26 abril 2017

O coração da antropologia cristã

Da aula por ocasião da ortorga do título de doutora honoris causa em Teologia na Universidade de Santo Tomas

      Manila, 14 de janeiro de 1997

      Jesus, de fato – compreendemos então –, é o Verbo de Deus que se fez homem para ensinar aos homens a viverem segundo o modelo da vida trinitária, a vida que Ele vive no seio do Pai.

      Ele não se contentou em evidenciar e ligar estreitamente entre si os dois mandamentos centrais do Antigo Testamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento […]. Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37.39b). Mas ensina-nos o mandamento que Ele mesmo não hesita em definir como “seu” e “novo”, com o qual podemos viver a vida trinitária na terra: “Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (cf. Jo 13,34; 15,12).

      O mandamento do amor mútuo vivido segundo a medida do amor de Jesus por nós, até ao abandono que nos faz plenamente um com Ele, define – como sublinhou também o Concílio Vaticano II (cf. Gaudium et spes no 22 e 24) – a visão do homem que nos foi revelada por Jesus, o coração da antropologia cristã.

      Assim, quando vivemos o Mandamento Novo buscando acolher o dom da unidade em Jesus, que nos vem do Pai, a Vida da Trindade não é mais vivida somente na interioridade de cada pessoa, mas circula livremente entre os membros do Corpo Místico de Cristo.

      Ele pode, assim, tornar-se plenamente o que é pela graça da fé e dos sacramentos, sobretudo da Eucaristia: presença do Cristo ressuscitado na história, que revive em cada um dos seus discípulos e no meio deles.

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