Igino Giordani
(1894 – 1980)
Cofundador do Movimento dos Focolares
Nasce em Tívoli (Itália) em 1894 de uma família de origem humilde; é o primeiro de seis filhos. Na conclusão dos estudos, explode a Primeira Guerra Mundial e Giordani a transcorre na trincheira. Não dispara nem mesmo um tiro contra o inimigo, porque o cristianismo proíbe matar e por esta sua escolha corajosa fica gravemente ferido. Entre os hospitais militares, se forma em Letras e Filosofia. Casa-se em 1920, com a esposa Mya com a qual terão 4 filhos.
A escolha pela paz permeia toda a vida de Giodani, no campo pessoal e profissional.
A sua ideia de paz brota diretamente da lei da caridade, da exigência de solidariedade, junto com as instâncias racionais, sociais e econômicas. Costumava dizer que a guerra é um homicídio (mata o homem, contra o Quinto Mandamento), um deicídio em efígie (suprime no homem a criatura e a imagem de Deus), e um suicídio, porque a humanidade é, especialmente hoje, um organismo único, que se autodestrói ferindo-se nos conflitos.
A sua ideia de democracia parte do conteúdo ético da relação entre os homens, portanto o reconhecimento da dignidade de cada um e do valor de cada um na determinação do bem comum. Em tal sentido, o seu espírito democrático tem raízes na inspiração cristã. Em alguns célebres livros, como Desumanismo [Disumanesimo] (1941), Pioneiros cristãos da democracia [Pionieri cristiani della democrazia] (1950) e As duas cidades [Le due città] (1961), põe em relevo a política como a organização mais elevada do amor cristão. Não só. Bem consciente de que a política é um campo, mais do que os outros, exposta “à corrupção, à mentira, à ambição” – escreve até mesmo que “o poder sataniza” (1962). Lança esta mensagem, hoje mais do que nunca atual: se todos temos necessidade de santidade, “os estadistas, os legisladores, os administradores da coisa pública precisam de uma ração dupla dela” (1962).
A coragem da coerência política
Giordani pode ser tomado como testemunha de uma cultura política que valoriza a coerência, o diálogo, a edificação da paz. Giordani era um homem profundamente livre, inclusive dos condicionamentos do poder: a sua vida nos interpela ainda hoje.
Entre os primeiros a aderir ao Partido Popular Italiano
A sua biografia política começa a partir de 1919, quando o encontramos entre os primeiros a responder ao “apelo aos livres fortes” lançado por padre Luigi Sturzo, fundador do recém-nascido Partido popular. Põe-se em evidência ao grande público através de Revolta católica [Rivolta cattolica] (1925), um livro de acesa oposição ao irrefreável sistema de poder fascista, duro com as alas católicas que cediam às adulações do regime. Já neste texto, afirma a exigência de basear a convivência humana na fraternidade universal. Através de alguns de seus livros apologéticos desafia as ideologias do seu tempo e afirma o espírito de serviço e de caridade que deve animar a política e o poder.
Santidade e política
Candidata-se às eleições de 1924 e de 1946. Em 1946 entrando nos palácios da política, como membro da Assembleia Constituinte e Parlamentar da Câmara dos Deputados pela Democracia Cristã, se faz esta pergunta: “pode um político ser santo?”. Promovido a diretor de “Il Popolo”, jornal de partido, no seu diário anota: “difundir a santidade a partir de uma pobre folha de jornal; difundir santidade a partir de um corredor de passos perdidos*… quem fará este milagre?”.
Bem cedo na nova experiência política encontra não poucas dificuldades. Para não violar a retidão profissional submetendo o jornal aos jogos das correntes de partido, escolhe se demitir da direção; e reza: “esta humilhação sirva para me recolocar, alma nua, diante de Ti, Senhor”. Deve registrar “incompreensões, calúnias, zombarias, abandonos”, que lhe conseguem “desilusões e amarguras”; compreende que são ‘provações’ para se santificar.
Inoxidável pacifista
O seu compromisso com a paz é profético e convicto: é pacifista durante os anos dramáticos do primeiro conflito mundial, quando a sociedade civil estava dividida entre neutralistas e intervencionistas. É pacifista quando preconizava os Estados Unidos da Europa, desde os primeiros anos 1920. E ainda, anseia pela paz e pela fraternidade universal quando – num célebre discurso parlamentar de 1949 – adere ao Pacto Atlântico, entendendo-o não só como um instrumento de defesa, mas um princípio para uma pacificação entre os povos europeus, compreendida a Rússia. A sua ideia de paz brota diretamente da lei da caridade, da exigência de solidariedade, junto com as instâncias racionais, sociais e econômicas. “A guerra é um homicídio” (mata o homem, contra o Quinto Mandamento) “é um deicídio em efígie” (suprime no homem a criatura e a imagem de Deus), e é um suicídio, porque a humanidade é, especialmente hoje, um organismo único, que se autodestrói ferindo-se nos conflitos.
Após a saída do Parlamento, que aconteceu em 1953, Giordani deixa a política do Palácio para se dedicar à edificação de uma cultura social e política nova, medida sobre uma dimensão maior: a família humana. O encontro com Chiara determinou na sua vida uma reviravolta. Dirá mais tarde: “Todos os meus estudos, os meus ideais, as próprias vicissitudes da minha vida a mim se apresentaram dirigidos a esta meta… Poderia dizer que antes tinha procurado; agora encontrei”.
É fascinado pelo radicalismo evangélico da “espiritualidade de comunhão” anunciada e vivida por Chiara. A nova reviravolta na vida de Giordani produz uma mudança tão profunda que – escreve – “causou um choque nos amigos”. A sua veia polêmica se transforma e Giordani adquire uma nova e marcada sensibilidade ao diálogo profundo. O seu empenho, de individual se faz comunitário e será recolhido, com o passar do tempo, por uma multidão de políticos: do pequeno grupo de Parlamentares que se formou nos anos 1950 a quantos em todo o mundo formam o Movimento político pela unidade, fundado por Chiara Lubich em 1996.
Giordani morreu no dia 18 de abril de 1980 e agora está em andamento a causa de beatificação