14 janeiro 2017

A despeito de mim

Como se eu procurasse não aproveitar a vida imediatamente, 
mas só a mais profunda, o que me dá dois modos de ser: 
em vida, observo muito, sou "ativa" nas observações, tenho o 
senso do ridículo, do bom humor, da ironia, e tomo um partido. 
Escrevendo, tenho observações "passivas", tão interiores 
que "se escrevem" ao mesmo tempo em que são sentidas quase 
sem o que se chama de processo. É por isso que no escrever 
eu não escolho, não posso me multiplicar em mil, 
me sinto fatal a despeito de mim

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