Imagino uma cidade de ouro, onde o divino está em relevo, rutilante de luz, e o humano serve de fundo, pondo-se na sombra para dar maior realce ao esplendor. Cada igreja, cada sacrário reluz mais do que o Sol, porque lá ficou o Amor dos amores. Na alma de quem representa a Igreja, na Hierarquia, que estrutura a divina sociedade, descida do Céu à terra, encontro uma miríade de pérolas esplêndidas: são as graças derramadas por Deus, pelas mãos da Virgem, naquele canal, que outro escopo não tem senão inundar-me de luz, nutrir-me do mel celeste, mais do que mãe celestial que nutre seu filho. E se, recolhida em Deus, abro o livro da vida e leio as Palavras eternas, sinto cantar em minh’alma uma harmonia luminosa e o Espírito de Deus irradiar em mim os seus dons. Ao contato com um qualquer, nobre ou maltrapilho, vislumbro cada semblante transfigurado no Rosto belíssimo do Verbo encarnado, Luz da Luz. Entrando na casa de irmãos que se amam, de famílias unidas em Cristo, vejo um reflexo divino da Trindade, ouço, expressa pela comunidade, a Palavra que é Vida: Deus. Deus é o ouro da minha cidade, diante do qual o Sol se adumbra, o céu se encolhe, toda a beleza e a majestade da natureza se retiram felizes para formar coroa, para servir, qual moldura. Essa cidade existe em cada cidade e todos podem vê-la, contanto que se apague em Deus, olvidando, nossa alma, e nela se acenda o fogo do amor divino.
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