29 maio 2020

A “chave” do Evangelho


       ABRINDO COM AMOR o Evangelho, ou, em todo caso, o Novo Testamento, durante as longas horas de permanência nos abrigos antiaéreos, vieram à tona aquelas Palavras que falam mais explicitamente de amor: “Uma só coisa é necessária” (Lc 10,42); “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 19,19); “Amai os vossos inimigos” (Mt 5,44); “Amai-vos uns aos outros” (Jo 15,17); “Acima de tudo cultivai, com todo o ardor, o amor mútuo” (1Pd 4,8).
       Pareceram-nos Palavras de uma potência revolucionária, de uma vitalidade desconhecida, as únicas capazes de mudar radicalmente a vida – inclusive a nossa, de cristãos dessa época.
ACHAMOS que era luminosíssima a Palavra do Testamento de Jesus: “Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 13,34), que, aliás, corresponde – e amplia – àquela do Testamento feito ao Pai: “Para que sejam um. […] Eu neles e tu em mim para que sejam perfeitos na unidade” (Jo 17,21.23).
       Nós a atuamos do modo como a compreendemos e a vimos como síntese de todo o Evangelho, uma síntese tão completa a ponto de ter como resultado o que de melhor se pode esperar: a plenitude da vida da Igreja, do Corpo Místico, em que os membros vivem tanto a vida de Jesus a ponto de serem outros Jesus.
       QUEM NOS IMPELIU a escolher justamente o mandamento do amor mútuo e quem colocou em nosso coração uma fé tão grande no Evangelho? O Espírito Santo. Foi Ele. A Ele, nosso agradecimento para sempre.
       ENTENDÍAMOS o Testamento de Jesus com uma compreensão que só podia ser iluminada por uma graça especial. Tendo penetrado nele – como Deus quis e na medida que Ele quis –, foi-nos mais fácil depois entender o restante do Evangelho.
       De fato, muitas vezes dávamos este exemplo: imaginem o Evangelho como uma planície, um terreno onde estão escritas todas as Palavras; e lá no fim, o Testamento de Cristo, que sintetiza todas elas. O Senhor, ensinando-nos a unidade, à qual todas as verdades evangélicas se ligam, como que perfurou o terreno, para fazer-nos penetrar no Evangelho e entender o resto dele por dentro, captando-o na raiz de cada Palavra, no seu sentido mais verdadeiro.
       QUEM VIVE a unidade vê o Evangelho com o olho de Deus e nele penetra mais ou menos em profundidade, dependendo da experiência, ou seja, da santidade armazenada em sua vida de unidade, e da intensidade com que vive o momento presente.

28 maio 2020

Porque quero revê-la em ti

       Entrei na igreja um dia e, com o coração cheio de confidência, perguntei a Ele:

       “Por que quiseste ficar na Terra,

       em todos os pontos da Terra,

       na dulcíssima Eucaristia,

       e não encontraste um modo,

       Tu, que és Deus,

       de trazer e deixar também Maria,

       a Mãe de todos nós, que peregrinamos?”

       No silêncio, parecia responder:

       “Não a trouxe porque quero revê-la em ti.

       Mesmo que não sejais imaculados,

       o meu amor vos virginizará,

       e tu, vós, abrireis braços e corações de mães à humanidade,

       que, como outrora, tem sede de seu Deus

       e da Mãe Dele.

       A vós, ora, lenir as dores, as chagas,

       enxugar as lágrimas.

       Canta as ladainhas

       e procura espelhar-te nelas!”

27 maio 2020

A falsa prudência

       O que estraga certas almas é uma falsa “prudência” — como é chamada. É uma prudência humana, que vem à tona toda vez que o divino aflora. Parece uma virtude, mas é mais antipática do que o vício. Não quer incomodar ninguém. Deixa os ricos irem para o inferno (“já tendes a vossa consolação”) (Lc 6,24) porque não os esclarece. Sabe-se lá o que poderia acontecer! Deixa que na família, ao lado, se espanquem ou até se matem, porque poderiam dizer que se está intrometendo na vida alheia, ou que se poderia acabar como testemunha no tribunal. E são só aborrecimentos! Aconselha moderação aos santos porque poderia acontecer alguma coisa com eles.

       Esta prudência, como uma mordaça, isola e se isola, porque nasce do medo.

       Sobretudo, implica com Deus, porque se Ele interferisse demais no mundo, através de seus filhos fiéis, poderia provocar uma revolução, e aqueles filhos, tanto quanto Cristo, poderiam perder a vida, odiados como Ele pelo mundo.

       É uma falsa virtude, que creio seja alimentada ou apoiada pelo demônio, que muito pode operar em semelhante clima.

       Houve alguém que jamais a teve: Jesus Cristo. Quando saiu para pregar, queriam matá-lo já na primeira fala. “Ele porém, passando pelo meio deles, prosseguia seu caminho” (Lc 4,30).

       Olhando a sua vida com os olhos desses prudentes, dir-se-ia toda ela uma imprudência. Não só! Se esses prudentes fossem lógicos em seu raciocínio, chegariam a concluir que a morte, a cruz, foi Ele mesmo quem procurou… com sua imprudência.

       Creio não haver palavra de Jesus que não esbarre nesta gente. É porque Deus e o mundo estão em antítese perfeita, e só aqueles que sabem desvencilhar-se do mundo, para seguir as pegadas de Cristo, podem dar alguma esperança à humanidade.

26 maio 2020

A imensidão de Deus

«Num momento de repouso (…) contemplando a imensidão do universo, a extraordinária beleza da natureza, a sua potência, pensei espontaneamente no Criador de tudo e compreendi numa forma nova a imensidão de Deus. (…)
Eu o descobri tão grande, tão imenso, a ponto de me parecer impossível que Ele tivesse pensado em nós. Esta impressão da sua grandeza permaneceu em meu coração por alguns dias.
Dizer agora «santificado seja o vosso nome…» ou «Glória ao Pai, ao Filho, e ao Espírito Santo» é muito diferente para mim: é uma necessidade do coração. (…)
Nós estamos a caminho. E, quando alguém viaja, já pensa no ambiente que o receberá na chegada, na paisagem, na cidade… já se prepara. Assim devemos fazer.
No céu, louvaremos a Deus? Louvemo-lo desde este momento. Deixemos que o nosso coração proclame todo o nosso amor a Ele (…). Exprimamos o nosso louvor com a boca e com o coração.
Aproveitemos para reavivar nossas orações diárias que tem esta finalidade. E rendamos glória com todo o nosso ser.
Sabemos que quanto mais anulamos a nós mesmos (como Jesus abandonado, que reduziu-se a nada) mais anunciamos, com a nossa vida que Deus é tudo, e assim Ele é louvado, glorificado, adorado (…).
Procuremos muitos momentos, durante o dia, para adorar a Deus, para louvá-lo. Façamos isso durante a meditação, ou numa visita a uma igreja, ou na Santa Missa. Louvemo-lo para além da natureza ou na profundidade do nosso coração. E, principalmente, vivamos mortos a nós mesmos e vivos à vontade de Deus, ao amor para com os irmãos.
Sejamos nós também, como dizia Isabel da Trindade, um “louvor da sua glória”. Anteciparemos assim um pouco de paraíso, e Deus será compensado pela indiferença de muitos corações que vivem hoje no mundo».

25 maio 2020

As palavras de um pai

       As palavras de um pai são sempre valiosas, pois é preciso acreditar em quem fala com amor. Mas, se um pai dita as últimas palavras antes de deixar a terra, elas ficam gravadas na alma dos filhos, e valem por todas as outras juntas: são o testamento.

       O amor paterno é nada diante do amor de um Deus.

       Também Jesus, o Deus humanado, falou. Também Ele deixou um testamento: “Que sejam um… que todos sejam um” (Jo 17,11.21).

       Quem orienta a própria vida para a unidade, centrou o coração de Deus.

       No mundo, somos todos irmãos, mas cada um passa pelo outro ignorando-o. E isso acontece mesmo entre cristãos batizados.

       A Comunhão dos Santos existe, o Corpo Místico existe. Mas, esse Corpo é como uma rede de galerias escuras.

       A energia para iluminá-las existe; em muitos é a vida da graça. Mas Jesus não queria só isto quando se dirigiu ao Pai, invocando. Queria um Céu na terra: a unidade de todos com Deus e entre si, isto é, a rede de galerias iluminada; a presença de Jesus em cada relação com os outros, além da sua presença na alma de cada um.

       Este é o seu testamento, o desejo mais precioso de Deus que por nós deu a vida.

23 maio 2020

Há quem faça as coisas por amor

       Há quem faça as coisas “por amor”. Há quem faça as coisas procurando “ser o Amor”. Quem faz as coisas “por amor”, pode fazê-las bem; mas pensando, por exemplo, em prestar um grande serviço a um irmão, digamos doente, pode aborrecê-lo com seu falatório, com seus conselhos, com suas ajudas, com uma caridade pouco sensata e pesada.

       Ele terá um mérito, mas o outro, um peso. Tudo isso porque é preciso “ser o Amor”.

       O nosso destino é como o dos astros: se giram, existem, se não giram, inexistem. Nós existimos — entendendo-se que vive em nós não a nossa vida, mas a de Deus — se não cessamos um instante de amar.

       O amor nos abriga em Deus, e Deus é o Amor.

       Mas o Amor, que é Deus, é luz, e com a luz vemos se o modo como nos aproximamos e servimos o irmão está em conformidade com o Coração de Deus, está como o irmão gostaria, como ele sonharia se tivesse a seu lado não nós, mas Jesus.

22 maio 2020

O frio


O frio gela; mas, quando excessivo, queima e corta. O vinho fortifica; mas, quando demasiado, debilita as forças. O movimento é o que é; mas quando vertiginoso, parece estático. 
O Espírito de Deus vivifica; mas quando é muito… inebria. Jesus é o Amor porque é Deus; mas o grande amor por nós levou-o a clamar “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?…” (Mt 27,46), quando Ele se mostra apenas homem.

21 maio 2020

No amor, o que vale é amar

       No amor, o que vale é amar. Assim é nesta terra. O amor — falo do amor sobrenatural, que não exclui o natural — é uma coisa muito simples e muito complexa. Exige a tua parte e conta com a parte do outro.

       Se tentares viver de amor, verás que, nesta terra, convém que faças a tua parte. A outra, nunca sabes se virá, nem é necessário que venha.

       Às vezes, ficarás decepcionado, porém jamais perderás a coragem, se te convenceres de que, no amor, o que vale é amar.

       E amar a Jesus no irmão, a Jesus que sempre a ti retorna, talvez por outros caminhos.

       Ele deixa a tua alma como aço contra as intempéries do mundo, e a liquefaz no amor por todos os que te rodeiam, contanto que tenhas presente que, no amor, o que vale é amar.

20 maio 2020

Dá-me todos os que estão sós


Senhor, dá-me todos os que estão sós…
Senti em meu coração a paixão que invade o teu, por todo o abandono em que nada o mundo inteiro.
Amo todo ser doente e só: até as plantas sem viço me causam dó…, até os animais solitários.
Quem consola o seu pranto?
Quem tem pena de sua morte lenta?
E quem estreita ao próprio coração o coração desesperado?
Meu Deus, faze que eu seja no mundo o sacramento tangível do teu Amor, do teu ser Amor: que eu seja os braços teus que estreitam a si e consomem no amor toda a solidão do mundo

19 maio 2020

A atração do tempo moderno

Eis a grande atração
do tempo moderno:
atingir a mais alta contemplação
e manter-se misturado com todos,
lado a lado com os homens. 


Diria mais:
perder-se no meio da multidão,
para impregná-la do divino,
como se ensopa
um naco de pão no vinho.      


Diria mais:
partícipes dos desígnios de Deus
sobre a humanidade,
traçar sobre a multidão recamos de luz
e, ao mesmo tempo, dividir com o próximo
a injúria, a fome, os golpes, as alegrias fugazes.     


Porque a atração
do nosso, como de todos os tempos,
é o que de mais humano e mais divino
se possa pensar:
Jesus e Maria,
o Verbo de Deus, filho de um carpinteiro;
a Sede da Sabedoria, mãe de família.

18 maio 2020

Não a minha, mas a tua


       “Não a minha vontade, mas a tua seja feita” (Lc 22,42).

       Esforça-te por permanecer na sua vontade e que a sua vontade permaneça em ti. Quando a vontade de Deus for feita na terra como no Céu, o Testamento de Jesus estará realizado.

       Olha o Sol com os seus raios.

       O Sol é símbolo da vontade divina, que é o próprio Deus. Os raios são essa divina vontade sobre cada um. Caminha para o Sol na luz do teu raio, diverso, distinto de todos os outros, e realiza o particular, maravilhoso desígnio que Deus tem sobre ti.

       Infinito número de raios, todos provenientes do mesmo Sol… única vontade, específica sobre cada um.

       Os raios, quanto mais se aproximam do Sol, mais se aproximam entre si. Também nós, quanto mais nos aproximamos de Deus, pela observância sempre mais perfeita da vontade divina, mais nos aproximamos entre nós.

       Até sermos todos um.

17 maio 2020

Dá-me todos os que estão sós


       Senhor, dá-me todos os que estão sós…

       Senti em meu coração a paixão que invade o teu, por todo o abandono em que nada o mundo inteiro.

       Amo todo ser doente e só: até as plantas sem viço me causam dó…, até os animais solitários.

       Quem consola o seu pranto?

       Quem tem pena de sua morte lenta?

       E quem estreita ao próprio coração o coração desesperado?

       Meu Deus, faze que eu seja no mundo o sacramento tangível do teu Amor, do teu ser Amor: que eu seja os braços teus que estreitam a si e consomem no amor toda a solidão do mundo.

16 maio 2020

Dilatar o coração

Precisamos dilatar o coração segundo a medida do Coração de Jesus. Quanta labuta! Mas é a única necessária. Isso feito, tudo feito. Trata-se de amar a cada um que de nós se achega, como Deus o ama. E, dado que estamos no tempo, amemos ao próximo um por vez, sem guardar no coração resquícios de afeto pelo irmão encontrado um minuto antes. Afinal, é o mesmo Jesus que amamos em todos. Mas, se o resquício fica é porque amamos o irmão de antes por nós mesmos ou por ele… não por Jesus. E aí está o problema.

       Nossa obra mais importante é manter a castidade de Deus, ou seja, manter no coração o amor, amar como Jesus ama. Portanto, para ser puro não é preciso tolher o coração e nele reprimir o amor. É preciso dilatá-lo segundo a medida do Coração de Jesus e amar a todos. Como basta uma hóstia santa entre os bilhões de hóstias na Terra para nos alimentarmos de Deus, basta um irmão — aquele que a vontade de Deus nos põe ao lado — para comungarmos com a humanidade, que é Jesus místico.

       E comungar com o irmão é o segundo mandamento, aquele que vem imediatamente após o amor a Deus e como expressão dele.

15 maio 2020

EM CRISTO VERDADE

       “Quem é fiel nas coisas mínimas,
      é fiel também no muito.” (Lc 16,10)

       Se a Escritura ensina a fazer bem as pequenas coisas, esta é mesmo a característica de quem, com todo o coração, não faz outra coisa senão o que Deus lhe pede no presente.

       Se alguém vive o presente, Deus vive nele, e se Deus está nele, nele está a caridade. Quem vive o presente é paciente, é perseverante, é meigo, é pobre de tudo, é puro, é misericordioso, porque possui o amor na sua expressão mais alta e genuína; ama realmente a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças; é iluminado interiormente; é guiado pelo Espírito Santo e, por conseguinte, não julga, não faz mau juízo, ama o próximo como a si mesmo, tem a força da “loucura” evangélica de “oferecer a outra face” e de “caminhar duas milhas” (cf. Mt 5,39.41).

       Encontra-se, muitas vezes, na situação de “dar a César o que é de César” (cf. Mt 22,21), pois deverá viver plenamente a sua vida de cidadão em muitas ocasiões. E assim por diante. Afinal de contas, se quem vive o momento presente está no Caminho e na Vida, está também em Cristo Verdade.

       E isto sacia a alma, que sempre anseia por tudo possuir em cada instante de sua existência.


14 maio 2020

Exigências do amor verdadeiro

A caridade é uma virtude importantíssima, é tudo. Portanto, convém, desde já, empenharmo-nos em vivê-la um pouco melhor. Para tanto, é preciso saber quais as coisas que a fazem especial.

       Diz um pensador: “Amar é bom; saber amar é tudo”. Sim, saber amar, porque o amor cristão é uma arte, e é preciso conhecer essa arte.

       Um grande psicólogo de nosso tempo disse: “Muito raramente, a nossa civilização procura aprender a arte de amar e, apesar da busca desesperada de amor, todo o resto é considerado mais importante: sucesso, prestígio, dinheiro, poder. Gastamos quase toda a nossa energia para alcançar esses objetivos e não reservamos nenhuma para conhecer a arte de amar”.

       A verdadeira arte de amar emerge por inteiro do Evangelho de Cristo. Colocá-la em prática é o primeiro e imprescindível passo a ser dado para que se desencadeie a revolução pacífica, mas tão incisiva e radical, que muda tudo. Ela atinge não apenas o campo espiritual, mas também o humano, renovando cada sua expressão: cultural, filosófica, política, econômica, educativa, científica etc. É esse o segredo da revolução que possibilitou aos primeiros cristãos invadirem o mundo então conhecido.

       Arte que exige empenho, arte com fortes exigências…

       É uma arte que pretende que se vá além do horizonte restrito do amor simplesmente natural, muitas vezes dirigido quase unicamente à família e aos amigos. Aqui, o amor deve ser orientado a todos, ao simpático e ao antipático, ao bonito e ao feio, ao conterrâneo e ao estrangeiro, de minha religião ou de outra, de minha cultura ou de outra, amigo, ou adversário, ou inimigo que seja. É preciso amar a todos como o Pai celeste que manda Sol e chuva sobre bons e maus.

       É um amor que estimula a amar primeiro, sempre, sem esperar ser amado. Como fez Jesus Cristo, o qual deu a vida por nós, quando ainda éramos “maus” e, portanto, não amávamos.

       É um amor que considera o outro como a si mesmo, que vê a si mesmo no outro. Dizia Gandhi: “Tu e eu somos uma só coisa. Não te posso fazer mal, sem me ferir”.

       Esse amor não é feito apenas de palavras ou de sentimento, é amor concreto. Exige que nos “façamos um” com os outros, que “vivamos”, de certo modo, o outro em seus sofrimentos, em suas alegrias, em suas necessidades, para entendê-lo e poder ajudá-lo com eficácia.

       Essa arte pretende que amemos Jesus na pessoa amada. De fato, embora esse amor seja dirigido a determinado homem, a uma mulher em especial, Cristo considera como feito a si tudo o que a eles se fez de bom e de ruim. Ele disse e repetiu, falando da cena grandiosa do juízo final: “Foi a mim que o fizestes… Foi a mim que o fizestes” (cf. Mt 25,40).

       Vivida por muitas pessoas, essa arte de amar leva ao amor mútuo: na família, no trabalho, nos grupos e no campo social. Amor recíproco, pérola do Evangelho, Mandamento Novo de Cristo, que constrói a unidade.

       São essas as características do amor verdadeiro. São as exigências que o tornam especial e que inferimos do Evangelho.
     
         

13 maio 2020

A caridade

       Amar. Deus convoca todos os cristãos a amar. É porque, no cristianismo, o amor é tudo.

       Santo Agostinho, mestre da caridade, diz em tom muito forte:

       “Só o amor diferencia os filhos de Deus…

       Se todos fizessem o sinal da cruz (que é um ato religioso), se todos dissessem amém e cantassem o aleluia (ou seja, se praticassem as liturgias, que são muito importantes, mas só fizessem isso…); se todos recebessem o batismo e entrassem nas igrejas, se mandassem erguer as paredes das basílicas, permaneceria o fato de que só a caridade distingue os filhos de Deus…

       Quem possui a caridade nasceu de Deus, quem não a possui não nasceu de Deus. Eis o grande critério de discernimento.

       Se tu tivesses tudo, mas te faltasse essa única coisa, de nada serviria o que tens. Se não tens outras coisas, mas possuis essa, cumpriste a lei…"

12 maio 2020

Sua hora

TUDO tem sua hora própria.
"O próprio céu tem horário para as trevas e para a luz".
Aprenda com a natureza!
Se em certas horas precisamos receber, não se esqueça de que, noutras horas, temos obrigação de dar.
Ajude, pois, mas sem querer substituir-se a quem você ajuda.
Cada um precisa caminhar com seus próprios pés, para aprender a viver.
Saiba distinguir o momento oportuno de dar e de receber.

11 maio 2020

Uma nova visão dos irmãos

      “Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”.
      Portanto, Jesus queria ser amado na pele dos nossos irmãos e também nos mais pequeninos?
      As diversas e, no entanto, sempre iguais considerações humanas sobre o “antipático” ou sobre o “simpático”, sobre o “bonito” ou sobre o “feio”, sobre o “irritante” ou sobre o “afável”, sobre o “idoso” ou sobre o “jovem”, dissolviam-se num único conceito: é Jesus que deve ser amado no irmão; a Ele devemos olhar e a Ele fazer aquilo que gostaríamos que lhe fosse realmente feito.
      “Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (cf. Mt 22,39).
      E para onde iam o egoísmo, a consideração do próprio eu, os apegos às próprias vaidades, se o irmão devia ser amado como a si mesmo? Dissipavam-se na caridade de Deus.

08 maio 2020

Cada relacionamento seja caridade

      É preciso traduzir em caridade, transformar em caridade, os diversos contatos que mantemos com o próximo durante o dia.
      Do momento em que nos levantamos de manhã, até à noite quando vamos dormir, cada relacionamento com os outros deve ser caridade. Na igreja, em casa, no escritório, na escola, na rua, devemos encontrar as várias ocasiões para viver a caridade.
      É nossa tarefa ensinar, instruir, governar, dar de comer, vestir, acudir os familiares, servir os clientes, despachar? Devemos fazer tudo isso por Jesus nos irmãos, sem descuidar de ninguém, aliás, sendo os primeiros a amar a todos.
      É uma ginástica, ao longo do dia, mas vale a pena, porque, assim, progredimos no amor de Deus.

07 maio 2020

Perdoe

SE alguém não o compreende, perdoe, e siga em frente!
Não guarde em seu coração mágoas e ressentimentos, medo e tristeza.
Caminhe para a frente!
Quanta gente espera de você apoio, compreensão e carinho!
Se não o compreendem, não se importe.
Perdoe e siga em frente, porque em todos os caminhos encontraremos sempre lições preciosas, que nos farão progredir.


06 maio 2020

Não se desespere

SE está desempregado, não se desespere, não amaldiçoe a sorte.
Enfrente as dificuldades corajosamente.
Não pense, em abandonar a vida.
Não seja covarde!
Você pode vencer!
Você vai vencer!
Não recuse trabalho pelo fato de ser modesto.
O grande Ford começou a vida como simples mecânico.
Tenha coragem, porque o Pai não abandona a ninguém.


05 maio 2020

Pensamento de louvor

LOGO que o sol despontar no horizonte, saúde-o com um pensamento de louvor ao Pai e Criador, levantando-se também e iniciando seu trabalho.
Mantenha firme em sua mente os desejos de ajudar a todos e de cumprir com perfeição todas as suas obrigações.
E, assim, poderá deitar-se, ao finalizar o dia, com a consciência feliz, por  haver cumprido seu dever.

04 maio 2020

A primeira qualidade do amor


      A primeira qualidade do amor cristão é amar a todos.

      Essa arte de amar pretende que amemos a todos, sem distinção, como Deus ama. Não há que escolher entre simpático ou antipático, idoso ou jovem, compatriota ou estrangeiro, branco ou negro ou amarelo, europeu ou americano, africano ou asiático, cristão ou judeu, muçulmano ou hinduísta…

      Valendo-nos de uma linguagem bastante conhecida hoje, podemos dizer que o amor não conhece “nenhuma forma de discriminação”.

03 maio 2020

A caridade


      Amar. Deus convoca todos os cristãos a amar. É porque, no cristianismo, o amor é tudo.

      Santo Agostinho, mestre da caridade, diz em tom muito forte:

      “Só o amor diferencia os filhos de Deus…

      Se todos fizessem o sinal da cruz (que é um ato religioso), se todos dissessem amém e cantassem o aleluia (ou seja, se praticassem as liturgias, que são muito importantes, mas só fizessem isso…); se todos recebessem o batismo e entrassem nas igrejas, se mandassem erguer as paredes das basílicas, permaneceria o fato de que só a caridade distingue os filhos de Deus…

      Quem possui a caridade nasceu de Deus, quem não a possui não nasceu de Deus. Eis o grande critério de discernimento.

      Se tu tivesses tudo, mas te faltasse essa única coisa, de nada serviria o que tens. Se não tens outras coisas, mas possuis essa, cumpriste a lei…”

02 maio 2020

Caminhe

CAMINHE sempre resolutamente no sentido de seu progresso.
Se não quisermos acompanhar a evolução do universo, seremos arrastados a isso por meio da dor, progrediremos de qualquer forma.
Então, siga à frente voluntariamente.
E não dê ouvidos ao caluniador.
Siga à frente e deixe que os caluniadores fiquem falando sozinhos.
Caminhe  resolutamente no sentido do seu progresso, e nenhuma voz malévola chegará a seus ouvidos.


01 maio 2020

É Jesus

Cedo ou tarde, “fazer-se um” “conquista”.
      O que sucede é que também o outro começa a amar, quer “fazer-se um”, tenta e procura “fazer-se um” com todos, também conosco.
      Acontece, então, que somos dois a “nos fazermos um”, a nos amarmos realmente como Jesus quer. E Ele quer que nos amemos até morrer um pelo outro. Não significa que nos amemos esperando morrer amanhã, depois de amanhã ou no ano que vem. Quer que morramos agora, quer que vivamos mortos, mortos para nós mesmos, porque vivos para o amor.
      Então, quando duas pessoas se encontram e se amam assim, eis que acontece um fato extraordinário, realmente extraordinário.
      É como quando dois elementos se combinam e dali surge um terceiro, que não é o somatório de dois elementos, mas é outra coisa. Do mesmo modo, quando duas pessoas se amam dessa maneira, ou seja, tendo a morte como medida do amor, surge um terceiro elemento. Não são mais uma e outra, não é uma mescla de duas pessoas, nem um grupo de duas ou mais pessoas: é Jesus! Jesus! Uma coisa fantástica!
      “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome (que quer dizer nesse amor, em mim)” — diz Jesus —, “Eu estou ali, no meio deles” o que significa: neles.
      Dois ou mais que se amam desse modo levam ao mundo, geram no mundo, uma chama: o próprio Jesus.