01 junho 2017

Eis-me aqui!

Rocca di Papa, 15 de dezembro de 1983
[…]

Como vocês sabem, nestes dias estamos comemorando o 40° aniversário do
nascimento do Movimento dos Focolares e o nosso pensamento não pode deixar de
retroceder àqueles primeiros dias da nossa nova vida. Neste ano em que todo o
Movimento aprofunda a realidade de Jesus Abandonado como chave da unidade da
alma com Deus, não podemos deixar de lembrar, ainda uma vez, aquele fato bastante
conhecido, quando as primeiras focolarinas, removendo tudo o que possuíam e ficando
apenas com os colchões para dormir, mantiveram fixado na parede, um único objeto:
um quadro com a imagem de Jesus abandonado, para demonstrar-lhe, com este ato, o
seu amor prioritário, ou melhor, exclusivo. E todas as manhãs, rezavam diante Dele:
"Porque foste abandonado...".
Mas o que significavam aquelas três palavras? Exatamente isto: eu vivo porque
Tu foste abandonado e, por causa disso, quero ter, como motivo da minha vida, somente
Tu; com este gesto, quero dedicar-me a amar-Te nas dores, nos irmãos cujos
sofrimentos fazem com que recordemos de Ti, amar-Te naqueles objetivos da Obra que,
naquela época, por estarem germinando, podia-se apenas vislumbrar.
Mas o significado principal não era esse. Com aquela expressão desejava-se
dizer a Jesus: “Porque foste abandonado (e com isso tínhamos sido salvos, sendo, eu
também, morta e ressuscitada contigo), eis-me aqui Jesus, completamente renovada,
como Tu queres, também neste dia; a todo momento eu serei a resposta ao teu por que,
um fruto do teu abandono. Não um fruto qualquer, mas um fruto digno: belo, pleno,
saboroso, dourado. Portanto, não basta para mim o fato de ter recebido a fé, a vida, com
o batismo que tu obtiveste para mim com a tua cruz e o teu abandono, mas quero
corresponder plenamente a estes dons. "Eis-me aqui, Jesus!". Enfim, desejava-se dizer,
desejava-se declarar: "Porque foste abandonado, eis-me aqui!".
Caríssimos, justamente neste mês a Palavra de Vida diz: "Produzi, então, frutos
que provem a vossa conversão" (Mt 3, 8). Frutos que "provem a nossa conversão" são
todos os atos de amor que podem ser feitos ao próximo.
Mas com a oração acima convido também todos vocês a fazerem, por Ele, se
possível, alguma coisa a mais: serem, vocês mesmos, um fruto digno, repetir-lhe toda
manhã, reafirmar-lhe com a vida durante todo o dia: "Porque foste abandonado, eis-me
Atrás daquele quadro – como muitos de vocês sabem – estava escrito: "A minha
vinha está sempre diante de mim", como se estas palavras tivessem sido ditas por Jesus.
Nestes quinze dias esta frase deverá se concretizar perfeitamente: eu, os
setecentos focolarinos, todos nós, as cinquenta mil pessoas, ou mais, de todo o mundo
com as quais estamos ligados, faremos de tudo para estarmos diante Dele como um
fruto digno. Estou certa de que ninguém faltará a este apelo.
Ele nos amou. Nós devemos responder a esse amor.

Nenhum comentário: