06 dezembro 2019

A pequena semente

Nunca viste numa estrada abandonada, mas acariciada pela primavera, despontar a tenra erva e reflorescer, sem cessar, a vida? Assim acontece com a humanidade que te circunda, se deixas de enxergá-la com o olhar da terra e a revigoras com o raio divino da caridade. O amor sobrenatural em tua alma é um sol, que não admite trégua ao reflorescer da vida. É uma vida, que é a pedra angular no teu ângulo de vida. Nada mais é preciso para soerguer o mundo, para restituí-lo a Deus. O dom da palavra, a fineza do trato, o lampejo da arte, o cabedal da cultura, a experiência dos anos, são dotes, certamente, que não se devem descurar. Mas, para o Reino eterno vale o que tem mais vida. É linda, e boa, e saborosa, e colorida, a fatia perfumada da maçã, mas, enterrada, morre e não deixa traço. A pequena semente, que não agrada ao paladar, insípida e insulsa, enterrada, produz novas maçãs. Assim a vida em Deus, a vida do cristão, o caminho incandescente da Igreja. Ela, alta e solene, apoia-se em seguidores de Cristo que os séculos disseram insensatos, tolos, loucos…; sobre as quais investiu a fúria do príncipe do mundo, para destruir deles qualquer vestígio.
Resistiram. O Pai os podou para que, presos à videira, dessem frutos abundantes; e os exaltou, gloriosos, no Reino da vida. Tu, eu, o leiteiro, o agricultor, o porteiro, o pescador, o operário, o camelô… E os outros todos, idealistas desiludidos, mães carregadas de pesos, noivos em vésperas de núpcias, velhinhas sem brilho à espera da morte, jovens vibrantes, todos… Todos são matéria-prima para a sociedade de Deus. Basta que haja neles um coração que mantenha alta, ereta, direcionada a Deus, a chama do amor.

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