Sucede, frequentemente, que as almas sejam
atraídas pela ideia da santidade. E talvez seja mesmo a graça de
Deus que nela opera, suscitando este desejo.
A consideração da preciosidade de um santo, a
influência de sua personalidade em sua época, a revolução ampla e
continua que ele traz ao mundo, são amiúde os primeiros
combustíveis para alimentar a chama de semelhante desejo.
Mas, por vezes, a alma, que deste modo se sente
tão docemente atormentada, encontra-se diante dos santos como diante
de uma vala intransponível, ou de uma muralha invulnerável.
“O que fazer para ser santo? “ –
pergunta-se.
“Qual a medida, o sistema, os meios, o caminho?”
“Se eu soubesse que basta a penitência,
flagelar-me-ia de manhã à noite. Se viesse a saber que é preciso a
oração, dia e noite rezaria. Se fosse suficiente a pregação,
percorreria cidades e aldeias, sem dar-me trégua, anunciando a todos
a palavra de Deus... Mas não sei, não conheço o caminho.”
Cada santo tem sua fisionomia e distinguem-se uns
dos outros, como as mais variadas flores de um jardim...
Todavia, talvez haja um caminho válido para
todos. Talvez não seja preciso ir em busca da própria vocação,
nem traçar um plano, ou sonhar programas, mas abismar-nos no momento
que passa para cumprir naquele instante a vontade de Quem se disse
“Caminho” por excelência. O momento passado já não existe; o
momento futuro talvez jamais o tenhamos em nossas mãos. O certo é
que podemos amar a Deus no momento presente que nos é dado.
A santidade constrói-se no tempo. Ninguém
conhece a própria santidade, nem muitas vezes a dos outros, enquanto
estiver em vida. Somente quando a alma completou o seu percurso é
que revela ao mundo o desígnio que Deus tinha sobre ela.
A nós não resta senão construí-la, momento por
momento, correspondendo com todo o coração, com toda a alma, com
todas as forças, ao amor pessoal que Deus tem para conosco, como Pai
celeste, amor pleno, como a grandeza da caridade de um Deus.
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