05 outubro 2023

ACENDE-SE UMA CÉLULA VIVA

Se olharmos ao nosso redor, certas cidades por onde passamos, ficamos desanimados e temos a impressão de que seja impossível edificar uma sociedade cristã. O mundo, das vaidades, parece dominar...
E dirseia utópica a realização do testamento de Jesus, se não se pensasse nele que também viu um mundo semelhante a este e no fim de sua vida, pareceu ter sido derrotado, vencido pelo mal.
Também Ele olhava para toda aquela multidão a quem amava como a si mesmo. Ele, Deus, que a criara; queria oferecer os laços para reuniIa, como filhos ao Pai, irmão ao irmão.
Viera para recompor a família e fazer de todos uma SÓ coisa. Todavia, apesar de suas palavras de fogo e verdade podando a ramagem inútil das vaidades que sepultam o eterno, existente no homem nas pessoas, muitas pessoas, mesmo compreendendo, não queriam entender e permaneciam de olhos fechados porque à alma estava em trevas.
E isto porque Deus as criara livres. Ele podia vindo do céu a terra redimilas todas, apenas com um olhar. Mas, devia deixar para elas  criadas à sua imagem -. 1 alegria da livre conquista.
Olhava o mundo assim como nós o vemos, mas não duvidava.
De noite invocava o céu lá de cima e o céu dentro de si a Trindade que é o Ser verdadeiro, o Tudo real, enquanto fora, pelas ruas, caminhava a nulidade que passa.
É preciso fazer como Ele e não se separar do Eterno, do Incriado, que é a raiz da criação, e acreditar na vitória final da luz sobre as trevas. Passar pelo mundo, sem querer deterse nele. Olhar o céu que existe também dentro de nós e apegar-se àquilo que tem ser e valor. Tomarse uma só coisa com a Trindade que repousa na alma e a ilumina com eterna luz. Então perceberemos que, já de olhos abertos, olhamos o mundo e as coisas; porém não somos mais nós que as olhamos. É Cristo que olha em nós e percebe que há cegos, mudos e paralíticos a serem iluminados, recuperados curados. Cegos da visão de Deus dentro e fora desse; paralíticos ignorando a divina vontade que, do fundo do próprio coração, os impele ao movimento eterno que é o eterno amor.
Vemos e descobrimos neles a nossa própria luz, o nosso verdadeiro eu - Cristo: nossa verdadeira realidade neles. E, tendoo reencontrado, nos unimos a Ele no irmão. Deste modo iluminamos uma célula do Corpo de Cristo, célula viva, morada de Deus, que tem fogo e luz para comunicar aos outros. E Deus faz de duas pessoas uma só coisa e se coloca como relação entre elas: Jesus no meio.
Assim o amor circula e espontaneamente leva, como rio impetuoso, tudo o que os dois possuem, os bens espirituais e os bens materiais. Isto é testemunho eficaz e externo do amor unitivo e verdadeiro.
Mas é preciso ter coragem para não dar muita importância a outros meios, se quisermos fazer reviver um pouco de cristianismo.
É preciso fazer com que Deus viva dentro de nós, para transbordá-lo aos outros como um jorro de vida reanimando os enfraquecidos.
E mantê-lo vivo entre nós, amandonos.
Então, tudo se revoluciona ao nosso redor: política e arte, escola e trabalho, vida particular e divertimentos. Tudo. Jesus é o homem perfeito que sintetiza em si todos os homens e toda verdade.
E quem encontrou este Homem, encontrou a solução para qualquer problema humano e divino.

Chiara Lubich

09 setembro 2023

Meditação e experiências

Evangelho vivo: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque obterão misericórdia” (Mt 5,7)


O misericordioso é aquele que é capaz de perdoar aos outros e muitas vezes a si mesmo também. Entretanto, a misericórdia não é apenas uma disposição interior, mas é o caminho que nos une a Deus. Seu imenso amor por nós não é um sentimento, mas uma ação; o ato pelo qual cada um de nós ‘renasce’.

Viver em paz

Não era a primeira vez que eu tinha notado sinais de que alguém havia mexido em minhas terras. Eu nunca tinha tido inimigos e meu pai tinha me ensinado a construir boas relações, mas desta vez eu queria ver as coisas com clareza. Pedi ajuda a Nossa Senhora e uma noite entrei no pomar com outro agricultor. Como eu havia suposto, a uma certa hora vi meu vizinho chegar com dois filhos, armado com caixas de frutas. O plano era fotografá-los em flagrante: perplexos com os flashes, os três saíram imediatamente, deixando a fruta colhida no chão. No dia seguinte, à noite, a esposa do vizinho pediu a minha esposa o favor de destruir as fotos e não apresentar queixa contra seu marido. Como combinado, minha esposa respondeu: ‘Não sei de que fotos você está falando, meu marido está fora há dois dias’. A partir daquele dia, as coisas mudaram: uma gentileza incomum e prontidão para ajudar na colheita… Durante uma pausa no dia, o vizinho admitiu que tinha vindo para pegar algumas maçãs “para provar” e tinha visto flashes. Eu respondi: “Há algum tempo vêm acontecendo coisas estranhas na aldeia. Mas o importante para nós é viver em paz”. (V.S.E. – Itália)

Uma verdadeira mudança

Com a aposentadoria, refiz minha vida: um fracasso total! Não sou casada por causa da oposição de meus pais à minha escolha de um bom rapaz, mas que não era da nossa mesma “posição”. Com meus irmãos e irmãs, as relações quase foram canceladas por causa da herança injustamente dividida, de acordo com eles. Posso me considerar rica, mas criei um grande vazio dentro de mim e ao meu redor! Um dia, eu estava hospitalizada, quando uma sobrinha, que tinha vindo me visitar, proferiu uma frase que não me deixou em paz: “Tia, seu problema é que você está possuída pelo mal. Cada sinal de bondade desapareceu em você”. Quando recebi alta, procurei um padre para confiar o que me estava angustiando. Depois de me ouvir, pareceu-lhe que de alguma forma eu queria me vingar da vida, da família, de todos, e ele me incitou a pensar mais nos outros: celebrar os aniversários dos parentes com presentes, pedir notícias aos vizinhos, escrever aos ex-alunos… pequenos gestos, mas eram passos em direção à luz. Quando me sinto desesperada, ponho em prática essa sugestão. É difícil, mas eu sinto que algo está mudando. (G.I. – Espanha)

Amigas na doença

Durante o período em que minha mãe esteve no hospital, eu conheci sua colega de quarto, Klari. Mesmo estágio do câncer, mesmo ritmo de quimioterapia. Elas tinham se tornado amigas, mas algo as dividia: como uma jovem mulher, Klari tinha sido uma ativista comunista e não aceitava a fé católica professada por minha mãe. Eles não discutiam e sentia-se que nenhuma das duas abandonaram suas crenças. Entretanto, minha mãe estava sempre disponível para ajudar a Klari, que não tinha parentes, e nos envolveu na família para suas necessidades: pequenas necessidades, alguma papelada para fazer, telefonar para os amigos. Quando a condição de saúde em ambas piorou, notei uma aceitação diferente da doença: em minha mãe, que estava sempre atenta à amiga, uma grande paz brilhava; Klari, por outro lado, era impaciente e agressiva. Mas antes de entrar em coma, ela agradeceu a minha mãe pela maneira como havia estado ao seu lado. Assim, ela tornou-se realmente uma pessoa de nossa família. (P.F.H. – Alemanha)

Por Maria Grazia Berretta
(extraído de O Evangelho do Dia, Città Nuova, ano VIII, nº.2, novembro-dezembro de 2022)

22 Novembro 2022
O misericordioso é aquele que é capaz de perdoar aos outros e muitas vezes a si mesmo também. Entretanto, a misericórdia não é apenas uma disposição interior, mas é o caminho que nos une a Deus. Seu imenso amor por nós não é um sentimento, mas uma ação; o ato pelo qual cada um de nós ‘renasce’.

Viver em paz

Não era a primeira vez que eu tinha notado sinais de que alguém havia mexido em minhas terras. Eu nunca tinha tido inimigos e meu pai tinha me ensinado a construir boas relações, mas desta vez eu queria ver as coisas com clareza. Pedi ajuda a Nossa Senhora e uma noite entrei no pomar com outro agricultor. Como eu havia suposto, a uma certa hora vi meu vizinho chegar com dois filhos, armado com caixas de frutas. O plano era fotografá-los em flagrante: perplexos com os flashes, os três saíram imediatamente, deixando a fruta colhida no chão. No dia seguinte, à noite, a esposa do vizinho pediu a minha esposa o favor de destruir as fotos e não apresentar queixa contra seu marido. Como combinado, minha esposa respondeu: ‘Não sei de que fotos você está falando, meu marido está fora há dois dias’. A partir daquele dia, as coisas mudaram: uma gentileza incomum e prontidão para ajudar na colheita… Durante uma pausa no dia, o vizinho admitiu que tinha vindo para pegar algumas maçãs “para provar” e tinha visto flashes. Eu respondi: “Há algum tempo vêm acontecendo coisas estranhas na aldeia. Mas o importante para nós é viver em paz”. (V.S.E. – Itália)

Uma verdadeira mudança

Com a aposentadoria, refiz minha vida: um fracasso total! Não sou casada por causa da oposição de meus pais à minha escolha de um bom rapaz, mas que não era da nossa mesma “posição”. Com meus irmãos e irmãs, as relações quase foram canceladas por causa da herança injustamente dividida, de acordo com eles. Posso me considerar rica, mas criei um grande vazio dentro de mim e ao meu redor! Um dia, eu estava hospitalizada, quando uma sobrinha, que tinha vindo me visitar, proferiu uma frase que não me deixou em paz: “Tia, seu problema é que você está possuída pelo mal. Cada sinal de bondade desapareceu em você”. Quando recebi alta, procurei um padre para confiar o que me estava angustiando. Depois de me ouvir, pareceu-lhe que de alguma forma eu queria me vingar da vida, da família, de todos, e ele me incitou a pensar mais nos outros: celebrar os aniversários dos parentes com presentes, pedir notícias aos vizinhos, escrever aos ex-alunos… pequenos gestos, mas eram passos em direção à luz. Quando me sinto desesperada, ponho em prática essa sugestão. É difícil, mas eu sinto que algo está mudando. (G.I. – Espanha)

Amigas na doença

Durante o período em que minha mãe esteve no hospital, eu conheci sua colega de quarto, Klari. Mesmo estágio do câncer, mesmo ritmo de quimioterapia. Elas tinham se tornado amigas, mas algo as dividia: como uma jovem mulher, Klari tinha sido uma ativista comunista e não aceitava a fé católica professada por minha mãe. Eles não discutiam e sentia-se que nenhuma das duas abandonaram suas crenças. Entretanto, minha mãe estava sempre disponível para ajudar a Klari, que não tinha parentes, e nos envolveu na família para suas necessidades: pequenas necessidades, alguma papelada para fazer, telefonar para os amigos. Quando a condição de saúde em ambas piorou, notei uma aceitação diferente da doença: em minha mãe, que estava sempre atenta à amiga, uma grande paz brilhava; Klari, por outro lado, era impaciente e agressiva. Mas antes de entrar em coma, ela agradeceu a minha mãe pela maneira como havia estado ao seu lado. Assim, ela tornou-se realmente uma pessoa de nossa família. (P.F.H. – Alemanha)

Por Maria Grazia Berretta
(extraído de O Evangelho do Dia, Città Nuova, ano VIII, nº.2, novembro-dezembro de 2022)

22 Novembro 2022



Nós temos que Lembrar sempre as pessoas que construíram a Obra de Maria aqui no Brasil.



Uma vida de fidelidade


Darci Rodrigues é o exemplo de alguém que, de forma ‘mariana’, pôde passar sua vida em prol da causa da unidade.

Desde o primeiro momento em que Darci Rodrigues, uma focolarina brasileira, faleceu em 10 de fevereiro, e nas horas que se seguiram ao seu funeral, as redes sociais foram inundadas de expressões de gratidão. Ela era uma figura conhecida tanto no Brasil quanto no exterior pelos muitos cargos que ocupou no Movimento dos Focolares, o que lhe permitiu cultivar um número infinito de relações.

“Uma vida tão ocupada e exigente como a dela nunca a impediu de manter uma normalidade saudável e – de acordo com muitos – uma grande profundidade espiritual.” Saad Zogheib Sobrinho, focolarino brasileiro, escreveu sobre ela. Um comentário que parece resumir os pensamentos de muitas pessoas que com ela viveram.

Darci conheceu o carisma de Chiara Lubich quando ela ainda era muito jovem, em 1963, durante uma “Mariápolis”, reunião que durou vários dias na cidade de Garanhuns, no estado de Pernambuco.

“Foi uma experiência muito forte, fiquei fascinada, especialmente porque vi o Evangelho vivido”, disse Darci, relatando seu primeiro contato com os Focolares.

Naquela época, ela era estudante de História na Universidade do Recife, “um ambiente impregnado de idéias marxistas e de fortes críticas à Igreja”, conta. Por isso, seu encontro com Deus e sua adesão ao carisma da Unidade foram tão intensos que ela decidiu se consagrar e se tornar uma focolarina.

Após esta decisão, Darci deixou seu noivo, a família e os estudos para frequentar a escola de formação de focolarinos na Itália de 1964 a 1966. No seu retorno ao Brasil, ela começou a trabalhar intensamente a serviço dos Focolares.

De Belo Horizonte, ela se mudou para a periferia do que hoje é Vargem Grande Paulista, perto de São Paulo, para contribuir na fundação da Mariápolis Araceli (hoje Mariápolis Ginetta), um dos três centros do Movimento dos Focolares no Brasil. De lá foi para São Paulo, onde trabalhou por 20 anos à frente do Movimento na região, que naquela época incluía vários estados brasileiros no sudeste e centro-oeste do país.

Em 2002, foi eleita conselheira do Movimento para o Brasil. Mais tarde, após a morte da fundadora, Chiara Lubich, em 2008, foi reeleita conselheira e nomeada pela então presidente dos Focolares, Maria Voce, como delegada central, com um papel importante na governança do Movimento em nível internacional.

“Às vezes eu tinha que lidar com questões difíceis, mas sempre senti muita paz nesses momentos e uma ajuda especial do Espírito Santo. Muitas vezes eu tinha uma idéia já preparada, mas a certa altura Jesus me fez entender, através de alguém, que ele queria algo mais, talvez o oposto do que eu pensava. Era importante para mim confiar na presença de Jesus entre nós, não apenas no meu próprio bom senso”, diz ela.

Em maio de 2012, ela foi diagnosticada com uma doença pulmonar grave. “Depois de alguns exames”, conta, “o diagnóstico foi muito sério: o médico me disse que eu tinha que me armar com muita coragem para lutar e perseverar. Dentro de mim tinha a forte convicção de que nada acontece por acaso e que Deus tem um plano amoroso para cada um de nós”.

O tratamento teve um resultado surpreendente, para o espanto dos médicos. Deste período de tratamento, sua secretária na época, Gloria Campagnaro, diz: “A vida continuou com a solenidade e a paz de sempre, entre terapias, caminhadas recomendadas pelo médico e trabalho para o Movimento, com horas reduzidas; uma vida que trouxe fecundidade e unidade”.

Em maio de 2020, a doença retornou repentinamente. Novas hospitalizações chegaram, até que, num estado de saúde irreversível, Darci viveu seus últimos momentos cercada pelo afeto e orações de toda a comunidade do Movimento dos Focolares. Em um vídeo gravado durante este período, antes do Natal, ela reafirmou a convicção que a guiou ao longo de sua vida: “Temos Jesus em nosso meio”.

“Ela deixa uma lição exemplar de como viver plenamente um ideal de unidade e fraternidade que a humanidade tanto precisa”, disse Luiza Erundina, deputada Federal, ao saber de sua morte. Nas muitas expressões de gratidão pelo dom da vida da Darci, há referências comuns à serenidade e à alegria acolhedora que ela transmitiu a todos ao longo de sua vida, onde quer que ela estivesse. Em uma única palavra, uma presença mariana.

Luís Henrique Marques
Chefe de redação da revista Cidade Nova


22 junho 2023

Chiara Lubich: Só Deus é tudo!

Em outubro de 1946, Chiara Lubich escreveu a irmã Josefina e irmã Fidente que procuravam colocar em prática o espírito do Movimento que nascia. Neste trecho da carta percebe-se o entusiasmo e o ardor dos primeiros tempos e nos impulsiona, ainda hoje, a colocar Deus em primeiro lugar na nossa vida.

“Deus da minha alma, meu Amor, meu Tudo, fala Tu a estes dois pequenos corações.

Fala com a Tua Divina Voz.

Diz-lhes que só Tu és Tudo e que

TU HABITAS NELES!

Diz-lhes que não Te procurem fora delas, mas que Te encontrem sempre nos seus corações!

Tu sabes, Jesus, como eu as amo e como queria estar sempre com elas. (…)

SÓ DEUS É TUDO!

E esta Verdade deve ser vivida na maior Paixão pela Pobreza!

Quando é que Te amamos, Senhor?

Quando Te encontramos.

Quando é que Te encontramos com certeza?

Quando confiamos só em Ti e loucamente lançamos o olhar para o alto e Te procuramos só a Ti: Deus-Pai nosso!

E agora que, despojadas de tudo, as tuas Esposas estão convictas de que só Tu bastas, diz só agora aos seus corações que aceitem também (como eu também aceito com alegria e reconhecimento) o amor ardente que eu tenho por elas, e o desejo imenso de fazer dos seus corações aquilo que o meu coração quer ser para Ti!

(…)

Queridas irmãzinhas,

A vossa vida, tantas vezes parecida à de Jesus vivo, operante, amante na casinha de Nazaré, quanto bem poderia fazer!

Mas, vós não sabeis que uma alma que ama de modo que a sua vida seja uma contínua vida a dois (Jesus e a alma), faz tanto como se pregasse ao mundo inteiro?

Agora, já despojadas das vossas misérias, que diariamente irão dar a Deus, estão livres para amar,

AMEM!

Ele quer viver convosco. Nada mais deseja do que esta vida a dois. (…)”

Chiara Lubich

(Chiara Lubich, em Cartas dos primeiros tempos, nas origens de uma nova espiritualidade, Editora Cidade Nova – Portugal, 2011, págs. 116 a 118)


05 junho 2023

Giordani e a família


«Principal função da família é crescer e multiplicar: aumentar a vida, cooperar na obra criativa do Criador. A sua unidade não se interrompe, mas aumenta e se prolonga na prole. Na prole o amor dos esposos encarna-se, a unidade torna-se pessoa: pai, mãe, filho, formam uma vida à imagem e semelhança – de alguma maneira – da divindade da qual foram criados e são vivificados. Três pontos pelos quais passa o circuito do único amor, que parte e se alimenta do amor de Deus». (Giordani, 1942).

Ao traçar o perfil divino da família, nesse texto Giordani antecipa o que em seguida será declarado nos textos do Vaticano II, seja salientando o privilégio dos esposos de «cooperar na obra criativa do Criador», seja ao ver a família como espelho da vida trinitária, da qual deriva o seu desígnio. Uma doutrina muito amada por João Paulo II, que a inserirá como tema de suas históricas catequeses sobre o amor humano, na década de 1980.

No dia 23 de junho passado, a Comissão preparatória do Sínodo divulgou o Instrumentum Laboris, objeto de reflexão para os padres sinodais no próximo mês de outubro, para depois propor ao Santo Padre possíveis soluções a serem atuadas em favor da família. O documento, centralizado na vocação e missão da família, inicia com um olhar sobre as múltiplas problemáticas que investem a família hoje e os graves desafio culturais e sociais que a comprometem. Mas tal situação crítica não foi percebida apenas nesses tempos. Em 1975, uma carta do episcopado do Quebec continha uma análise preocupante nesse sentido. A carta tocou profundamente Giordani, ao ponto que citou alguns trechos dela num seu escrito, para depois oferecer a sua mensagem, alta e luminosa, a todas as famílias:

«As dificuldades da vida não esmagam uma família ancorada em Deus; enquanto que, em casos demais, a destroem porque ancorada apenas no dinheiro. A união dos cônjuges é a força deles: mas a união é fruto do amor. Amarem-se, portanto, faz parte do interesse terreno e celeste deles, aproveitando as provações, os sofrimentos, os desenganos, para santificar-se.

O matrimônio não une somente os esposos um ao outro, enquanto esposos, pai e mãe: une-os a Deus. Essa unidade em Deus, do homem e da mulher, dos pais e dos filhos, é o sentido mais profundo do matrimônio e da família». (Giordani, 1975).

Do Centro Igino Giordani

Trechos retirados de: Igino Giordani, Família comunidade de amor, Città Nuova, Roma, 2001 e Igino Giordani, A sociedade cristã, Città Nuova, Roma, 2010


02 abril 2023

Sem limites

Amemos o irmão. Os irmãos são a nossa grande oportunidade. Não percamos nenhuma, ao longo de todo o dia.

Amemos aqueles a quem costumamos dirigir nosso cuidado pelo fato de os vermos fisicamente ao nosso lado. 

Amemos aqueles que talvez não estejam à nossa vista. Por exemplo, aqueles de quem falamos ou se fala, aqueles de quem nos lembramos ou por quem rezamos, aqueles de quem temos alguma notícia no jornal ou na televisão, aqueles que nos escrevem ou a quem escrevemos, aqueles a quem se destina o trabalho que nos ocupa dia após dia…

Amemos os vivos e aqueles que já não estão mais na terra.

21 fevereiro 2023

Quaresma

A Quaresma é um período muito importante para a Igreja Católica e outras denominações cristãs que seguem essa tradição religiosa. É um tempo de reflexão, oração, jejum e penitência que começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos, que marca o início da Semana Santa.

Durante a Quaresma, os fiéis são convidados a se afastar das distrações do mundo e a se concentrar em sua vida espiritual. É um tempo para se examinar a consciência, refletir sobre nossas falhas e buscar o perdão de Deus. Muitos fiéis escolhem fazer algum tipo de sacrifício ou abstinência durante esse período, como deixar de comer carne ou dedicar mais tempo à oração.

A Quaresma é um tempo de preparação para a Páscoa, a festa mais importante do calendário cristão. A Páscoa celebra a ressurreição de Jesus Cristo, que é a base da fé cristã. Durante a Quaresma, os fiéis são convidados a meditar sobre a morte e a ressurreição de Jesus e a se preparar para celebrar esse evento com mais intensidade.

Além do jejum e da penitência, a Quaresma também é um tempo de caridade e de ajuda ao próximo. Os fiéis são convidados a praticar obras de misericórdia, como visitar os doentes, dar esmolas aos pobres e ajudar os necessitados. Essas obras são vistas como uma forma de imitar Jesus Cristo, que dedicou sua vida aos mais fracos e necessitados.

Ao longo da Quaresma, a Igreja oferece muitas oportunidades para os fiéis se reunirem em oração e reflexão. Há missas especiais, como a Via Sacra, que medita sobre o sofrimento de Jesus na cruz, e a celebração da reconciliação, que oferece aos fiéis a oportunidade de confessar seus pecados e buscar o perdão de Deus.

Em resumo, a Quaresma é um período muito importante para a Igreja Católica e outras denominações cristãs. É um tempo de reflexão, oração, jejum e penitência que nos ajuda a nos preparar para a Páscoa e a fortalecer nossa vida espiritual. Que todos possamos aproveitar esse tempo de graça e renovação para nos aproximarmos mais de Deus e de nosso próximo.

11 fevereiro 2023

Rezar com confiança


Para combater a pandemia, indivíduos e associações, pessoal da saúde e comunidades científicas, Governos e organizações internacionais estão agindo em  várias direções. Não faltam criatividade e generosidade, muitas vezes heroicas. A todos esses esforços vale a pena acrescentar a contribuição decisiva que advém da oração capaz de remover montanhas.

(…) Assim como toda criança desta terra confia no próprio pai, acredita nele, abandona-se totalmente a ele, transfere-lhe todas as preocupações, sente-se segura ao seu lado em qualquer circunstância, mesmo difícil, mesmo dolorosa, mesmo impossível, da mesma forma age e deve agir a “crian­ça” do Evangelho com o seu Pai celeste.

Esse modo de se comportar é sempre muito impor­tante porque, muitas vezes, somos assaltados por circunstân­cias, por acontecimentos, por provações que não consegui­mos superar apenas com nossas forças e, então, necessitamos de ajudas superiores.

Nestes dias sentimos uma necessidade toda espe­cial de ter uma grande fé no amor do Pai, na sua Providên­cia. (…) Estivemos e estamos preocupa­dos, e pensamos (…) então no que poderíamos fazer. A primeira resposta que brotou no nosso coração foi esta: rezar, rezarmos todos juntos para afastar o flagelo. E alguns mais, outros menos, certamente já começaram a fazê-lo. (…)

Rezar. Mas é preciso rezar de forma a ser atendido. Como?

(…) São João, na sua primeira carta, escreveu esta belíssima e encorajadora expressão: “Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu Amor em nós é perfeito”[1]. “O seu amor em nós é perfeito.” Mas, se o seu amor em nós é perfeito, e enquanto seu amor em nós é perfeito, somos perfeitos. Possuímos, portanto, a per­feição do amor praticando o amor recíproco.

Nestes dias (…) introduzi­mos [no Regulamento dos focolarinos] uma norma que é basilar e essencial para eles: o dever de (…) formularem um pacto com os outros focolarinos (…) de estarem prontos a morrer uns pelos outros, como re­quer o Mandamento de Jesus.

Mas esta decisão, este pacto não é certamente mo­nopólio dos focolarinos que vivem em comunidade. É lei para todos os membros da nossa Obra. Colocada em práti­ca, ela torna perfeito o amor em nós e nos torna perfeitos no amor e, assim, agradáveis a Deus e em condições de obter as graças que desejamos, inclusive as que seriam ne­cessárias para transportar montanhas.

Creio que nestes dias, se quisermos trabalhar com eficácia por um mundo unido, será preciso renovar, entre nós e com todas as pessoas que encontrarmos, que conhe­cem o nosso Movimento, esta disposição da nossa alma. Devemos, evidentemente, antes de tudo suscitar as condi­ções necessárias, criar a atmosfera adequada para depois podermos dizer, com coragem, ao outro: “Eu – com a gra­ça de Deus – quero estar pronto a morrer por você” e po­der, por sua vez, ouvir: “E eu por você”.

Depois devemos agir coerentemente, atiçando o fogo do amor para com cada próximo. (…) Baseados nisso po­demos rezar com a confiança de sermos atendidos.

 Chiara Lubich

(em uma conexão telefônica, Mollens, 13 de setembro de 1990)

07 fevereiro 2023

A capacidade humana

A capacidade humana de superação é sem dúvida uma das características mais admiráveis e inspiradoras da nossa espécie. Independentemente das circunstâncias, dificuldades ou obstáculos que possam surgir em nossa vida, nós, seres humanos, temos a capacidade de nos erguer e encontrar forças para continuar lutando. Seja através da perseverança, da resiliência ou da coragem, a capacidade de superar desafios é o que nos torna verdadeiramente humanos e é o que nos permite alcançar o sucesso e a felicidade em nossas vidas. É um poder que está dentro de cada um de nós e é apenas uma questão de acreditarmos em nós mesmos e buscarmos constantemente o autoconhecimento e o autodesenvolvimento para que possamos extrair o melhor de nós. Portanto, não desista, acredite em si mesmo e abrace sua capacidade de superação, pois ela é o que fará a diferença em sua vida.

06 fevereiro 2023

O amor ágape

O amor ágape é um dos mais poderosos e duradouros valores que um ser humano pode experimentar. É um amor incondicional, sem expectativas e sem julgamentos. Ele é uma força que nos guia, nos motiva e nos dá esperança, mesmo nas situações mais difíceis. É o amor que nos permite perdoar, dar sem esperar nada em troca e acolher o próximo como parte de nós mesmos.

Esse amor é a chave para uma vida plena e significativa, pois nos ajuda a encontrar propósito e significado em nossas ações e relações. É através dele que podemos construir ligações profundas e duradouras com outras pessoas, criando comunidades fortes e unidas.

Além disso, o amor ágape também nos oferece paz interior e alegria, pois nos permite ver o melhor em nós mesmos e nos outros. É através desse amor que podemos superar nossas diferenças e encontrar a harmonia em nossas vidas.

Em resumo, o amor ágape é uma força vital e uma escolha consciente que podemos fazer todos os dias. Quando escolhemos amar sem reservas, sem julgamentos e sem expectativas, damos a nós mesmos e aos outros a oportunidade de viver uma vida cheia de significado, propósito e felicidade.

18 janeiro 2023

Voltando

Depois de um tempo, renovo e reapareço.
Passei alguns momentos sem escrever ou postar qualquer coisa no nosso blog. Um apagão literário ou um apagão de vontades... Não sei. 
Dei-me conta que NOITES DE UM SONHO estava mais uma vez indo por um caminho que não era o idealizado em seu nascimento. 
Passei a assinar uma aba de Direito no site www.havoz.com.br, onde todas as quintas, uma matéria nova vai ao ar. 
Mudei de cidade, continuei e continuo meus estudos e, em 2023, com maior esforço porque estou escrevendo meu TCC: A FRATERNIDADE NO MUNDO DO DIREITO. 
Não dá pra parar. 
Veio as dificuldades e reflexões de uma nova vida em um município e trabalho novo e, junto, o apóio à mulher que amo. 
Houve perdas, derrotas e fracassos... Continuei. 
Não posso parar. Então vamos lá... 
A caneta não escreve sozinha.