De uma conferência telefônica
Rocca di Papa, 22 de setembro de 1994
A “comunhão de alma” deve ser feita entre nós para colocar em comum os bens espirituais que possuímos, e assim colaborar para a santificação do outro como para a nossa. Sabemos que: nós “somos” na medida em que “somos para os outros”.
Põe-se em comum tudo o que é belo e útil com vistas à santidade e, não por último, os frutos da nossa meditação. […]
[Com ela] confrontamo-nos todo dia com o nosso Ideal, por meio da leitura da Sagrada Escritura, de trechos da nossa espiritualidade, de escritos dos santos ou de documentos da Igreja apropriados para essa finalidade. Colocamo-nos na presença de Deus; consideramos o estado de nossa vida espiritual; deixamo-nos iluminar por um assunto ou outro que temos à frente; falamos com a Santíssima Trindade, com Jesus, ou o Pai, ou o Espírito Santo, ou então, com Maria, sobre tudo o que diz respeito à nossa alma; fazemos propósitos a serem postos em prática coerentemente.
Tudo isso é bom? É ótimo! E deve ser feito cada vez melhor, toda vez possivelmente com maior zelo.
Mas, o simples fazer meditação, até perfeitamente, ainda não é um princípio da nossa espiritualidade coletiva. […] Somos chamados a fazer render em proveito também dos outros o que Deus nos fez entender na meditação e o que foi o fruto dela. E isso é feito na “comunhão de alma”.
Então, é necessário estabelecer um tempo com os nossos irmãos ou as nossas irmãs para fazer isso. […] Serve de encorajamento lembrar que aquilo que não se comunica se perde; ao passo que aquilo que se doa volta reforçado à alma do doador, além de se tornar útil para os outros.
Um exemplo da “comunhão de alma” é nos dado por Maria diante da prima Isabel. No Magnificat, a Mãe de Jesus, a toda humilde, fala de si, daquilo que Deus operou nela, e faz isso para a glória de Deus. É evidente que entre ela e a prima já havia o amor mútuo, mas o Magnificat o corroborou.
O mesmo devemos fazer também nós, ficando atentos a que tudo sirva unicamente ao bem dos irmãos e que nada tenha a ver com a nossa vanglória.
Comecemos, então, a pôr em prática com regularidade esse segundo princípio da nossa espiritualidade. Essa comunhão espiritual sempre dará um novo impulso à nossa vida ideal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário