05 junho 2017

A minha noite não conhece escuridão

Aos focolarinos do IV curso de Loppiano
Rocca di Papa, 10 de junho de 1976 – resp. n.6


Como sinto muitas vezes dentro de mim uma grande dor por esta humanidade tão desorientada e sem luz, chego a imaginar o quanto você deve sofrer, Chiara.
Pode nos dizer alguma coisa?

Vejam, realmente vocês têm razão. Eu sinto, como senti dias atrás, uma grande dor, agora não me lembro exatamente por qual motivo, porque todos os dias vemos todos esses massacres, todas estas coisas, e também a possibilidade de que o comunismo chegue na Itália, o que seria uma tragédia. Não me lembro o que tinha acontecido, mas era algo muito grave, e sentia como uma pedra aqui dentro de mim; não sabia o que fazer, parecia que tudo dependia de mim, de indicar uma direção para a Obra, para fazer alguma coisa, uma nova orientação, algo novo, enfim! que iniciássemos alguma coisa.
Mas estava vivendo a Palavra de Vida, aquela que vocês já sabem: "A minha noite não tem escuridão" e então, com grande esforço, eu disse: "Mas a minha noite não tem escuridão", amei Jesus abandonado, estreitado a mim, consumado em um, assumindo como minha aquela dor e consegui ir para frente e viver.
Mas não é que o que eu fiz teve consequências só em mim, que não sinto mais a dor. Sem dúvida este ato de amor repercute também no mundo, contribui para a comunhão dos santos. 
Por isso, a única coisa a ser feita, quando experimentam tudo isto, é: "A minha noite não tem escuridão", enfim; abraçar imediatamente e dizer: "Eu quero esta minha dor; a dor do mundo, da Igreja, são minhas, eu quero esta dor." Então somos Deus, somos o Amor.
E então, como já disse às focolarinas que estiveram aqui, quando também nos apresentamos... Vejam, todo este carregar-se, carregar-se, preencher-se de Jesus, amado desta maneira, de Jesus abandonado, amado desta maneira durante o dia inteiro, faz crescer, crescer, crescer a presença de Deus dentro, por isso, quando nos apresentamos num encontro, em outro lugar, a uma pessoa, agora entendo porque dizem de certas pessoas: "Assim que eu vi esta pessoa, me resolvi. Ela me disse poucas palavras na cruz e me passou tudo." E eu creio que seja justamente… como dissemos, pela realidade de Jesus no meio, porque a concórdia faz aumentar a caridade e a caridade… faz crescer entre nós a realidade de Deus, com Jesus abandonado cresce na alma a concórdia, o amor a Jesus abandonado, a ponto de sermos ele, faz crescer a realidade de Deus, e então o nosso ser cresce. Nós existimos, mas Deus é. Na nossa existência está presente o Ser, porque a Trindade habita na nossa alma em graça, quando vive em graça.
Esta plenitude de Deus aumenta, por isso diante das pessoas..., talvez nos vejam pelas costas, mas ficam tocadas e não sabemos o motivo, mas isso se verifica, se verifica. Então, podemos pensar - eu posso pensar - que, o fato de acumular esta concórdia com Jesus abandonado, faz crescer a caridade e a realidade de Deus dentro de nós.
Por isso devemos seguir em frente sempre sendo Deus, o Amor, porque Deus é Amor, e também agora Jesus, no Paraíso, é o Amor à direita do Pai: é Jesus triunfante.
Naturalmente ele passou pelo abandono, e nós devemos passar por todos os abandonos da nossa vida, de modo que a nossa noite, aquela noite que chega, não tenha escuridão e brilhe imediatamente o sol para ser o Amor, para ser Deus. Deste modo podemos servir a humanidade.
 […].


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