“Fazer-se um.”
O que significam e o que exigem essas duas pequenas palavras tão importantes a ponto de serem o modo de amar?
Não poderemos penetrar o íntimo de um irmão para compreendê-lo, para ouvi-lo, para partilhar seu sofrimento, se nosso espírito estiver rico de uma apreensão, de um julgamento, de um pensamento… de uma coisa qualquer. “Fazer-se um” exige espíritos pobres, pobres em espírito. Somente com eles a unidade é possível.
E, então, para quem olhamos a fim de aprender essa grande arte de ser pobre em espírito, arte que encerra — é o Evangelho que diz — o Reino de Deus, o reino do amor, o amor na alma? Olhamos para Jesus Abandonado. Ninguém é mais pobre do que Ele. Ele, depois de ter perdido quase todos os discípulos, depois de ter doado sua mãe, dá ainda a vida por nós e experimenta a terrível sensação de ser abandonado pelo próprio Pai.
Olhando para Ele, compreendemos que tudo deve ser cedido ou posposto por amor dos irmãos: devem ser doadas ou pospostas as coisas da terra e também — se for preciso — de certo modo, os bens do Céu. De fato, olhando para Ele, que se sente abandonado por Deus, caso o amor pelos irmãos nos pedisse (o que pode acontecer também com certa frequência) que deixássemos — como se diz — até mesmo Deus por Deus (perder por exemplo, Deus na oração, para “fazer-se um” com um irmão necessitado; perder Deus naquilo que nos parece uma inspiração, para estarmos completamente vazios e acolher em nós a dor do irmão), olhando para Ele, toda renúncia é possível.
E o “fazer-se um” comporta essa renúncia.
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