Caro Jesus
Escolhi como minha herança o teu abandono, quando me sinto abandonada.
Reconheço muitas vezes ao dia que Tu morreste pelos meus pecados e pelas
minhas infidelidades; mas quando cometo algum pecado, perco a paz, como se não
pudesse ser mais perdoada.
Iludo-me dizendo que é delicadeza de consciência a obsessão que minhas
infidelidades provocam em mim, mas na verdade, trata-se de orgulho refinado.
Ainda que tivesse cometido de olhos abertos, que importa Jesus?
Seria a prova de que não te amo, mas não deve ser motivo para não te amar
no futuro, pelo contrário!
Acreditar no teu amor, mesmo se sou mesquinha, quer dizer ser fiel à tua
herança. O teu Amor seria menos divino se me amasses por eu ser virtuosa.
Reconhecer-te, abraçar-te nas humilhações que seguem minhas infidelidades
agrada-te pois, então, só o amor te pode reconhecer. A inteligência não chega a
tanto.
“Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é Amor” (Jo 4,8).
O Ideal da santidade não consiste na alegria que experimento depois de uma
vitória sobre mim mesma e tampouco no me sacrificar pelos irmãos até a morte
com a certeza de Te agradar; seria demasiado.
O Ideal da santidade consiste em Te procurar quando não te sinto, quanto
por ter seguido minha natureza, Te sinto distante.
A santidade não consiste em ser sem defeitos, mas em acreditar no teu
Amor, não obstante, e precisamente, pelos meus defeitos.
Faz, Jesus Abandonado, que eu seja fiel à tua herança que, num
arrebatamento de amor, escolhi para mim.
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