12 dezembro 2016

O amor

O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou.

O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto."


11 dezembro 2016

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.

10 dezembro 2016

Entre amigos

Para que serve um amigo? Para rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona pra festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra. Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito. 

Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu último livro, "A Identidade", que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos. 

Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo construído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos. 

Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos. 

Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta. 

Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país. 

Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu. 

Um amigo não passa apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o réveillon. 

Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado. 

Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador. 

Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém.

09 dezembro 2016

A Lista

Faça uma lista de grandes amigos,
quem você mais via há dez anos atrás...
Quantos você ainda vê todo dia ?
Quantos você já não encontra mais?
Faça uma lista dos sonhos que tinha...
Quantos você desistiu de sonhar?
Quantos amores jurados pra sempre...
Quantos você conseguiu preservar?
Onde você ainda se reconhece,
na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora...
Quantos mistérios que você sondava,
quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo,
era o melhor que havia em você?
Quantas mentiras você condenava,
quantas você teve que cometer ?
Quantas canções que você não cantava,
hoje assobia pra sobreviver ...
Quantos segredos que você guardava,
hoje são bobos ninguém quer saber ...
Quantas pessoas que você amava,
hoje acredita que amam você?

08 dezembro 2016

Ei! Sorria...

Ei! Sorria... Mas não se esconda atrás desse sorriso...
Mostre aquilo que você é, sem medo.
Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu.
Viva! Tente! A vida não passa de uma tentativa.
Ei! Ame acima de tudo, ame a tudo e a todos.
Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome!
Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz.
Procure o que há de bom em tudo e em todos.
Não faça dos defeitos uma distancia, e sim, uma aproximação.
Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver.
Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove.
Ei! Olhe... Olhe a sua volta, quantos amigos...
Você já tornou alguém feliz hoje?
Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?
Ei! Não corra. Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você.
Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.
Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.
Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.
Ei! Ouça... Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante.
Suba... faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo,
Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.
Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você.
Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar.
Ei! Você... não vá embora.
Eu preciso dizer-lhe que... te adoro, simplesmente porque você existe.

07 dezembro 2016

Amizade

Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos... 

Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre... 

Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados... 

Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo... 

Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida! 

A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos... 

Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo... 

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...


06 dezembro 2016

Os Viajantes e o Urso

Um dia, dois viajantes deram de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu-se de morto. O urso se aproximou dele e começou a cheirar sua orelha, mas, convencido de que estava morto, foi embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou:
- O que o urso estava cochichando em seu ouvido?
- Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo.

Moral da história:
A desgraça põe à prova a sinceridade e a amizade

05 dezembro 2016

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado 
Tantas retaliações, tanto perigo 
Eis que ressurge noutro o velho amigo 
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado 
Com olhos que contêm o olhar antigo 
Sempre comigo um pouco atribulado 
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano 
Sabendo se mover e comover 
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica.

04 dezembro 2016

Amizade

A amizade consegue ser tão complexa... 
Deixa uns desanimados, outros bem felizes... 
É a alimentação dos fracos 
É o reino dos fortes 

Faz-nos cometer erros 
Os fracos deixam se ir abaixo 
Os fortes erguem sempre a cabeça 
os assim assim assumem-os 

Sem pensar conquistamos 
O mundo geral 
e construímos o nosso pequeno lugar 
deixando brilhar cada estrelinha 

Estrelinhas... 
Doces, sensíveis, frias, ternurentas... 
Mas sempre presentes em qualquer parte 
Os donos da Amizade...

03 dezembro 2016

Credo do Samurai

Eu não tenho pais, faço do céu e da terra meus pais. 
Eu não tenho casa, faço do mundo minha casa. 
Eu não tenho poder divino, faço da honestidade meu poder divino. 
Eu não tenho pretensões, faço da minha disciplina minha pretensão. 
Eu não tenho poderes mágicos, faço da personalidade meus poderes mágicos. 
Eu não tenho vida ou morte, faço das duas uma, tenho vida e morte.

Eu não tenho visão, faço da luz do trovão a minha visão. 
Eu não tenho audição, faço da sensibilidade meus ouvidos. 
Eu não tenho língua, faço da prontidão minha língua.

Eu não tenho leis, faço da auto-defesa minha lei. 
Eu não tenho estratégia, faço do direito de matar e do direito de salvar vidas minha estratégia. 
Eu não tenho projetos, faço do apego às oportunidades meus projetos. 
Eu não tenho princípios, faço da adaptação a todas as circunstâncias meu princípio. 
Eu não tenho táticas, faço da escassez e da abundância minha tática.

Eu não tenho talentos, faço da minha imaginação meus talentos. 
Eu não tenho amigos, faço da minha mente minha única amiga. 
Eu não tenho inimigos, faço do descuido meu inimigo. 
Eu não tenho armadura, faço da benevolência minha armadura. 
Eu não tenho castelo, faço do caráter meu castelo. 
Eu não tenho espada, faço da perseverança minha espada.

02 dezembro 2016

Céu

Rasgam-se as nuvens no céu estrelado,
invade-se a vontade de gritar,
o Sol mantém-se ao longe...calado,
ouvindo o som do belo luar.

A fada desperta do sono encantado,
com a sua harpa de sonho a tocar,
o sol dormindo...sonha deleitado,
vislumbrando ao longe um novo acordar

Surge então um novo céu...a nevar
de noite e durante a madrugada,
O sol mantém-se coberto a sonhar
com estrelas e com a sua amada...

Ouve-se ao longe um galo a cantar,
adivinha-se o nascer de um novo dia,
A lua vai-se embora a chorar,
mas o Sol...desperta com alegria.

A lua adormece por fim.
Mas o Sol nada leva a mal,
pois ama a Lua tanto assim,
que voltará a encontrá-la num sonho de Natal...

01 dezembro 2016

A quem buscai?

Budapeste, 6 de abril 2003


«A quem buscais?»[1]
«Diálogo do povo»


         Caríssimos, uma saudação, do fundo do coração, a todos vocês, jovens, reunidos neste encontro ecumênico.
Como vocês devem saber, no âmbito da Jornada de hoje, intitulada: «A quem buscais?», eu fui convidada a oferecer-lhes uma experiência singular de um povo, que encontrou realmente o que procurava; um povo que está surgindo em várias partes do mundo, composto por fiéis de 350 Igrejas diferentes. Todos esses cristãos são animados por um modo específico de viver, por uma espiritualidade chamada da "unidade", que alguns consideram ecumênica e que é um dom do Espírito Santo. A "espiritualidade da unidade" que, tendo florescido num Movimento (o Movimento dos Focolares) agora é patrimônio universal porque, por exemplo, João Paulo II já a propôs a toda Igreja católica sob o nome de "espiritualidade de comunhão".
Os principais pontos em que se fundamentam emergiram do Evangelho. Quem a vive, pode tornar-se um instrumento que colabora na realização do testamento de Jesus: «Pai, que todos sejam um» (cf Jo 17,21), isto é, a unidade, e com ela a fraternidade universal; unidade e fraternidade universal, tão necessárias também no nosso tempo. De fato, como vocês sabem, hoje mais do que nunca, com os ameaçadores ventos de guerra e o terrorismo, que realmente aterroriza, o nosso mundo precisa de coesão e de solidariedade. A guerra divide os homens, aliás, os massacra; e o terrorismo produz imensos danos, por rancor ou vingança, causados sobretudo pelo desequilíbrio que existe no mundo entre países ricos e países pobres. Portanto, mais do que nunca é necessário almejar a unidade e suscitar em toda a parte a fraternidade que pode gerar partilha, inclusive de bens.
Como é possível promover no mundo a fraternidade, para que ela faça da humanidade uma única família? Isso é possível, se descobrirmos quem é Deus.
Nós, cristãos, acreditamos em Deus, sabemos que ele existe, mas Deus, embora o vejamos perfeitíssimo, onisciente e todo-poderoso, muitas vezes é imaginado por nós muito distante, inacessível e por isso não temos um relacionamento com ele.
São João Evangelista nos diz quem é Deus: «Deus é amor» (1 Jo 4,8) e por isso é Pai nosso e de todos. Essa afirmação, bem compreendida, muda radicalmente as coisas. De fato, se Deus é Amor e é Pai, ele está muito perto de nós, de mim, de você, de vocês. Ele segue cada passo que vocês dão. Ele se esconde por trás de todas as circunstâncias da vida de vocês, alegres, tristes ou indiferentes. Conhece tudo de vocês e de nós. Por exemplo, é o que diz a seguinte frase de Jesus: «Também os cabelos da vossa cabeça estão contados» (Lc 12,7), contados pelo seu amor, pelo amor de um Pai. Portanto, devemos estar certos de que ele nos ama. Mas não basta: devemos colocar Deus no primeiro lugar do nosso coração, antes de nós mesmos, antes das nossas coisas, antes dos nossos sonhos, antes dos nossos parentes. Jesus disse claramente: «Quem ama o pai e a mãe mais do que a mim não é digno de mim» (Mt 10,37).
E nasce outra pergunta: se Deus é Amor, é nosso Pai, qual deve ser a nossa atitude em relação a Ele? É óbvio: se ele é Pai de todos nós, devemos nos comportar como seus filhos e irmãos entre nós; no fundo, devemos viver aquele amor que é a síntese do Evangelho, isto é, tudo aquilo que o Céu exige de nós.
O nosso amor para com o próximo, porém, não deve ser um amor comum, uma simples amizade ou só filantropia, mas aquele amor verdadeiro que foi derramado nos nossos corações, pelo Espírito Santo, desde o batismo, e é o mesmo amor que vive em Deus. Esse amor tem qualidades especiais.
Agora, peço uma atenção particular, a todos vocês, jovens,!
Esse amor não é limitado, como o amor humano, dirigido quase que exclusivamente aos parentes e aos amigos. Ele é endereçado a todos: ao simpático e ao antipático, ao da nossa pátria e ao estrangeiro, da minha e de outra Igreja, da minha e de outra religião, amigo ou inimigo.
É um amor que impele a ser os primeiros a amar, a tomar sempre a iniciativa, sem esperar ser amado, como seria humano desejar.
Um amor, ainda, não feito de palavras ou de sentimentos. Sabendo sofrer com quem sofre, alegrar-se com quem se alegra, ajudar a todos concretamente.
Um amor que, embora dirigido a um homem ou a uma mulher, deseja amar Jesus neles, aquele Jesus que considera feito a si o bem ou o mal que se faz aos próximos (cf Mt 25,40.45), como nos será dito no dia do Juízo Universal.
E ainda, se somos vários a viver este amor, estabelecemos então o amor recíproco, realiza-se o mandamento de Jesus que diz: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei» (Jo 13,34). Amai-vos reciprocamente é – pode dizer quem o viveu – o Paraíso na Terra. É mesmo assim.
Caríssimos jovens, voltando para as nossas famílias ou comunidades, na escola ou no escritório, tentemos amar a todos desse modo, senão não somos autênticos cristãos. Ao passo que este amor, vivido, pode suscitar no mundo uma revolução, em nós e ao nosso redor: é a revolução cristã.
Este amor, porém, nem sempre é fácil. Dificuldades próprias ou dos outros muitas vezes o abalam e isso causa sofrimento. O que fazer? Parar na dor? Não. O sofrimento tem, para o cristão um nome: chama-se cruz. E Jesus nos disse como nos devemos comportar com as cruzes: «Quem quer vir após mim, (...) tome a sua cruz todo dia (...)» (Lc 9,23). É preciso tomar a cruz, não arrastá-la. É preciso empunhá-la como uma arma, aceitá-la, ir em frente e continuar a amar.
Vamos nos deter um pouco para compreender e acolher no coração uma maravilhosa conseqüência do amor recíproco vivido. Se nós vivermos assim, acontecerá um fato extraordinário: florescerá entre nós a presença espiritual de Jesus no meio. Ele prometeu: «Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome (isso quer dizer: no meu amor), eu estou no meio deles» (Mt 18,20).
Jesus conosco! Vocês já pensaram nisso? Já experimentaram? Talvez não! Pois bem, eu lhes asseguro que, quem viveu assim, experimentou no seu coração um amor novíssimo, uma força nova, luz, alegria, coragem, ardor, e são todos efeitos da sua presença. E se ele está presente, tudo é possível!
Caríssimos jovens, no início eu lhes prometi contar a experiência de um povo novo. Pois bem, é a espiritualidade, o modo de viver, de que tenho falado até agora, que suscitou esta realidade.
Alguns anos depois do nascimento do Movimento dos Focolares na Igreja católica, a espiritualidade da unidade, vivida, teve o grande privilégio de despertar o interesse, tocar e impressionar, sob um aspecto ou outro, fiéis de Igrejas diferentes. Os evangélicos luteranos, por exemplo, em contato conosco, católicos, ficaram admirados, porque não só se falava, mas se vivia com grande intensidade o Evangelho. Eles nos pediram para ajudá-los a difundir esta vida em suas paróquias e comunidades. Os anglicanos, na Inglaterra, foram atraídos pela idéia e pela praxe da unidade e nos convidaram a fazer o mesmo. Os ortodoxos ficaram interessados pelo fato de que sublinhamos a vida e o amor. E os reformados, gostaram da idéia de Jesus em meio, que tanto desejam em seus pequenos grupos. Aos metodistas agradou a tensão à santidade que esta espiritualidade suscita.
E, embora fossem cristãos de Igrejas diferentes, todos foram irmanados por este estilo de vida. Agora, aderem ao Movimento, como já disse, fiéis de 350 Igrejas ou Comunidades eclesiais! E a nossa vida em comum sempre foi abençoada e encorajada pelas autoridades católicas, mas também por autoridades das outras Igrejas. Os efeitos desse modo de viver nas várias Igrejas são os mesmos: conversões a Deus, novas vocações, renovação nas paróquias, nas comunidades, recomposição dos matrimônios, unidade entre as gerações, etc.
Com todos esses irmãos e irmãs das diversas Igrejas, conhecendo-nos e amando-nos, descobrimos também, como que pela primeira vez, quantas grandes riquezas já tínhamos em comum: em primeiro lugar, o batismo, depois o Antigo e o Novo Testamento, os dogmas dos primeiros Concílios, o Credo, os padres da Igreja gregos e latinos, os mártires e outras coisas, como a vida da graça, por exemplo, a fé, a esperança, a caridade, e muitos outros dons do Espírito Santo.
Antes vivíamos quase como se este patrimônio não existisse, agora nos damos conta de que tudo isso, junto com a nova espiritualidade que temos em comum, nas faz sentir de alguma forma "todos um". De fato, apesar de termos que trabalhar muito para recompor a unidade visível entre as nossas Igrejas, sentimos que já formamos "um povo cristão" de leigos, sacerdotes, religiosos, pastores, bispos.
Esta espiritualidade da unidade, ainda, é de luz no caminho para a plena comunhão visível, porque Jesus, se assim desejarmos e se o amarmos, pode estar presente espiritualmente, pelo batismo, entre católicos e evangélicos, assim como entre reformados e ortodoxos, entre metodistas e armênios, entre todos. Este é um vínculo tão forte que nos faz dizer: ninguém poderá nos separar, porque é Cristo mesmo que nos une, nos une naquilo que chamamos "diálogo do povo". Aliás, esperamos que outras formas de diálogo, como aquele da caridade, que era muito vivo, por exemplo, entre Paulo VI e Atenágoras, o diálogo da oração, que é vivido de modo especial na Semana de Oração pela Unidade dos cristãos, além do diálogo teológico, possam ser potencializados por este diálogo: Jesus em meio a pessoas que se amam, pode iluminar sempre.
Caríssimos jovens, o tempo em que vivemos pede a todos nós que façamos todo o esforço e realizar no mundo a fraternidade universal e pede a cada um de nós para recompor a unidade da Igreja, dilacerada há séculos. Deus deseja isso e repete e grita também com as presentes circunstâncias dolorosas que ele permite[2].
Eu mencionei, no início, os ventos de guerra e o terrorismo difundido no nosso planeta. Acreditem: nem tudo é culpa dos terroristas, se estamos vivendo um momento de tamanha emergência. E nem se deve unicamente ao fato de que as nações mais ricas não tenham ajudado e não ajudem outras nações em grande e extrema pobreza, suscitando pensamento de vingança; se bem que ambos os fatores sejam certamente as causas mais graves pelas quais a humanidade sofre hoje. Contudo, há mais alguma coisa: a culpa também é nossa.
Nós sabemos que os cristãos são muito numerosos no mundo. De fato, as estatísticas de 2003 indicam que os católicos atualmente no mundo são 61 milhões. Quantos seremos todos juntos? Um número enorme! Mesmo assim, como vocês sabem, em setembro de 2001, logo depois do atentado às Torres Gêmeas, houve alguém, no mundo hostil a nós, que qualificou os cristãos até de "ateus" e de "infiéis": uma mentira cósmica, certamente, com um fundo de verdade. Jesus, de fato, nos disse que o mundo nos teria reconhecido como seus discípulos e, por nosso intermédio, iria reconhecer a ele como o verdadeiro Deus, graças ao amor recíproco. «Nisso conhecerão que sois meus discípulos, se tiverem amor uns pelos outros» (Jo 13,35). Mas a unidade, como sabem, não foi mantida por nós e ainda não existe plenamente.
Que testemunho de Cristo, da sua verdade e do seu amor, nós demos e podemos dar? Infelizmente, já não somos como os primeiros cristãos, que eram um só coração e uma só alma e, portanto, tinham todos os bens em comum!
Então, o que fazer? Penso que só nos resta formular no coração um sincero propósito: começar amando – como eu disse – a todos, sendo os primeiros, amando concretamente, reconhecendo Jesus em todos, e amando-nos reciprocamente, a fim de que ele esteja presente entre nós, e ele saberá, com certeza, repetir o milagre dos primeiros cristãos.
Coragem, portanto, caríssimos jovens, coragem! Jesus disse: «Eu venci o mundo!» Se nos propusermos a amar, ele nos dará a vitória.




[1].            (Jo 18,7)
[2].            A guerra no Iraque (n.d.t.);

30 novembro 2016

Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

29 novembro 2016

E talvez de meu repouso

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

28 novembro 2016

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

27 novembro 2016

Quem Sabe um Dia

Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!

Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!

Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!

Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!

26 novembro 2016

Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

25 novembro 2016

O Chefe Político


Possuímos, segundo dizem os entendidos, três poderes: 
o Executivo, que é o dono da casa, 
o Legislativo e o Judiciário, domésticos, moços de recados; 
gente assalariada para o patrão fazer figura e deitar 
empáfia diante das visitas. 
Resta ainda um quarto poder, 
coisa vaga, imponderável, mas que é tacitamente considerado 
o sumário dos outros três. (...) 
Aí está o rombo na Constituição quando ela for revista, 
metendo-se nela a figura interessante do chefe político, 
que é a única força de verdade. 
O resto é lorota.”

(Em artigo de 1915, no Jornal de Alagoas)

24 novembro 2016

Não se aborreça

Não se aborreça com seu amigo, só porque ele está mal humorado. Saiba desculpar.

Quantas vezes também você está irritado, e responde mal a seus amigos... e no entanto gosta que eles o desculpem.

Você não sabe o que lhe aconteceu, desconhece seus problemas íntimos... desculpe, então!

Não leve a mal, releve, e continue a querer-lhe bem.

É a melhor maneira de mostrar sua amizade e compreensão.

23 novembro 2016

Antes de amar-te

Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas: 
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava. 
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

22 novembro 2016

Improviso do amor-perfeito

Naquela nuvem, naquela,
mando-te meu pensamento:
que Deus se ocupe do vento.

Os sonhos foram sonhados,
e o padecimento aceito.
E onde estás, Amor-Perfeito ?

Imensos jardins da insônia,
de um olhar de despedida
deram flor por toda a vida.

Ai de mim que sobrevivo
sem o coração no peito.
E onde estás, Amor-Perfeito ?

Longe, longe, atrás do oceano
que nos meus olhos se alteia,
entre pálpebras de areia...

Longe, longe... Deus te guarde
sobre o seu lado direito,
como eu te guardava do outro,
noite e dia, Amor-Perfeito.

21 novembro 2016

Não seja impaciente

Não seja impaciente! Não tenha pressa em chegar ao fim.

Deixe que o tempo amadureça os frutos, de modo que possa colhê-los amadurecidos.

Caminhe com segurança e constância, porque tudo nos chegará na hora exata e mais oportuna.

Os frutos amadurecidos à força não são tão saborosos quanto os que amadurecem naturalmente.

Saiba esperar com paciência e não desanime.

20 novembro 2016

Não ter pensamentos

Porque somos filhos de Deus, devemos ter a mente livre, “despreocupada”. Os filhos de Deus não têm preocupações, pensamentos. Só quando não tivermos pensamentos (isto é, quando formos desapegados do nosso modo de pensar), nossa mente estará aberta por inteiro e receberá a constante Luz de Deus. E será um canal.

Assim, devemos ser sem vontade (vontade nossa no sentido possessivo da palavra), para ter a capacidade da vontade de Deus.

 E sem memória, para lembrar apenas o momento presente e viver “extáticos” (fora de nós).

 Sem fantasia, para ver o paraíso também com a fantasia, porque o paraíso é o Sonho dos sonhos.

19 novembro 2016

Não sinta medo

Não sinta medo, para não atrair críticas.

Se tem certa maneira de comportar-se que sabe que está certa, mas os outros julgam errada, não tenha medo. Se tiver, atrairá uma onda de críticas e maledicências.

Se não tiver medo, ninguém terá coragem de falar de você.

O medo irradia forças negativas, que atraem críticas.

Se você não teme, paralisa a crítica nos outros, que se sentem tolhidos e dominados por sua força mental positiva.

18 novembro 2016

Autopsicografia


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

17 novembro 2016

Ternura


Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.

16 novembro 2016

Servir a Deus

Saiba compreender o que significa servir a Deus.

Deus, a Onipotência absoluta e Infinita, de nada precisa.

Entretanto, quer ser servido, mas indiretamente, através de suas manifestações, que são as criaturas, animadas ou inanimadas.

Todas as vezes que servimos a um semelhante, a um animal, a uma planta, estamos servindo a Deus, porque Deus se manifesta ao homem através do próprio homem.

15 novembro 2016

Gratidão

Não deixe de manifestar gratidão aos membros de sua família, aos amigos e conhecidos.

Não é, porém, da gratidão comum, que consiste em dizer "muito obrigado", que estamos falando.

É de gratidão continuada, demonstrada em nosso exemplo, pelo fato de eles nos cercarem com seu afeto e contribuírem para nosso aperfeiçoamento, com sua ajuda e até com suas incompreensões.

14 novembro 2016

Mãe Divina

Mãe divina, onde estás?
Esta noite me sinto quebrado em dois.
Eu vi estrelas caírem do céu.
Mãe divina, não consigo não chorar.
Oh, eu preciso de sua ajuda desta vez,
Ajuda-me a passar por esta noite solitária.
Dize-me por favor para que lado ir
Para me encontrar de novo.
Mãe divina, escuta minha oração,
De algum modo eu sei que tu ainda estás aí.
Manda-me, por favor, um pouco de paz de espírito;
Leva embora esta dor.

Eu não consigo, eu não consigo, eu não consigo mais esperar
Eu não consigo, eu não consigo, eu não consigo esperar por ti
Mãe divina, escuta meu pedido,
Eu amaldiçoei teu nome umas mil vezes.
Eu senti a raiva em minha alma;
Tudo que preciso é uma mão para segurar.
Oh, eu sinto que o fim chegou,
Não mais minhas pernas vão correr.
Tu sabes que eu preferiria estar
Em teus braços esta noite.
Quando minhas mãos não mais tocarem,
Minha voz parar, eu sumir,
Mãe divina, então estarei
Deitado, salvo em teus braços.

13 novembro 2016

Sonho de um abraço noite de verão

Sonho de uma noite de verão 
Eu olhava ela e ela olhava 
Eu olhava o lado de lá Mira, mira, mira uô 

 Aquele, "olho no olho" 
Mirando os olhos da garota 
Que dançava sereia nua no ar 
Os pés descalços na areia 
Gingados, mirabolando 
Dançando feito sereia 
Aquele reggae alucinante 

Seu nome é Jack, Jack uô 
Mira, mira, mira uô 
 Sonho de uma noite de verão, mira, mira 
Sonho de uma noite de verão 
 É o ouro é o bicho 
Uma onda de calor, é dez 
Afrodite, deusa do amor 
Seu suingue ali na areia 
Sereia de tentação 
Eu olhava ela 
E ela disse não 
Sonho de uma noite de verão, mira, mira 

Sonho de uma noite de verão uô uô 
 Sonho de uma noite de verão, mira, mira 
Sonho de uma noite de verão uô uô 
Se você me procurar 
Te levo pra festa, ta, ta, ta, ta 
Se você não me quiser 
Arrumo quem me queira 
É o ouro é o bicho 

Uma onda de calor, é dez Afrodite, deusa do amor 
Seu suingue ali na areia 
Sereia de tentação Eu olhava ela 
E ela disse não Sonho de uma noite de verão, mira, mira 
Sonho de uma noite de verão uô uô 
 Sonho de uma noite de verão mira, mira. 
Sonho de uma noite de verão uô