10 março 2020

Dois irmãos

Uma parábola simples em dois quadros: um “não” que se torna um “sim”; um “sim” que se torna um “não” (cf. Mt 21,28-32).
      Não é o falar que vale, e sim o fazer: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21).
      Mas não basta. A frase central de Jesus é: “Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus” (Mt 21,31). É sua linguagem, forte, sem meios-termos.
      Jesus não quer dizer que todos os pecadores entrarão no Reino de Deus e que nenhum fariseu, nenhum justo, conseguirá entrar. Suas palavras constatam uma situação de fato que, porém, continua a repetir-se, com o Batista, com Ele e assim por diante. No Evangelho, de um lado encontramos Mateus, Zaqueu, a Madalena, o bom ladrão; do outro, os fariseus, os sacerdotes, o jovem rico.
      O Reino de Deus é a nova realidade que Jesus nos veio trazer: sua maneira de pensar e de viver, a maneira de pensar e de viver de Deus, que também podemos chamar de “paraíso na terra”. Não no sentido de que tudo vai bem, que não há problemas e dores, mas que tudo é vivido – em nós e entre nós – na luz de Deus e com o olho e o coração de Deus.
      Jesus constata que os pecadores o entendem, se convertem e vivem como Ele. Os justos não: são “crentes incrédulos”, seguros de si mesmos e do próprio bom comportamento, fechados em relação a Jesus. Dizem “sim” a si mesmos e “não” a Ele, não escutam, são impermeáveis às suas palavras, a ponto de o “sim” deles (de justos) tornar-se um “não” à realidade do Reino; no final, não entram. Ser justo é uma riqueza e pode ser perigosa: “É mais fácil um camelo passar pelo fundo da agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” (Mc 10,25).

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