Caríssimos,
Hoje refletiremos um
pouco sobre aquele ponto que, de modo abreviado, definimos: "Jesus no meio". Sim, Jesus no meio, é
efeito da unidade. Não é um mandamento, uma exortação, ou um conceito, uma
normativa, mas é Ele, Jesus, uma Pessoa, que vive espiritualmente entre aqueles
que estão unidos, pelo amor, no seu Nome.
Hoje em dia e no mundo em
que vivemos temos contatos freqüentes com pessoas retas e boas, que não sentem,
porém, a necessidade de ter uma fé. Certas até teriam esse desejo, mas
submersas em um mundo que deveria ser cristão e muitas vezes não é, não têm a
força para dar o passo e esperam, enfileirando-se com aquelas que se definem
"em busca".
Esperam quem?
Talvez inconscientemente
esperam encontrar-se um dia com Jesus.
É nessa ocasião,
sobretudo frente a pessoas assim, que comprovamos a extrema atualidade,
oportunidade e urgência da nossa espiritualidade e do ponto em questão: Jesus
no nosso meio, o Ressuscitado.
Ele atesta, demonstra que
não é uma realidade somente do passado, mas é Aquele que, mantendo a sua
promessa: "Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos
séculos" (Mt 28, 20), está presente, vivo, luminoso, cheio de
amor, também hoje entre os irmãos.
Gerar a presença de Jesus
no nosso meio é um nosso grande dever. Isso é possível se atuarmos os seus
mandamentos, que se resumem no Mandamento Novo vivido segundo o modelo de Jesus
Abandonado.
Viver, porém, os seus
mandamentos, como Jesus disse, é carregar um peso leve e suave (cf. Mt 11,
30). Sem dúvida, é um peso que humilha o nosso "homem velho", mas não
é pesado, aliás, é leve. É mesmo assim.
Mas pode ser sempre
assim?
Geralmente sim. A
condição é sermos dois ou mais unidos no seu Nome.
E quando estivermos
sozinhos? Ou se os outros não compreendem o nosso amor?
Nós sabemos que,
abraçando Jesus Abandonado em tais circunstâncias, conseguimos estar de pé, na
paz e também na alegria, e podemos trabalhar, rezar, estudar, viver com a
plenitude no coração.
No entanto, podemos
vivenciar momentos em que nos parece difícil definir leve e suave o peso do
Senhor.
Em certos períodos, por
exemplo, podemos perder a saúde e isso influencia também o espírito,
fazendo-nos fechar em nós mesmos, tornando-nos quase incapazes de nos
relacionarmos com os irmãos.
Ou vivemos momentos em
que temos que guardar certos segredos que nos preocupam, os quais desejaríamos
comunicar para desabafar, mas não podemos. São relativos a nós mesmos - como
provações interiores - ou a outras pessoas, tal como fatos tristes e delicados
que nos foram confiados em segredo.
Ou chegam períodos em que
somos alvo de tentações que podemos comunicar somente ao confessor. Ou são
mortes repentinas, acidentes imprevistos que nos abalam profundamente e nos
parece difícil que alguém compreenda. Ou aparecem os sintomas de uma doença,
que pensamos ser mortal... Ou... ou...
São circunstâncias
dolorosas permitidas por Deus para esculpir a nossa alma com o instrumento do
qual, no cristianismo, não se pode prescindir e que Jesus também experimentou:
a cruz.
Como devemos nos
comportar em meio a tais dificuldades?
Tentando nos alegrar,
pelo menos com a vontade, por sermos um pouco semelhante a Ele, abandonado,
lançando cada preocupação no coração do Pai (cf. 1 Pd 5, 7).
Permanecendo numa estável atitude de oferta, ajudados pela graça do momento,
que não faltará, enquanto Deus não restituir plenamente a serenidade à nossa
alma provada.
Recordando-nos, porém,
que devemos amar sempre os irmãos como pudermos e quanto pudermos, abrindo-nos
com eles pelos menos de modo vago, dizendo por exemplo: "Estou passando
por uma provação...". Comunicá-lo por amor para que não falte a comunhão.
A abertura é também o melhor tonificante em cada situação.
Assim, Jesus entre nós,
se não deixarmos de gerá-lo - como dizia Paulo VI[1]
-, nos fará vir à tona também nesses momentos e nos demonstrará que, sempre e
de qualquer forma, o seu peso pode ser leve e suave.
Neste ano, em que
aprofundaremos a realidade de Jesus no meio,
façamos de tudo para tê-lo sempre entre nós.
Será um exercício útil
para demonstrar que Ele pode estar presente entre nós ao longo de toda a nossa
vida.
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