem nem por aquilo que, florescendo de repente, cresce e morre.
E habitua-se a conversar com o céu, a sondar as nuvens, explorar as estrelas, percebendo, aos poucos, um mundo novo sem rumores e aparências.

23 de junho de 1958
Ao observar, cheio de pena, o cair das folhas (ilusão de fama, poder e amizade) da árvore da minha vida, neste outono que caminha para o inverno, percebo, melhor, que a solidão, sempre mais profunda e densa, que me rodeia é causada para efetuar um encontro amoroso mais intenso com Deus: a alma encontra finalmente tempo e conforto para estar com o Esposo. Chamam — esta — solidão, de aproximação da morte, mas é um encaminhamento para a vida. Agora, finalmente, posso deixar a minha alma escutar o Espírito Santo, conviver com os anjos e bem-aventurados, unir-se a Cristo, unir-se a Deus. E Deus é a vida. Antes, inúmeras distrações e interrupções impediam a passagem do espírito divino, que é a Vida; agora, a união, aos poucos, torna-se constante. Aprendo e preparo a vida do paraíso.
Sempre quis atingir Deus porque sempre tive fome de vida. No entanto, mesmo ao aproximar-me d’Ele, como válvulas, intercalava os meus estudos, as minhas amizades, os meus hábitos. Freqüentemente comprazia-me neles, parava diante das criaturas e dos fantasmas, sacrificava o essencial ao acessório, o divino ao humano.


15 de novembro de 1957
Estou chegando ao outono da vida: os últimos frutos foram colhidos e consumidos, as últimas folhas levadas pelas ondas frias do vento. Bem sei que a juventude interior resiste fortificada pelas provações. A carência de afetos e contentamentos vindos dos homens a temperaram e quase a aguçaram, proa que avança rumo ao mistério. De tal maneira que a flor fecha-se ao anoitecer da vida para reabrir-se na eternidade.

6 de dezembro de 1957
Se a existência física é uma combustão, façamos do nosso corpo um turíbulo onde se versa, sem trégua, o incenso da oração. Assim, por um outro aspecto, é a união do humano e do divino, do corpo e do espírito; sempre uma projeção da unidade, do Homem-Deus. Todo ato de caridade derramado sobre aquelas brasas há de acender uma chama. Toda dor que nos for oferecida produzirá cinza e será uma consumação, como a chama do altar, se todo o amor, o sofrimento — o sofrimento transformado em amor
— for destinado para onde a gravitação o transporta: ao Amor Eterno. A química torna-se suporte da mística. Dá-se à natureza a possibilidade de libertar-se, abre-se a sua boca à oração. Também a matéria e as células foram criadas para voltar ao Criador.

26 de fevereiro de 1957
Têm razão quando comparam o ciclo da existência com o ciclo das estações. Ela é como a árvore que cresce, floresce e frutifica enquanto entre seus ramos, os pássaros fazem seus ninhos. Depois vem a má estação, os trabalhos e o tempo, e desfolha os ramos e os resseca: até que o divino podador os poda. Poda e reduz a planta ao essencial: a uma cruz.


15 de novembro de 1957
Caem as folhas e os frutos, e nas ervas secas do chão floresce outra primavera. Na solidão dilatada pelo próximo inverno, Deus aparece, aproxima-se, e com Ele, o relacionamento se torna mais íntimo e imediato. Na medida em que perdemos na economia humana, adquirimos na economia divina. As criaturas se distanciam para que eu me enlace ao Criador. Não encontro amor para encontrar o Amor.
A estação findará, findará também a ação com a reação dos homens, quando, finalmente, estiver com Deus. Nele não há mais história, que é um registro do tempo, quase uma crônica fúnebre. Na eternidade, a vida é pura e plena porque se desenvolve em unidade com Deus. E Deus está além do tempo com suas estações, frutos e folhas.
Vista assim, a existência é uma árvore que cresce para o céu a fim de florescer na eternidade. Estações e tragédias, desilusões e sofrimentos são podas. A árvore cresce sob uma amarga chuva (água e sol, o pranto) para mondar-se, até tornar-se pura haste elevada da terra ao céu.
A vida não é senão um processo de amadurecimento pela purificação que a dor traz. Quando amadurece, é Deus quem colhe o fruto, transplantando a árvore ao paraíso.

24 de junho de 1960
O amor é a linfa que faz a flor crescer. No homem, alimenta a liberdade; a vida no amor revela-se como um desenvolvimento na liberdade: processo de libertação. Somos de tal maneira ligados aos nossos limites, como galhos ao tronco, que quando estes aos poucos, vão sendo podados, parece-nos uma perda, mas na verdade é um ganho.
(Diário de Fogo Igino Giordani, 1980)


1.         Teandria, no seu sentido original, diz respeito à “natureza humano-divina de Jesus”: no texto:
             o “humano no divino”. (n.d.t.)

22 maio 2018

A ressurreição e o cosmo


Falando ainda da ressurreição, no Movimento às vezes se apresenta este singular modo de pensar a respeito do hábitat do homem, isto é, o cosmo.
Jesus que morre e ressuscita é certamente a causa verdadeira da transformação também do cosmo. Mas, dado que São Paulo nos revelou que nós, homens, completamos a paixão de Cristo e que a natureza anseia pela revelação dos filhos de Deus, pode ser também que Jesus espere a contribuição dos homens, cristificados pela Eucaristia, para realizar a renovação do cosmo.
Se a Eucaristia é causa da ressurreição do homem, não será possível que o corpo do homem, divinizado pela Eucaristia, está destinado a corromper-se debaixo da terra para ajudar a realizar a ressurreição do cosmo? Portanto, poderíamos dizer que em força do pão eucarístico o homem se torna “Eucaristia” para o universo, no sentido de que é, com Cristo, germe de transfiguração do universo.
A terra nos comeria, portanto, como nós comemos a Eucaristia, não para nos transformar em terra, mas a terra em «céus novos e terra nova».
É um nosso pensamento.
No Movimento cuidamos com dedicação dos lugares onde foram depositados os corpos de seus membros, destinados à Ressurreição. As Palavras de Vida, que iluminaram as suas existências, são inscritas nas suas sepulturas. E as pessoas do Movimento, visitando o cemitério e lendo-as, se edificam.
Queremos ainda que os nossos cemitérios sejam belos como jardins. Assim, também as sepulturas “falam”. Sabemos de alguém que, passando de uma a uma, e vendo nelas o amor que continua, a certa altura chorou.
O cosmo vai perdurar, sofrerá uma transformação, mas vai durar (...). Portanto, esta deve ser a nossa visão desde já: as galáxias, o crepúsculo, as flores, os pinheiros, os prados, o céu devem ser admirados com a idéia de que tudo isso permanecerá. Inclusive todas as obras do homem permanecerão, ainda mais se foram feitas por amor, pois assim já estão purificadas, se foram feitas por Jesus dentro de nós e entre nós. E as coisas feitas por Jesus perduram.
E como será o Paraíso? Será como a terra, porém transformada: não se sabe se acontecerá uma espécie de catástrofe, que vai originar uma nova terra e céus novos, ou se sofrerá apenas uma transformação. Temos a propensão de pensar numa transformação desta mesma terra, destes mesmos céus. É o que pensamos.
Estas idéias nos fazem valorizar também a ecologia que no Movimento é muito considerada. Temos que conservar bem a terra, por respeito, dado que também ela tem um papel no futuro.

21 maio 2018

6 de novembro de 1949



      Deus, que em mim reside, que a minha alma plasmou, que nela repousa como Trindade (com os santos e com os anjos), também reside no coração dos irmãos.

      Portanto, não é razoável que eu o ame só em mim. Se assim fizesse, meu amor ainda manteria um quê de pes­soal, de egoísta: amaria Deus em mim e não Deus em Deus, porquanto a perfeição é: Deus em Deus (que é Unidade e Trindade).

      Por conseguinte, a minha cela (como diriam as almas íntimas a Deus) é nós: o meu Céu está em mim e, do mesmo modo que está em mim, está na alma dos irmãos.

      E, como o amo em mim, ao recolher-me nesse meu Céu – quando estou só –, amo-o no irmão quando ele está junto a mim.

      Então, não amarei o silêncio, amo a palavra (expressa ou tácita), ou seja, a comunicação do Deus em mim com o Deus no irmão. Se os dois Céus se encontram, existe aí uma única Trindade, em que os dois estão como Pai e Filho e, entre eles, está o Espírito Santo.

      É necessário, sim, recolher-se sempre, inclusive na presença do irmão sem, contudo, esquivar a criatura – mas recolhendo-a no próprio Céu e recolhendo-se no Céu dela.
 

20 maio 2018

O próprio exemplo

Você, que é professor, procure modelar seus alunos com seu próprio exemplo.

O exemplo vale mais do que as palavras.

Tenha paciência, responda de boa mente a todas as perguntas, porque os alunos são muito receptivos e ansiosos de aprender.

Dê tudo o que pode, entregue-se à sua profissão como um sacerdócio dos mais sublimes, e tenha a alegria de ver uma plêiade de jovens que trabalharão em benefício de todos, e que foram formados por você.

19 maio 2018

Cultivar a verdade

PROCURE cultivar a verdade, em relação aos outros, e também em relação a você mesmo. Só a verdade. nos fará chegar à perfeição, porque ela nos faz conhecer o que real e verdadeiramente somos. E só chegaremos a ser perfeitos quando nos conhecermos, a fim de podermos corrigir-nos de nossos defeitos e lançar-nos à conquista das virtude que nos falam.

18 maio 2018

Mais intensidade

VIVA sua vida interior com mais intensidade, porque Deus está permanentemente dentro de você, apesar de suas imperfeições e defeitos. O Pai habita em todas as coisas criadas, chamando todas as criaturas para o caminho da justiça, da virtude, do amor. Ninguém pode destruir esta verdade: Deus está dentro de você. Saiba descobri-lo e terá conquistado a felicidade.

16 maio 2018

Você está sofrendo?

VOCÊ está sofrendo? Supere sua dor com heroísmo, porque só os vencedores conseguirão o prêmio que se encontra à espera deles. Não se apresse, mas também não desanime. Supere sua dor com heroísmo, busque alegria, e viva com a sensação otimista daquele que sabe lutar sem desfaleci mento. E verifique que sua vida se transformará num hino de ação de graças ao PAI Todo-Bondade.

Derrame seu carinho

ONDE quer que encontre uma criança derrame sobre ela todo o seu carinho, estenda-lhe a mão para ajudá-la a crescer. Em cada criança, existe um dia novo que surge para a felicidade do mundo. Em casa, na escola, num jardim, num hospital, jamais olhe com indiferença para uma criança: facilite ao máximo a estrada que ela vai percorrer e semeie de flores o caminho que ela palmilhar.

15 maio 2018

Nossa caminhada

ALGUNS são mais lentos, outros mais rápidos na caminhada. Não queira exigir dos outros aquilo que nem sempre você mesmo consegue fazer. Tenha compreensão pelos erros do próximo, e aguarde que possam escalar aos poucos a montanha íngreme da virtude. Ninguém pode tornar-se santo da noite para o dia. Tenha paciência com os companheiros de sua jornada na terra.

14 maio 2018

Trabalho, um lugar feliz

Seja alegre e otimista!

Quando se dirigir a seu trabalho, faça-o de coração alegre.

O trabalho que você executa é digno de sua pessoa. Por menor que pareça, é de suma responsabilidade para você e para o mundo.

Não se esqueça jamais de agradecer a Deus o trabalho que proporciona o pão de cada dia.

Chegue ao local de trabalho com o coração feliz, e o trabalho se tornará um passatempo, um estimulante, que lhe trará, cada novo dia, imensas alegrias e felicidade incalculável.

13 maio 2018

Coragem

TENHA bom ânimo e coragem: você vencerá todas as dificuldades! A vida apresenta-nos problemas às vezes difíceis. Mas dificuldade superada é problema resolvido. Jamais desanime: você há de vencer galhardamente todos os problemas que se lhe apresenta rem. Se o problema for complexo, divida-o em partes, e vença cada uma delas separadamente. Mas não desanime jamais!

12 maio 2018

Consciência feliz

Logo que o sol despontar no horizonte, saúda-o com um pensamento de louvor ao Pai e Criador, levantando-se também e iniciando seu trabalho.

Mantenha firme em sua mente o desejo de ajudar a todos e de cumprir com perfeição todas as suas obrigações.

E, assim, poderá deitar-se, ao finalizar o dia, com a consciência feliz, por haver cumprido seu dever.

11 maio 2018

Ajude a todos

AJUDE a todos, sem fazer exigências: quem estabelece condições para ajudar, escreveu o Marquês de Maricá, está reclamando pagamento, antes mesmo de emprestar o dinheiro. Não exija condições: ajude sempre com desprendimento, e não exija agradecimento nem gratidão. Não se esqueça de que quem ajuda ao próximo está, na realidade, ajudando a si mesmo.

10 maio 2018

A hora oportuna

NÃO deseje aquilo que pertence a outrem. Não queira enriquecer à custa de outra pessoa. Tudo o que é seu, por direito divino, lhe há de chegar às mãos, na hora oportuna: nem mais cedo do que deve, nem com atraso. Na hora exata, você receberá aquilo que merecer. Portanto, trabalhe confiante no Pai, pois não cai um fio de cabelo de sua cabeça, sem a per missão dele.

08 maio 2018

Cultivar a alegria

CULTIVE a alegria em dose máxima. Alegria, porém, não é barulho: é um estado de alma de quem sente em si a plenitude da vida. A alegria provem de dentro de nós mesmos, da consciência tranquila, do cumprimento exato de nossos deveres, e vibra em nós apesar de todos os sofrimentos, calúnias e injustiças. Seja alegre sempre e, quando a tristeza quiser encobrir o sol de sua vida, entoe um cântico de louvor ao Pai, e a luz brilhara novamente em você.

O momento presente

O que importa antes de tudo é o momento presente. O que foram nossos pais não tem importância: o que vale é o que você é agora. O momento presente é o cria dor de seu amanhã. Sua felicidade está baseada em seus pensamentos de hoje. Somos escravos do ontem, mas somos donos de nosso amanhã! Preste muita atenção ao momento que passa, ao que você está fazendo AGORA, porque do 'agora' depende seu 'amanhã'.

07 maio 2018

A quem buscais?


Budapeste, 6 de abril 2003


«A quem buscais?»[1]
«Diálogo do povo»


         Caríssimos, uma saudação, do fundo do coração, a todos vocês, jovens, reunidos neste encontro ecumênico.
Como vocês devem saber, no âmbito da Jornada de hoje, intitulada: «A quem buscais?», eu fui convidada a oferecer-lhes uma experiência singular de um povo, que encontrou realmente o que procurava; um povo que está surgindo em várias partes do mundo, composto por fiéis de 350 Igrejas diferentes. Todos esses cristãos são animados por um modo específico de viver, por uma espiritualidade chamada da "unidade", que alguns consideram ecumênica e que é um dom do Espírito Santo. A "espiritualidade da unidade" que, tendo florescido num Movimento (o Movimento dos Focolares) agora é patrimônio universal porque, por exemplo, João Paulo II já a propôs a toda Igreja católica sob o nome de "espiritualidade de comunhão".
Os principais pontos em que se fundamentam emergiram do Evangelho. Quem a vive, pode tornar-se um instrumento que colabora na realização do testamento de Jesus: «Pai, que todos sejam um» (cf Jo 17,21), isto é, a unidade, e com ela a fraternidade universal; unidade e fraternidade universal, tão necessárias também no nosso tempo. De fato, como vocês sabem, hoje mais do que nunca, com os ameaçadores ventos de guerra e o terrorismo, que realmente aterroriza, o nosso mundo precisa de coesão e de solidariedade. A guerra divide os homens, aliás, os massacra; e o terrorismo produz imensos danos, por rancor ou vingança, causados sobretudo pelo desequilíbrio que existe no mundo entre países ricos e países pobres. Portanto, mais do que nunca é necessário almejar a unidade e suscitar em toda a parte a fraternidade que pode gerar partilha, inclusive de bens.
Como é possível promover no mundo a fraternidade, para que ela faça da humanidade uma única família? Isso é possível, se descobrirmos quem é Deus.
Nós, cristãos, acreditamos em Deus, sabemos que ele existe, mas Deus, embora o vejamos perfeitíssimo, onisciente e todo-poderoso, muitas vezes é imaginado por nós muito distante, inacessível e por isso não temos um relacionamento com ele.
São João Evangelista nos diz quem é Deus: «Deus é amor» (1 Jo 4,8) e por isso é Pai nosso e de todos. Essa afirmação, bem compreendida, muda radicalmente as coisas. De fato, se Deus é Amor e é Pai, ele está muito perto de nós, de mim, de você, de vocês. Ele segue cada passo que vocês dão. Ele se esconde por trás de todas as circunstâncias da vida de vocês, alegres, tristes ou indiferentes. Conhece tudo de vocês e de nós. Por exemplo, é o que diz a seguinte frase de Jesus: «Também os cabelos da vossa cabeça estão contados» (Lc 12,7), contados pelo seu amor, pelo amor de um Pai. Portanto, devemos estar certos de que ele nos ama. Mas não basta: devemos colocar Deus no primeiro lugar do nosso coração, antes de nós mesmos, antes das nossas coisas, antes dos nossos sonhos, antes dos nossos parentes. Jesus disse claramente: «Quem ama o pai e a mãe mais do que a mim não é digno de mim» (Mt 10,37).
E nasce outra pergunta: se Deus é Amor, é nosso Pai, qual deve ser a nossa atitude em relação a Ele? É óbvio: se ele é Pai de todos nós, devemos nos comportar como seus filhos e irmãos entre nós; no fundo, devemos viver aquele amor que é a síntese do Evangelho, isto é, tudo aquilo que o Céu exige de nós.
O nosso amor para com o próximo, porém, não deve ser um amor comum, uma simples amizade ou só filantropia, mas aquele amor verdadeiro que foi derramado nos nossos corações, pelo Espírito Santo, desde o batismo, e é o mesmo amor que vive em Deus. Esse amor tem qualidades especiais.
Agora, peço uma atenção particular, a todos vocês, jovens,!
Esse amor não é limitado, como o amor humano, dirigido quase que exclusivamente aos parentes e aos amigos. Ele é endereçado a todos: ao simpático e ao antipático, ao da nossa pátria e ao estrangeiro, da minha e de outra Igreja, da minha e de outra religião, amigo ou inimigo.
É um amor que impele a ser os primeiros a amar, a tomar sempre a iniciativa, sem esperar ser amado, como seria humano desejar.
Um amor, ainda, não feito de palavras ou de sentimentos. Sabendo sofrer com quem sofre, alegrar-se com quem se alegra, ajudar a todos concretamente.
Um amor que, embora dirigido a um homem ou a uma mulher, deseja amar Jesus neles, aquele Jesus que considera feito a si o bem ou o mal que se faz aos próximos (cf Mt 25,40.45), como nos será dito no dia do Juízo Universal.
E ainda, se somos vários a viver este amor, estabelecemos então o amor recíproco, realiza-se o mandamento de Jesus que diz: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei» (Jo 13,34). Amai-vos reciprocamente é – pode dizer quem o viveu – o Paraíso na Terra. É mesmo assim.
Caríssimos jovens, voltando para as nossas famílias ou comunidades, na escola ou no escritório, tentemos amar a todos desse modo, senão não somos autênticos cristãos. Ao passo que este amor, vivido, pode suscitar no mundo uma revolução, em nós e ao nosso redor: é a revolução cristã.
Este amor, porém, nem sempre é fácil. Dificuldades próprias ou dos outros muitas vezes o abalam e isso causa sofrimento. O que fazer? Parar na dor? Não. O sofrimento tem, para o cristão um nome: chama-se cruz. E Jesus nos disse como nos devemos comportar com as cruzes: «Quem quer vir após mim, (...) tome a sua cruz todo dia (...)» (Lc 9,23). É preciso tomar a cruz, não arrastá-la. É preciso empunhá-la como uma arma, aceitá-la, ir em frente e continuar a amar.
Vamos nos deter um pouco para compreender e acolher no coração uma maravilhosa conseqüência do amor recíproco vivido. Se nós vivermos assim, acontecerá um fato extraordinário: florescerá entre nós a presença espiritual de Jesus no meio. Ele prometeu: «Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome (isso quer dizer: no meu amor), eu estou no meio deles» (Mt 18,20).
Jesus conosco! Vocês já pensaram nisso? Já experimentaram? Talvez não! Pois bem, eu lhes asseguro que, quem viveu assim, experimentou no seu coração um amor novíssimo, uma força nova, luz, alegria, coragem, ardor, e são todos efeitos da sua presença. E se ele está presente, tudo é possível!
Caríssimos jovens, no início eu lhes prometi contar a experiência de um povo novo. Pois bem, é a espiritualidade, o modo de viver, de que tenho falado até agora, que suscitou esta realidade.
Alguns anos depois do nascimento do Movimento dos Focolares na Igreja católica, a espiritualidade da unidade, vivida, teve o grande privilégio de despertar o interesse, tocar e impressionar, sob um aspecto ou outro, fiéis de Igrejas diferentes. Os evangélicos luteranos, por exemplo, em contato conosco, católicos, ficaram admirados, porque não só se falava, mas se vivia com grande intensidade o Evangelho. Eles nos pediram para ajudá-los a difundir esta vida em suas paróquias e comunidades. Os anglicanos, na Inglaterra, foram atraídos pela idéia e pela praxe da unidade e nos convidaram a fazer o mesmo. Os ortodoxos ficaram interessados pelo fato de que sublinhamos a vida e o amor. E os reformados, gostaram da idéia de Jesus em meio, que tanto desejam em seus pequenos grupos. Aos metodistas agradou a tensão à santidade que esta espiritualidade suscita.
E, embora fossem cristãos de Igrejas diferentes, todos foram irmanados por este estilo de vida. Agora, aderem ao Movimento, como já disse, fiéis de 350 Igrejas ou Comunidades eclesiais! E a nossa vida em comum sempre foi abençoada e encorajada pelas autoridades católicas, mas também por autoridades das outras Igrejas. Os efeitos desse modo de viver nas várias Igrejas são os mesmos: conversões a Deus, novas vocações, renovação nas paróquias, nas comunidades, recomposição dos matrimônios, unidade entre as gerações, etc.
Com todos esses irmãos e irmãs das diversas Igrejas, conhecendo-nos e amando-nos, descobrimos também, como que pela primeira vez, quantas grandes riquezas já tínhamos em comum: em primeiro lugar, o batismo, depois o Antigo e o Novo Testamento, os dogmas dos primeiros Concílios, o Credo, os padres da Igreja gregos e latinos, os mártires e outras coisas, como a vida da graça, por exemplo, a fé, a esperança, a caridade, e muitos outros dons do Espírito Santo.
Antes vivíamos quase como se este patrimônio não existisse, agora nos damos conta de que tudo isso, junto com a nova espiritualidade que temos em comum, nas faz sentir de alguma forma "todos um". De fato, apesar de termos que trabalhar muito para recompor a unidade visível entre as nossas Igrejas, sentimos que já formamos "um povo cristão" de leigos, sacerdotes, religiosos, pastores, bispos.
Esta espiritualidade da unidade, ainda, é de luz no caminho para a plena comunhão visível, porque Jesus, se assim desejarmos e se o amarmos, pode estar presente espiritualmente, pelo batismo, entre católicos e evangélicos, assim como entre reformados e ortodoxos, entre metodistas e armênios, entre todos. Este é um vínculo tão forte que nos faz dizer: ninguém poderá nos separar, porque é Cristo mesmo que nos une, nos une naquilo que chamamos "diálogo do povo". Aliás, esperamos que outras formas de diálogo, como aquele da caridade, que era muito vivo, por exemplo, entre Paulo VI e Atenágoras, o diálogo da oração, que é vivido de modo especial na Semana de Oração pela Unidade dos cristãos, além do diálogo teológico, possam ser potencializados por este diálogo: Jesus em meio a pessoas que se amam, pode iluminar sempre.
Caríssimos jovens, o tempo em que vivemos pede a todos nós que façamos todo o esforço e realizar no mundo a fraternidade universal e pede a cada um de nós para recompor a unidade da Igreja, dilacerada há séculos. Deus deseja isso e repete e grita também com as presentes circunstâncias dolorosas que ele permite[2].
Eu mencionei, no início, os ventos de guerra e o terrorismo difundido no nosso planeta. Acreditem: nem tudo é culpa dos terroristas, se estamos vivendo um momento de tamanha emergência. E nem se deve unicamente ao fato de que as nações mais ricas não tenham ajudado e não ajudem outras nações em grande e extrema pobreza, suscitando pensamento de vingança; se bem que ambos os fatores sejam certamente as causas mais graves pelas quais a humanidade sofre hoje. Contudo, há mais alguma coisa: a culpa também é nossa.
Nós sabemos que os cristãos são muito numerosos no mundo. De fato, as estatísticas de 2003 indicam que os católicos atualmente no mundo são 61 milhões. Quantos seremos todos juntos? Um número enorme! Mesmo assim, como vocês sabem, em setembro de 2001, logo depois do atentado às Torres Gêmeas, houve alguém, no mundo hostil a nós, que qualificou os cristãos até de "ateus" e de "infiéis": uma mentira cósmica, certamente, com um fundo de verdade. Jesus, de fato, nos disse que o mundo nos teria reconhecido como seus discípulos e, por nosso intermédio, iria reconhecer a ele como o verdadeiro Deus, graças ao amor recíproco. «Nisso conhecerão que sois meus discípulos, se tiverem amor uns pelos outros» (Jo 13,35). Mas a unidade, como sabem, não foi mantida por nós e ainda não existe plenamente.
Que testemunho de Cristo, da sua verdade e do seu amor, nós demos e podemos dar? Infelizmente, já não somos como os primeiros cristãos, que eram um só coração e uma só alma e, portanto, tinham todos os bens em comum!
Então, o que fazer? Penso que só nos resta formular no coração um sincero propósito: começar amando – como eu disse – a todos, sendo os primeiros, amando concretamente, reconhecendo Jesus em todos, e amando-nos reciprocamente, a fim de que ele esteja presente entre nós, e ele saberá, com certeza, repetir o milagre dos primeiros cristãos.
Coragem, portanto, caríssimos jovens, coragem! Jesus disse: «Eu venci o mundo!» Se nos propusermos a amar, ele nos dará a vitória.



[1].            (Jo 18,7)
[2].            A guerra no Iraque (n.d.t.);

06 maio 2018

A grande atração dos tempos modernos

Eis  a grande atração
do tempo moderno:
atingir a mais alta contemplação
e manter-se misturado com todos,
lado a lado com os homens.

Diria mais:
perder-se no meio da multidão,
para impregná-la do divino,
como se ensopa
um naco de pão no vinho.

Diria mais:
partícipes dos desígnios de Deus
sobre a humanidade,
traçar sobre a multidão recamos de luz
e, ao mesmo tempo, dividir com o próximo
a injúria, a fome, os golpes, as alegrias fugazes.

Porque a atração
do nosso, como de todos os tempos,
é o que de mais humano e mais divino
se possa pensar:

Jesus e Maria,
o Verbo de Deus, filho de um carpinteiro;
a Sede da Sabedoria, mãe de família.

05 maio 2018

Criança, o futuro da humanidade

VEJA, na criança, o futuro da humanidade. Mantenha-se, por isso, solidário com os trabalhos que visem a beneficiá-las. Lembre-se de que cada criança poderia ser um filho querido de seu coração. Colabore na recuperação das crianças desajustadas, sobretudo mediante seu exemplo 'dignificante e nobre. Em todos os setores, a criança é sempre o futuro, e por isso precisa ser atentamente ajudada em suas necessidades.

04 maio 2018

Você é um herói

VOCÊ já reparou que é um herói? O trabalho diário, as conduções difíceis, a luta constantes, tudo isso forma de você um herói. Então, não desanime, porque os heróis superam as dificuldades com alegria. Jamais se irrite! Olhe para todos com bons olhos, procurando distribuir a coragem e alegria que habitam em você. Você é um herói, comporte-se como um herói!

03 maio 2018

Se suas palavras

SE suas palavras forem ásperas e duras, se em todas as criaturas você descobrir um adversário, a vida se tornará uma tortura! No entanto, repare que a Terra é uma escola sagrada. E você poderá ser feliz, se conseguir ver em todos a boa vontade que os anima. Atraia para sua convivência amigos devotados, por meio de palavras, mas sobretudo de seus pensamentos voltados sem prepara o amor e o serviço do próximo.

02 maio 2018

Nunca se irrite

Nunca se irrite!

Se a condução custa a chegar, tenha paciência.

Se o vizinho o incomoda, suporte-o. Sua irritação não pode melhorar as coisas e faz mal a seu fígado.

A irritação causa mais sofrimentos a nós que aos outros, ao passo que a paciência é um bálsamo, sempre pronto a suavizar as feridas próprias e alheias.

01 maio 2018

Em toda parte

Deus está em toda parte: portanto, está também dentro de nós e dentro de todas as pessoas que nos cercam, boas ou más.

Tudo provém de Deus.

Tudo é manifestação divina.

Mesmo aquilo que nos parece mal ou erro pode ser a causa de um benefício futuro.

Nosso sofrimento resulta do desconhecimento da verdade básica: Deus dirige todos os acontecimentos, porque está em tudo.

30 abril 2018

Amar a tudo

PROCURE amar a tudo e a todos indistintamente. O amor é uma doação perene de luz e de felicidade, sem buscar retribuições e compensações. Em todas às criaturas está Deus que habita dentro de cada um de nós. Ame a Deus, amando a seu próximo tanto quanto a si mesmo. Distribua compreensão e paz, para que a felicidade possa morar definitivamente em seu coração.

28 abril 2018

A conversa boa

PROCURE não ler coisas desagradáveis e tristes, escândalos e desastres. Leia e pense somente o que é bom e puro, belo e verdadeiro. Afirme a si mesmo que estes são os únicos estados dignos de Deus e do homem. Não converse sobre suas doenças, dificuldades ou pobreza. Quanto mais falar nisso, mais as agravará. Converse apenas sobre fartura e saúde, e viva com otimismo e alegria.

27 abril 2018

Não seja cruel

Não seja cruel!

Aprenda a ter compaixão daqueles que estão em pior situação que você.

Lembre-se daquela máxima do maior dos filósofos: "felizes os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia".

Seja compassivo com os que erram, porque você não sabe quando poderá cometer erro semelhante, e gostará que o compreendam e lhe relevem.

Releve também e seja misericordioso com quem erra!

26 abril 2018

A “Via Mariae”

A “Via Mariae”: em cada etapa um dom de Deus 
“A Via Mariae é mais resultado da ação de Maria em nossa alma ou fruto 
do nosso próprio esforço?”
Algumas vezes se pensa que somos nós a fazer a ‘Via Mariae’, isto é, se 
pensa que é possível dizer: “Agora vou começar a viver este ponto, ou aquele 
outro ponto”. 
Não é assim . Em cada sua etapa, a ‘Via Mariae’ é um dom de Deus. É ele, 
que naquele determinado momento da nossa vida, nos faz estar em determinada 
etapa. Naturalmente em proporção à nossa correspondência; mas é um dom de 
Deus. Nós não podemos, por exemplo, dizer: “Agora quero viver a Desolada. O 
que devo fazer para isso?” Deus nos coloca no estado de ‘Desolada’ e nos faz 
viver assim. E um dom seu. 
Entenderemos logo isso se, por exemplo, pensarmos na etapa da
anunciação. O encontro com o Ideal não foi um fruto nosso, foi um dom de Deus. 
E assim todas as outras etapas. 
Comunicar as nossas experiências aos outros é, sem dúvida, fruto da 
nossa correspondência, mas fazer ver o fio de ouro que liga a vida — fato pelo 
qual a experiência que contamos não são apenas palavras, mas algo vivo que 
produz efeito nas pessoas — é um dom de Deus. 
Em resumo, é Deus quem nos coloca nesta ou naquela etapa, não somos 
nós, não podemos fazê-lo. 
Aquilo que devemos fazer é viver o Ideal. De fato, mediante esta 
espiritualidade subimos de degrau em degrau através das etapas da ‘Via Mariae’
. Portanto, vivemos a espiritualidade e não tanto a ‘Via Mariae’: é Deus quem nos 
coloca naquela determinada etapa, pouco a pouco, à medida em que vivemos o 
E quanto mais intensamente o vivermos, mais rapidamente estaremos nas 
etapas seguintes. 

25 abril 2018

Siga à frente

NEM tudo o que nos aborrece e nos faz sofrer é, forçosamente, um mal. Quando os irmãos de José o venderam, o que parecia um mal tornou-se maravilhoso bem, pois lhe deram oportunidade de chegar a ser governador do Egito. Tenha confiança no Pai, que que sabe extrair o bem daquilo que nos parece um mal. Não se desespere. Confie e siga à frente!