Respondendo
a um sacerdote em Riva dei Garda, Chiara disse que tem muito presente o
encontro com Jesus, preparando-se oportunamente para aquele momento.
Ultimamente passam na minha alma muitos pensamentos que me lembram a proximidade,
quando Deus quiser, daquele encontro. Então, repito “Eis tu, Senhor, o meu
único bem!”. Desse modo, vejo que as realidades e as preocupações do momento
presente se diluem e perdem a dimensão de prioridade que pareciam ter Vejo
também que o relacionamento com os outros popos do focolare se torna mais
simples, fico mais paciente e menos absoluto nos meus pontos de vista.
Compreendo que o mais importante é recomeçar ou continuara amar.
Freqüentemente
penso na minha morte e todas as vezes que penso, lembro-me das palavras de são
Paula onde ele diz que preferiria morrer para estar com Crista, mas que talvez
fosse importante que ele permanecesse vivo para o bem dos cristãos que a sua
pregação tinha feito nascer.
Não
ouso fazer comparação da minha pequena atividade com a de são Paulo, mas acho
que mesmo que a distância seja infinita, posso viver aquelas palavras.
(Pe.
Foresi, aos responsáveis de focolare, 14 de abril de 1995)
Eu
gostava muito de uma voluntária da minha cidade. Ela adoeceu e morreu. Fiquei
muito preocupada pensando que também minha mãe poderia morrer um dia. O que é
para você ver alguém que você ama muito morrer?
Devo
dizer-lhe a verdade: quando eu era pequena como você, uma noite também pensei
que um dia minha mãe iria morrer e chorei muito sob o travesseiro; até que,
como era muito pequena, adormeci.
O que
faço quando morre alguém que eu amo muito? Abraço a dor, isto é, Jesus
Abandonado para ter sempre o Ressuscitado dentro de mim. Depois procuro rezar
muito para que aquela pessoa vá imediatamente para o paraíso.
Lembro-me
um dia, por exemplo, quando morreu um focolarino, Eletto. Ele morreu afogado
num lago, fazendo um ato de caridade para uma criança. Recordo-me que disse:
“Recitemos o terço para obter a indulgência plenária e assim ele vai logo para
o paraíso”.
Naquela
noite senti uma alegria imensa e sonhei - foi apenas um sonho -, que
Eletto vinha ao meu encontro. A um certo ponto, quando ele chegou perto de mim
e apertou minha mão, senti que estava com o terço nas mãos. Era como se
quisesse me dizer: “Chiara, cheguei no paraíso graças ao terço....
Eu não
acredito em sonhos, mas, de todo modo, é uma bela história...
(Aos internos, Buenos Aires, 12 de
abril de 1998)
Você
segue e acompanha os nossos doentes que estão “ás portas” da Mariápolis
Celeste. Quase sempre eles vivem estes momentos em plena sintonia com eventos
importantes na Obra. A morte, embora sendo uma realidade crua e dolorosa, para
os membros da Obra, muitas vezes é um formidável testemunho de uma vida
heróica, totalmente doada a Deus. Chiara, como você vive esses momentos?
No Movimento são feitas muitas obras concretas:
pelos
drogados e por muitas outras coisas. Eu também queria fazer algo e pensei: “Vou
acompanhar todos aqueles que estão partindo para a Mariápolis Celeste”. Muitas
vezes faço isso com telefonemas; já aconteceu de estarem no ponto de morte e me
telefonarem, como foi o caso de Renata, de Loppiano. Um pouco antes que
morresse, conversamos por telefone e ela me respondeu.
Eu
procuro segui-los, uma vez que estão vivendo o momento mais importante de suas
vidas: estão diante da morte. Faço assim sobretudo com os que moram perto, em
Roma.
Procuro
partilhar com eles estes momentos, estar presente o mais possível, sempre que
for necessário. Mas, procuro sobretudo repetir-lhes o que ensinei a Luminosa.
Luminosa era a responsável do Movimento na Espanha; uma focolarina realmente
especial, que se santificou. Lembro-me que, antes que morresse, fui visitá-la e
disse-lhe: “Olhe, Luminosa, recorde-se de que São Luís foi interrogado quando
ainda era muito jovem, e lhe perguntaram: ‘Se lhe dissessem que você vai morrer
agora, o que faria?’; e ele respondeu: “Continuaria brincando”’.
Isso
se tornou quase uma regra que é vivida por todos os nossos que partem. Nós
queremos que brinquem até o fim, isto é, que vivam o Ideal, que se interessem
pelo Movimento. Ainda mais porque no paraíso eles devem continuar a interceder
por nós, a nos ajudar, a nos mandar graças...
Como
também aconteceu com Donato, o último que foi para a Mariápolis Celeste. Dois
dias antes que morresse, levei alguns slides da minha viagem na América para
que ele desse uma olhada. Ele viu tudo no seu leito, é claro, e quando voltei
pela última vez, ele me disse: “Belíssimos, Chiara!”. Era como se ele tivesse
saboreado tudo como nenhum outro: “Belíssimos!”, disse. Tanto que levei a
segunda parte dos slides, mas ele não conseguiu mais vê-los.
A
minha função é esta: sustentá-los, para que não pensem em si mesmos, mas na
Obra... A minha intenção é fazê-los “brincar” até o fim.
Depois,
quando partem, permaneço unida a eles. O nosso amor é recíproco. Rezo para que
eles obtenham logo as indulgências plenárias. Tenho uma intenção constante em
todas as minhas missas: por todos os focolarinos e focolarinas que morreram, e
por todos os nossos que partem, sempre. Eu os ajudo naquilo que posso:
as
indulgências e as missas.
E eles
o que me doam? Quando devo fazer alguma coisa, até mesmo antes de vir aqui com
vocês, fizemos um consenserint para ter o Espírito Santo, pedindo a intercessão
dos nossos mariapolitas celestes. Pedindo-lhes também que nos ajudem. Portanto,
existe um relacionamento que nunca se acaba entre nós e eles; um belíssimo
relacionamento.
Em
prática, estamos sempre no Ideal, no reino de Deus, e sabemos que a nossa é uma
família sempre à espera de reunir-se: com aqueles que estão lá e os que estão
aqui.
(A Mariápolis de Montet, 17 de agosto de 1997)
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