03 fevereiro 2019

Existe amor e amor


      Procurando amar a Deus e aos irmãos, compreendi que nós cristãos somos realmente o que devemos ser se amamos, ou seja, se não pensamos em nós mesmos, mas em Deus, em sua vontade, que é principalmente esta: que amemos o próximo.

      Deus nos pede isto: para sermos, para sermos de fato o que devemos ser, para nos “realizarmos” como cristãos, devemos “não ser”, devemos viver fora de nós, viver, por modo de dizer, “extáticos”. Viver não a nossa vontade, mas a de Deus. Viver o irmão. Então, somos realmente o que devemos ser.

      Eu também procurei viver desse modo, procurei amar. Mas percebi que existe amor e amor.

      Percebi que ter certa compreensão dos outros, interessar-se um pouco por seus sofrimentos, procurar carregar, de algum modo, seus problemas, enfim, amar mais ou menos, não basta para ser como Jesus quer. Deus pede um amor, atos de amor que, ao menos na intenção e na determinação, tenham a medida do seu amor: “Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 13,34).

      Portanto, é necessário estarmos sempre prontos a morrer pelo irmão. E tudo o que fizermos, momento por momento, para demonstrar-lhe concretamente nosso amor, deve ser animado, sustentado, por essa vontade, por essa determinação.

      Só um amor assim agrada a Jesus. Não um amor qualquer, não um verniz de amor, mas um amor tão grande a ponto de pôr nossa vida em jogo.

      Amando dessa maneira, vivemos completamente “fora de nós”, abdicamos inteiramente de nós mesmos. E se somos mais de um agindo assim, podemos esperar abdicar em favor do Ressuscitado, que poderá viver entre nós. De fato, Ele não se faz presente de modo total onde existe apenas um pouco de amor, mas onde estamos unidos em seu nome, ou seja, unidos Nele, de acordo com sua vontade, que é amar como Ele amou.

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