06 agosto 2017

A unidade nos albores dos Focolares

28 de março de 1982

Nesta palestra, feita em Amsterdã no dia 28 de março de 1982, Chiara Lubich aprofunda um ponto fundamental da sua espiritualidade: a unidade, efeito visível e testemunho vivo do amor recíproco, inseparavelmente ligada à presença do Ressuscitado na comunidade. 

«O que é a unidade? Ah, é algo maravilhoso! Porque a unidade, aquela que Jesus pensa, quando diz: “amai-vos...” a ponto de morrer, também prontos a morrer um pelo outro, aquela unidade em virtude da qual Jesus diz: “Onde dois ou três estão reunidos, eu estou ali”, não é uma mistura de pessoas, não é um grupo de pessoas, Jesus está ali e este é o fato. A unidade manifesta, traz Jesus. Eu me lembro, encontrei algumas cartas dos primeiros tempos do Movimento, quando começávamos a viver assim e a experimentar a presença de Cristo entre nós. Era incrível! Porque nós nunca tínhamos experimentado isso antes; o nosso cristianismo era muito individual.

Vejam o que estava escrito ali, por exemplo:«
“Oh, a unidade, a unidade, que divina beleza! Quem terá a ousadia de falar dela? É inefável! Nós a sentimos, a vemos, regozijamo-nos com ela, mas é inefável. Todos se alegram com a sua presença, todos sofrem com a sua ausência. É paz, gáudio, amor, ardor, clima de heroísmo e de suma generosidade. É Jesus entre nós!”
Como se explica esta realidade?

Vejam, Jesus ressuscitado disse uma frase fabulosa: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos”. (cf Mt 28, 20). Ele disse que estará conosco todos os dias Mas onde está? Certamente, na Igreja, porque a Igreja é o corpo de Cristo; e de maneira especial com aqueles que anunciam o Evangelho, porque Jesus lhes disse; nós sabemos que Jesus, por exemplo, está especialmente presente na Eucaristia, está ali; Jesus está na sua Igreja e também na sua Palavra, por exemplo, as palavras de Jesus não são como as nossas, são uma presença de Jesus e nós, nutrindo-nos delas, nos nutrimos de Jesus. Jesus está com os sucessores dos Apóstolos, com os bispos. Está neles, fala através deles; Jesus está nos pobres por exemplo. Disse que está nos pobres, onde ele se esconde. Está em todos aqueles que sofrem. Mas Jesus disse também: “Onde dois ou três estão reunidos”, na comunidade, ele também está ali.

Eu percebi que o mundo hoje, que não acredita ou que acredita num modo diferente, é muito sensível a esta presença de Jesus. “Nisso conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes” (Jo 13,35). É uma forma importante para testemunhar Cristo hoje, porque, vejam, o que faz a unidade? Foi o que disse Paulo VI numa paróquia de Roma. A unidade gera Cristo no nosso meio. A unidade o exprime, o manifesta, o revela. Jesus não é uma realidade de vinte séculos atrás. Está na sua Igreja agora e repete para nós as suas palavras. Jesus é atual e a unidade é muito bonita por isso, pois o mostra. Tanto que Jesus disse: “Que sejam um para que o mundo creia”.

É assim. Por isso, o Movimento tentou, em todos esses anos, conservar viva esta presença de Jesus, do Ressuscitado entre nós. E nós atribuímos à sua presença esta difusão universal do Movimento. Foi ele que abriu caminho, que testemunhou o cristianismo.

Então, o que devemos fazer, que conclusão tirar desse dia?
Nestes dias eu tive a oportunidade de ter contato com muitos holandeses e admirei uma coisa que não encontro em outras nações: no coração desses holandeses vejo o amor que sentem pela Holanda e um grande amor pela sua Igreja. Então, o que faremos? É preciso que este amor se torne concreto. Vamos colocar a presença de Jesus ressuscitado nas nossas famílias, nas paróquias, em toda a parte, vivendo o amor recíproco, que era o segredo dos primeiros cristãos. E se o Ressuscitado está presente, qual é a consequência? Uma nova primavera e tudo ressurge. É o que desejo para vocês.
E quais serão os frutos desta presença de Jesus? Os mesmos que nós constatamos quando começamos o Movimento: uma grande alegria, paz, os frutos do Espírito. Os meus votos são estes: sair daqui tendo em seus corações um único desejo: “eu farei de tudo para que o Ressuscitado esteja no nosso meio!»


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