11 fevereiro 2020

Amar e ser amado

De uma conferência telefônica
      Rocca di Papa, 26 de outubro de 1995

      Para confirmar mais uma vez a nossa espiritualidade coletiva, caiu-me nas mãos nestes últimos dias um livrinho que me foi indicado recentemente.
      É do bem-aventurado Balduíno, que viveu no século XII. Abade cisterciense, tornara-se bispo, depois primaz da Inglaterra e, em seguida, legado pontifício.
      Em seus escritos fala da necessidade de os monges não só viverem bem a solidão (“O beata solitudo o sola beatitudo”: “Ó feliz solidão, ó única felicidade”), mas também de pôr em prática a “comunhão” com os irmãos. […]
      Em tratados maravilhosos pouco conhecidos, ele afirma, entre outras coisas, que a caridade, que o Espírito Santo difundiu em nosso coração, tem uma exigência: chama para a reciprocidade quem a vive. De fato, diz ele: “Age sempre de modo que aquele que é amado ame, por sua vez”.
      Enfim, quem ama quer partilhar com o amado não só tudo o que possui (bens materiais e espirituais), mas também o próprio amor.
      Então, para o bem-aventurado Balduíno, existe o amor daquele que ama e procura a comunhão, que ele chama de “o amor da comunhão”; e a retribuição do amor por parte do amado, que faz nascer entre os dois a “comunhão do amor”.
      Portanto, há um amor da comunhão e a comunhão do amor.
      Realizar desde agora essa comunhão é predispor-se para a vida futura, no Céu, onde o amor mútuo será lei.
      A “comunhão do amor”, segundo ele, conduz à beatitude possível de experimentar na terra.
É a nossa experiência: trata-se da alegria da unidade, efeito do mútuo amor, que é vontade de Deus para todos nós.
      De fato, Jesus não disse apenas: “amai”, mas “amai-vos”; portanto, pediu um amor que vai e vem.
      O amor que Jesus trouxe à terra exige a reciprocidade, quer que se viva a “comunhão do amor”.

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