24 maio 2017

O único tudo

Aos habitantes da Mariápolis Renata
Loppiano, 19 de fevereiro de 1986 – resp. n.15

Chiara, quando você fala do focolare diz que nós vivemos entre duas chamas:
Jesus dentro e Jesus no meio. Às vezes acontece que esta chama dentro de mim se enfraquece, porque é mais forte o meu eu, os meus desejos. E a outra chama, por consequência se torna pequena. O que fazer para que esta chama esteja sempre acesa e possa crescer?

Quando você perceber que a chama dentro se tornou pequena, é preciso amar Jesus Abandonado e amá-lo exatamente nesta situação. Amar Jesus Abandonado, porque Ele era realmente como a chama que estava se apagando. Nele se vê a aplicação da frase da "mecha que ainda fumega” (1). Parece mesmo que não haja mais o amor. Ele está se apagando. E, ao invés, reage e diz: “In manus tuas, Domine, commendo spiritum meum”.

Vejam, nós devemos ser loucos por Jesus Abandonado. O que significa ser louco? Quem é um louco? O louco é aquele que tem uma única ideia fixa. Nós devemos ter a ideia fixa de Jesus Abandonado. Portanto, também pensar nas nossas fraquezas: "Eu estou me apagando, eu sou assim. São mais fortes os meus desejos, vem em evidência o meu eu”. Sim, podemos também pensar, mas de relance, como uma coisa passageira, mas não devemos parar nisso. Nem sequer pensar demais nos nossos pecados, basta o necessário para confessá-los. Não é isso que devemos amar. É Jesus Abandonado que deve ser amado. Portanto, mesmo se os nossos pecados nos colocam na condição de amar Jesus Abandonado, porque nos sentimos pecadores, porque sentimos que a chama se apaga, a única coisa que devemos fazer é amar Jesus Abandonado. 

Aliás, eu lhes disse antes, que é preciso amar a Palavra, amar o “collegamento”. 
Mas a Palavra das Palavras é exatamente Jesus Abandonado. Recordem que os doidos por Jesus Abandonado, os loucos – "a loucura da cruz", dizem – os santos foram aqueles que chegaram à loucura da cruz, são aqueles que têm uma única ideia na cabeça. Nós devemos ter como ideia Jesus Abandonado, venha de onde vier e nunca parar no resto. Se nós pararmos nas outras coisas, caímos no “homem velho”, na morte.

Enquanto que, ao invés, se formos em frente com Jesus Abandonado, somos sempre o "eis-me aqui" diante de Jesus Abandonado, sempre o fruto maduro, pleno, somos a Ressurreição, somos o Ressuscitado.


(1) Is 42, 3 – Mt 12, 20

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