Às escolas dos focolarinos/as
Loppiano, 22 de junho de 1981 – Introdução […]
Então, sem fazer mais preâmbulos eu lhes digo o que é que eu procuro viver
hoje. Bem, antes uma experiência de ontem. Todos juntos (provavelmente vocês já sabem) tínhamos nos colocado de acordo em nos concentrarmos sobre uma frase de Santa Teresa do Menino Jesus, uma que diz: “Tu sabes meu Deus, que para amar-Te só tenho hoje”. Ela estava consciente de que o passado tinha passado (estava morrendo, parece-me que a disse no fim da vida), naturalmente não sabia que futuro tinha, então estava bem concentrada no “hoje” e repetia: “Tu sabes meu Deus que para amar-Te não tenho senão hoje”. Com os focolarinos do Conselho dissemos: “procuremos viver assim” e é a experiência que estamos fazendo há dois dias: “Tu sabes meu Deus que para amar-Te não tenho senão este dia”. Só que nós a modificamos um pouco, segundo o Ideal, e dissemos assim: “Tu sabes meu Deus que para Te amar não tenho senão agora, já”. Então, eu experimentei viver assim.
E notei, com grande alegria e até com surpresa que, vivendo no momento presente esta frase: “Tu sabes meu Deus que para Te amar não tenho senão agora”, eu me concentrava, “me endireitava” continuamente no sobrenatural, procurando amá-Lo, fazendo a Sua Vontade, com todo o coração, no presente. A minha impressão foi esta: de uma pessoa, uma alma que está de pé, que se endireita, vivendo continuamente assim; repetindo-o a mim mesma muitas, muitas vezes: “Tu sabes meu Deus que para amar-Te não tenho senão agora”. Mas durante o dia se sobrepôs outro conceito: eu poderia dizer em vez de: “Tu sabes meu Deus que para amar-Te não tenho senão agora”, em vez de Deus dizer: Jesus abandonado, porque se vê que há alguma coisa que me atrai para a minha vocação, lembrando-me também que escrevi: “Tenho um só Esposo na terra, não tenho outro Deus senão Ele…”, porque na terra, nós, devemos amar Deus na cruz. Então, durante o dia de ontem procurei mudar e dizer: “Tu sabes Jesus – referindo-me a Abandonado – que para amar-Te não tenho senão agora”. Só que esta ideia de Jesus, esta palavra: “Jesus” colocada no lugar de Deus, concentrava-me mais sobre o que é a dor no momento presente. Por exemplo: a renúncia à minha vontade ou por exemplo a mortificação, se era necessária, o abraçar uma dor que surgisse, uma separação, se fosse preciso… E via realmente que a alma “se endireitava” muito bem: “Tu sabes Jesus que para amar-Te não tenho senão agora”! E uma alegria, que nem lhes digo, porque no fundo do nosso coração se vê que existe este desejo, deve ter sido o Espírito Santo que o colocou sem o qual não estamos saciados, não ficamos satisfeitos: “Tu sabes Jesus que para amar-Te não tenho senão agora”. E constatar que agora eu posso me endireitar, que agora eu posso renunciar, agora posso me mortificar, agora posso fazer uma pequena penitência, neste momento posso me desapegar, que agora posso abraçar o sofrimento para fazer bem a Vontade de Deus no presente. Por exemplo, eu devo me desapegar muito da pressa, porque estou sempre com pressa de fazer coisas demais. Reparei que “me endireitava”. E naquele momento me lembrei de uma imagem que usava Sta. Catarina de Sena, dizia que nós devemos ser como uma chama, mas uma chama reta. Entendi por que ela diz isso: porque realmente, vivendo o Evangelho, que é renegar a si mesmo, fazer a Vontade de Deus, seguir Jesus assim… a alma tem a impressão de “se endireitar”.
Pois, eu queria lhes deixar esta experiência: experimentem, experimentem viver
o dia inteiro assim, recolhendo-se e dizendo a Jesus dentro de vocês: “Tu sabes Jesus, que para amar-Te não tenho senão agora”. Verão que a vida se transforma!
Qual é a diferença entre antes e agora?
A diferença é esta: antes eu também procurava fazer a Sua Vontade e procurava renunciar a mim mesma, renunciar a todas as coisas que não são realmente a vontade de Deus límpida. Porém, no fim do dia eu não estava muito satisfeita, lhes digo a verdade, não estava, me parecia que embora tivesse me concentrado todo o dia, o mais possível, naturalmente com todos os erros, as imperfeições e as fraquezas, para fazer bem a vontade de Deus, no fim me parecia ter amado pouco Jesus, que o tinha amado pouco, não sei porquê. Eu daria esta explicação: porque não era tudo amor puro, porque fazer a sua vontade é belo! (Por exemplo: estar aqui com vocês, é belo, ‘popos’!) Então o que é? Nós o amamos fazendo a sua vontade, mas ao mesmo tempo amamos a nós mesmos.
Mas onde existe um amor realmente purificado é quando se renega a nós mesmos, é onde está a cruz, onde houver mortificação, a renúncia, onde vamos contra nós mesmos.
No entanto, como eu disse nos dias anteriores, quando vamos contra nós próprios são contínuas podas e onde existe a poda, ali está a vida, desabrocha a vida, nasce a vida, exatamente como se passa com as podas das árvores que a seguir têm os brotos! Ontem, eu senti (lhes digo isto como experiência, embora tive que fazer o exame de consciência e dizer: ‘errei aqui, errei ali, errei lá, logicamente) que havia uma diferença substancial entre anteontem e ontem, porque talvez – agora já entendo – provavelmente porque, amando a Deus no Abandono, em Jesus abandonado, a vida é uma contínua poda e é um contínuo jato de vida nova, de um algo de divino que vive em nós. Isto à noite nos faz dizer… faz com que você faça a Visita, diante de Jesus e diga: “Bem, enfim, como é a situação? Olha Jesus, tenho que dar a você também a satisfação, porque surge também a satisfação, me parece mesmo, sinceramente, devo dizer: ‘correu melhor, correu muito melhor; correu melhor, muito melhor. Porém agora não me apego sequer à satisfação, também a ofereço a você, porque não devo me apegar, a ofereço”. E compreendi uma coisa… mas realmente: de felicidade se pode arder! Eu nunca tinha entendido isso, nunca tinha experimentado. Que se pode viver de felicidade, que se pode experimentar a felicidade, pode-se experimentar uma bem-aventurança celeste, mas “arder dentro” de felicidade… experimentem! É assim! […]
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