Todo dia passa e aqui logo anoitece.
Senhor, aceita a minha vida, todos os momentos que ainda tenho pela frente, antes que chegue a hora.
Não sei o que é, mas uma sensação de insatisfação amargura às vezes o meu instante. Talvez porque eu devesse ser toda arrebatada por ti, até a última raiz que me mantém presa não sei ainda a quê, mas que não está totalmente perdida em ti.
Este viver que é um viajar, este assentar-se ilusório na ordem que a vida promete por um instante e para o qual inadvertidamente se tende e que, tão logo alcançado, já ameaça virar tédio, talvez seja a vida.
Também Tu, até os trinta anos, embora cumprindo perfeitamente teus deveres de cada dia, olhavas mais longe, para a missão que te aguardava. E, quando saíste, foram uma corrida só aqueles três brevíssimos anos.
E Tu os passaste nas estradas reunindo discípulos, socorrendo doentes, semeando a palavra, encantando o povo. Era o movimento acelerado da Sabedoria que, crescendo em idade, edificava o Reino de Deus com celeridade crescente.
Chegaste ao patíbulo quase sem perceber. Atravessaste a passagem em poucas horas, entregando a Deus, por nós, o corpo e a alma.
Talvez esta incapacidade de capturar o presente que escapa e o fato de acabarmos sempre mergulhados no anoitecer sejam uma gota da tua vida em nós, aqui na terra.
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