06 setembro 2017

A Palavra

Hoje gostaríamos de lhes falar sobre a Palavra de Deus. 
“Compreendemos que o mundo tem necessidade de uma terapia de Evangelho. 
Somente a Boa Nova pode devolver-lhe a vida que lhe falta. E é por isso que vivemos a 
Palavra de Vida... é por isso que a encarnamos em nós, a ponto de nos tornarmos 
palavras vivas...” 
Assim expressa Chiara Lubich a intuição fundamental que levou os membros do 
então nascente Movimento dos Focolares a escolher uma frase do Evangelho, comentá-la 
e vivê-la durante um determinado tempo. Esta prática permaneceu como uma constante e 
um alicerce da vida dos membros do Movimento. 
Não se trata de refletir sobre uma palavra do Evangelho, apenas, e nem mesmo de 
medita-la, ms, sim de passar à ação, de pô-la em prática em todas as circunstâncias da 
vida quotidiana, com a convicção de que as palavras de Jesus são “espírito e vida” e uma 
única palavra do Evangelho posta em prática, pode tornar-se o ponto de partida para a 
reevangelização de uma vida inteira. 
Chiara exprime essa certeza, dizendo: “Bastam umas poucas letras e algumas 
regras gramaticais para se saber ler e escrever; entretanto, quem não as conhece 
permanece analfabeto a vida toda. Da mesma forma, as poucas frases do Evangelho são 
suficientes pra formar, dentro de nós, o Cristo”. 
E foi assim que a “palavra de vida” com seu comentário foi recopiada, 
mimeografada, impressa, mês após mês, a fim de que cada membro do Movimento, cada 
pessoa que desejasse vivê-la pudesse tê-la à mão, na bolsa, na mesa de trabalho, à 
cabeceira da cama – em qualquer lugar que lhe parecesse útil, para poder lembrar-se 
dela, impregnar-se dela, para que vivê-la se tornasse quase um reflexo. 
Assim, são hoje distribuídos e vividos no mundo milhares de exemplares da 
Palavra de Vida. 
A expressão “palavra de vida” é tirada de são Paulo, quando diz: “Vós sois 
portadores da Palavra de Vida” (cf Fl 2,16) 
Outro traço característico dos membros do Movimento é o comunicarem uns aos 
outros a vida suscitada pela palavra. Da mesma maneira que os cientistas, tendo 
experimentado uma hipótese em laboratório, comunicam uns aos outros os resultados, a 
fim de contribuir para o progresso da ciência, assim também os que põem em prática a “
palavra de vida” compartilham as “experiências” que realizaram ao vivê-la. Não se trata de 
divulgar sua vida, de comprazer-se com o êxito alcançado, mas de fazer com que outros 
participem da mesma luz. 
Aliás, as experiências assim comunicadas têm seus traços característicos: são 
circunscritas no tempo, como uma breve história em que Deus atua e se revela. São 
como um estímulo dirigido a cada um. 
Elas mostram que a vida não se divide: ela se desenvolve nas pequenas ações, 
tanto quanto nas grandes, animando a todos, desde o deputado até à mãe de família, 
conservando sua originalidade e sua força. 
Leonardo nos conta, por exemplo, uma sua experiência sobre a Palavra de vida: 
“Indo para a cidade percebo que estou com pressa. Não sei o porque, mas 
arrastado pelo trânsito intenso nas avenidas, me comportava como todos que recusam 
em dar a precedência. Tenho a fisionomia tensa. Num certo momento, me lembro da 
Palavra de vida. Então, em meio às filas de carros, me descontraio, sorrio a uma pessoa 
que se volta para mim, dou a precedência a um outro, acelero menos na partida, e aos 
poucos me sinto mais eu mesmo, mais em Deus, calmo, sereno. O tempo já não me 
oprime e consigo viver o momento presente com intensidade.”
Assim também Marlene: 
«Nestes dias minha cunhada estava internada no hospital e algumas vezes fui 
visitá-la. No mesmo quarto havia uma velhinha, à qual ninguém dava ouvidos. Numa das 
primeiras vezes que fui ao hospital, ela começou a chamar-me. Queria ir atendê-la, mas 
todos, também a minha cunhada, procuravam dissuadir-me: "Não dê importância. É uma 
velha meio louca e faz assim o dia inteiro". 
Estava para me sentar um pouco amedrontada, mas depois lembrei-me da Palavra 
de vida do mês, onde Jesus dizia: “Tudo aquilo que fizeres ao menor dos meus, a mim o 
fizeste”. Era como se uma voz me dissesse: "Vai e faz aquilo que te é pedido". Levantei-
me, aproximei-me da velhinha superando uma certa repugnância porque estava com as 
mãos sujas. Faço aquilo que me pede e lhe trago uma bacia com água para que possa 
lavar as mãos. Depois de ter se lavado, ela tocou nos meus braços e me disse: 
"Obrigada. Você lavou as mãos de Jesus". 
Fiquei surpresa com as suas palavras, mas experimentei uma grande alegria e a 
confirmação da certeza de que Jesus está presente em cada homem.”
Queremos concluir com uma exortação de Chiara que nos ajudará a viver a 
Palavra durante este mês: 
“Nós vivemos, umas após outras, numerosas palavras da Sagrada Escritura, de tal 
forma que elas permanecem em nós como um patrimônio indelével. Nossa missão é viver 
a palavra no momento presente e todos nós podemos vivê-la, seja qual for a nossa vocaç
ão, idade, sexo, condição, porque Jesus é a luz para todos os homens deste mundo. Com 
este meio tão simples, podemos evangelizar nossas almas e, com elas, o mundo... 
Sejamos Evangelhos vivos, palavras vividas, outros Jesus. Assim o amaremos 
verdadeiramente e imitaremos Maria, a mãe da Luz, do Verbo, a Palavra viva, 
Não temos outro livro que não seja o Evangelho, nem outra ciência, nem outra arte. 
É nele que está a vida! E aquele que a encontrar, não morrerá.

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