"Eu daria tudo que tivesse pra voltar aos dias de criança. Eu não sei pra que a gente cresce se não sai da gente essa lembrança..." (Ataulpho Alves)
17 agosto 2019
Uma carta de Chiara
16 agosto 2019
Encantados por Deus
15 agosto 2019
Um novo horizonte
14 agosto 2019
A Vontade de Deus feita bem
13 agosto 2019
Se tiverdes fé
12 agosto 2019
O aspecto nupcial da palavra
11 agosto 2019
Jesus Abandonado e a Palavra
10 agosto 2019
Cada Palavra é amor
09 agosto 2019
Um modo de falar essencial
08 agosto 2019
Possuir um coração de carne
07 agosto 2019
Vai além da natureza
06 agosto 2019
Nos pecadores
Amamos Jesus Abandonado especialmente nos pecadores. Ele, que, por todos nós, se fez maldição, se fez pecado embora não pecador, era o ponto de contato com quem quer que se chamasse homem. Ele é o plano inclinado para todos os homens, inclusive para os mais desventurados. E pensávamos assim: como foi abandonado por todos, cada um no mundo pode dizer: é meu. É meu porque ninguém o quer: refugo do mundo e do Céu. E Jesus Abandonado revelava-se realmente a pérola preciosa para todos os homens que, no fundo, são todos pecadores.
04 agosto 2019
A oração de Jesus (Jo 17,1-26)
Nos irmãos
Víamos ainda Jesus Abandonado em cada irmão que sofria. Então, aproximando-nos dos que se assemelhavam a Ele, nós lhes falávamos de Jesus Abandonado. E para todos os que se achavam semelhantes a Ele e aceitavam dividir com Ele a sua sorte, eis que Ele se tornava: para o mudo, a palavra; para quem não sabia, a resposta; para o cego, a luz; para o surdo, o som da voz; para o cansado, o descanso; para o desesperado, a esperança; para o faminto, a saciedade; para o sonhador, a realidade; para o traído, a fidelidade; para o fracassado, a vitória; para o medroso, a ousadia; para o triste, a alegria; para o indeciso, a certeza; para o excêntrico, a normalidade; para o solitário, o encontro; para o separado, a unidade; para o inútil, o que é somente útil. O marginalizado se sentia eleito. Jesus Abandonado era a paz para o inquieto, a casa para o sem-teto, o reencontro para o excluído . Assim, com Ele as pessoas se transformavam e o absurdo da dor adquiria sentido. Como dizem os Padres da Igreja: “Tudo o que foi assumido, foi redimido”. E o teólogo Karl Rahner comenta:
Tudo aquilo que Ele assumiu está redimido, pois assim isso se tornou vida e destino de Deus mesmo. Ele assumiu a morte; portanto, a morte deve ser algo mais do que um ocaso no vazio absurdo. Ele assumiu ser abandonado; portanto, a tétrica solidão deve encerrar também a promessa de uma feliz proximidade divina. Ele assumiu a falta de sucesso. Portanto, a derrota pode ser uma vitória. Ele assumiu ser abandonado por Deus. Portanto, Deus está próximo, mesmo quando pensamos que Ele nos abandonou. Ele assumiu tudo, portanto, tudo está redimido. (Rahner, 1968, pp. 173-174)
03 agosto 2019
Em nós
Cada dor nossa nos parecia um semblante de Jesus Abandonado a ser amado e querido para estar com Ele, ser como Ele, a fim de, em união com Ele, darmos também nós a vida a nós e a muita gente, com o nosso sofrimento amado. Entrando neste caminho da unidade, escolhêramos só a Ele: em um ímpeto de amor, decidíramos sofrer com Ele, como Ele. Pois bem, a experiência que todos fizemos é que Deus, somente amor, não se deixa vencer em generosidade e muda, por uma alquimia divina , a dor em amor. Isso equivale a dizer que nos transformava em Jesus, experimentado em nós pelos dons do seu Espírito, dons que o amor sintetiza. Constatávamos que, tão logo desfrutávamos de uma dor qualquer, para ser como Ele abandonado que se abandona novamente ao Pai, e continuávamos depois a amá-lo, fazendo a vontade de Deus do momento seguinte, a dor, se era espiritual, geralmente, desaparecia; se era física, mudava-se em jugo suave. Em contato com a dor, o nosso amor puro, isto é, o nosso desfrutar da dor, convertia essa dor em amor. De certo modo, divinizava-a; era como se a divinização que Jesus fizera da dor prosseguisse em nós, se assim podemos dizer 3 . E, depois de cada encontro com Jesus Abandonado, amado, encontrávamos Deus de um modo novo, mais face a face, em uma unidade mais plena . A luz e a alegria e, com elas, a paz, que são frutos do Espírito, voltavam. Aquela paz especial que Jesus prometeu, para cuja obtenção — assim sentíamos — era necessário fazer do tormento, da angústia, das agonias da alma, das perturbações, das tentações uma ocasião para amar a Deus.