20 setembro 2019

A eucaristia

 Igreja é o Corpo de Cristo, é Cristo que continua. De que maneira a Eucaristia faz Igreja?

Para entender isso, é necessário verificar os efeitos da Eucaristia comparados aos efeitos de outros sacramentos.
Nos outros sacramentos, unimo-nos a Jesus por meio da graça especial existente em cada um. Por exemplo, o Batismo purifica o homem do pecado original e de outros pecados. Portanto, é o sacramento de um novo nascimento. Já o sacramento do Matrimônio dá a graça para viver a vida matrimonial unidos em Cristo.
O efeito da Eucaristia é diferente. Nela está o próprio Jesus e, consequentemente, é o próprio Jesus que entra em nós. E Ele em nós realiza algo muito grande: transforma-nos Nele. É extraordinário, mas é a realidade.
São Tomás de Aquino afirma: “O efeito próprio da Eucaristia é a transformação do homem em Deus” (Sent. IV, dist. 12, q. 2; a I), a sua divinização. Na Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja está escrito: “A participação do Corpo e Sangue de Cristo não faz outra coisa senão transformar-nos naquilo que tomamos” (n.26).
É diferente do alimento que comemos e que se transforma em nós. Acontece exatamente o contrário: somos nós que nos transformamos Nele. É como diz santo Alberto Magno: “Toda vez que duas coisas se unem, é a mais forte que vence. É a mais potente que transforma nela a mais fraca. Por isso, como esse alimento possui uma força mais poderosa do que aqueles que o recebem, transforma nele mesmo os que Dele se nutrem” (De Euch. 4, tr. 9, c 2 — B 29, 217).
Os Padres e os doutores da Igreja falam claramente: “Sob a aparência do pão foi-nos dado o Corpo, sob a aparência do vinho foi-nos dado o Sangue, para tornarmo-nos, tendo participado do Corpo e do Sangue de Cristo, ‘concorpóreos’ e ‘consanguíneos’ Dele” (Cirilo de Jerusalém, Cat. Myst. 4,3 — pg 33, 1100).
Como afirma Alberto Magno: “Nós nos tornamos ossos dos seus ossos, carne da sua carne, membros dos seus membros” (De Euch. 3, tr. 1, c 5 — B 38, 257). Não se trata de uma união física, mas de uma união das nossas pessoas com o corpo glorificado de Cristo presente na Eucaristia. Somos realmente concorpóreos, porém, num sentido novo, num sentido místico.
A Eucaristia, todavia, não produz apenas a transformação individual de cada cristão em Cristo, mas também, como verdadeiro sacramento de unidade, gera a unidade entre os homens, a comunhão entre os irmãos (irmãos em Jesus e irmãos uns dos outros). Ela realiza a família dos filhos de Deus.
Jesus, mediante a Eucaristia, une os cristãos a Ele mesmo e entre eles, formando um único corpo, dando vida à Igreja na sua essência mais profunda, onde ela se exprime como caridade, unidade, corpo de Cristo.
A Eucaristia faz Igreja, edifica realmente a Igreja. Essa é a maravilha que produz.

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